Trabalho para quem é qualificado

• Em 2014, áreas como infraestrutura, e-commerce, energia, logística, TI, marketing, turismo e hotelaria vão abrir vagas: boa formação é essencial

Maíra Amorim (Email)

Em 2014, áreas como infraestrutura, e-commerce, energia, logística, TI, marketing, turismo e hotelaria vão abrir vagas: boa formação é essencial Arte/Cláudio Duarte

RIO — Profissionais qualificados e atualizados vão encontrar um cenário de boas oportunidades em 2014. É o que preveem especialistas, que apostam também nas áreas de infraestrutura, e-commerce, petróleo e gás, indústria naval, logística, marketing, tecnologia da informação, segurança do trabalho, turismo e hotelaria e aquelas ligadas ao esporte, como algumas das que mais devem abrir vagas de emprego neste ano que está começando.
— É importante fazer um alerta: as oportunidades existem para quem está atualizado. Porque não basta ter o diploma em uma dessas áreas para conseguir uma boa vaga. É necessário acompanhar as mudanças na sua área de formação e buscar evoluir continuamente, por meio de pós-graduações, certificações, workshops — destaca a professora de “Liderança e carreira” do Ibmec/RJ, Janaína Ferreira, acrescentando que também é possível se qualificar por meio da empresa. — Mas o profissional que, em um ano, não participa de nenhum curso ou workshop, já fica enferrujado e obsoleto.


E-commerce gera 180 mil empregos diretos
Segundo pesquisa feita pela consultoria Michael Page, que listou as dez profissões que estarão em alta em 2014, dois profissionais de marketing verão um mercado aquecido este ano: o que atua com marketing digital e com marketing e vendas. O primeiro em função do aumento de demanda no comércio varejista digital — e-commerce — e o segundo por conta do crescimento de segmentos relacionados à prestação de serviços, que envolvem vendas e pagamentos. O e-commerce, aliás, deve gerar 180 mil empregos diretos e 630 mil empregos indiretos, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM), que também estima que o país terá, em 2014, 45 mil lojas virtuais, contra 37 mil no ano passado.
— As áreas de operações e de gestão são as que mais vão ter oportunidades. Na operação, principalmente na parte de armazenagem, estoque, transporte, embalagem, programação e design, que são cargos de nível mais técnico. E também faltam gestores, que, além da visão técnica, tenham a visão administrativa e de gestão de equipes, como gestores de operação e gerentes de estoque, que são profissionais mais multidisciplinares — diz o presidente da ABCOMM, Maurício Salvador.
No segmento de tecnologia da informação, outra profissão que vai estar aquecida é a de cientista de dados, mais especificamente aquele que atua com big data, já que surgem cada vez mais novas aplicações das tecnologias de armazenamento de dados.
— Quem tem formação em ciências da computação, análise de sistemas ou estatística e, além do domínio da técnica, boa visão de negócios, vai ser bastante valorizado nesse mercado — avalia Janaína Ferreira.
Na lista da Michael Page aparecem também duas profissões ligadas às obras de infraestrutura, apontado como um setor que deve ficar ainda mais aquecido em 2014, o que se deve, entre outros motivos, à proximidade dos eventos esportivos. São elas: engenheiro de orçamento e engenheiro de segurança de trabalho.
Competências comportamentais em alta
— Inúmeras obras vão gerar oportunidades: obras rodoviárias, ferroviárias, portuárias, aeroportuárias, metroviárias e obras em usinas hidrelétricas e linhas de transmissão, além das obras para aumento da oferta de fibras óticas e banda larga. No Rio de Janeiro, especificamente, as obras do Porto, a Transcarioca, a Transolímpica, além das obras no Parque Olímpico — destaca a especialista em recursos humanos Jacqueline Resch.
Jacqueline lembra, também, que, além das competências técnicas específicas de cada segmento e cargo, as chamadas “competências comportamentais" serão, daqui para frente, cada vez mais um diferencial competitivo:
— Algumas das características comportamentais requeridas pelas empresas na atualidade são foco em resultados, trabalho em equipe, flexibilidade, análise e solução de problemas, inteligência emocional e inovação. Para cargos executivos, acrescente-se: orientação estratégica, liderança e tomada de decisão.

Veja também

Trabalho qualificado: atitude e idioma são diferenciais

• Nas áreas aquecidas destacam-se os profissionais que falam línguas e sabem liderar

Maíra Amorim

RIO — A pesquisa recente da Firjan, “O que falta ao trabalhador brasileiro”, descobriu que as habilidades de comunicação e relacionamento estão escassas no mercado nacional.
— As empresas sentem muita falta de características comportamentais — diz Hilda Alves, gerente de Pesquisa da Firjan, que diz que o reforço no ensino de matemática pode ajudar a formar profissionais com mais atitude. — É que, quando se aprende matemática, a habilidade de resolver problemas e desafios e de persistir é desenvolvida. Além disso, a questão do exemplo é fundamental: o profissional se espelha no comportamento do chefe ou do colega.

Fernando Mantovani, diretor da Robert Half no Brasil, ressalta que, além das habilidades técnicas e comportamentais, o domínio de idiomas — preferencialmente um além do inglês — será exigência em 2014.
— A demanda por candidatos qualificados, com boa formação, experiência e conhecimento de idiomas se manterá alta.
A gerente de pesquisa da Firjan lembra que.
— Mesmo quem já está empregado, se matricula para fazer cursos e se atualizar. É um setor muito exigente em termos de qualificação — destaca Hilda.
O aquecimento do segmento de óleo e gás motiva, também, o desenvolvimento da indústria naval, de segurança de trabalho e da área de logística — muito requerida não apenas para energia, mas para outras indústrias também.
— Na indústria naval, o crescimento se dará, principalmente, pelo setor petrolífero, impulsionado pelas descobertas no pré-sal, e também pela decisão do governo de impulsionar o transporte marítimo e fluvial, investindo em hidrovias e navegação de cabotagem — explica a especialista em recursos humanos Jacqueline Resch.
Já o setor de logística se aquece além das necessidades do petróleo, abrindo oportunidades para profissionais atuarem também, por exemplo, com o comércio eletrônico.

Eventos, turismo e esportes

Outro segmento em que falar bem inglês e outras línguas estrangeiras faz toda diferença é o de turismo e hotelaria, aquecido por conta dos grandes eventos esportivos, como a Copa, no meio do ano, e as Olimpíadas, daqui a dois anos. Eventos esses que também movimentam as áreas ligadas aos esportes.
— O turismo é uma vocação nacional, que se beneficia dos eventos internacionais. Assim como o esporte, que gera oportunidades por causa das competições, mas também em razão da valorização recente de modalidades como vôlei, atletismo e natação. Há cada vez mais uma cultura voltada para os esportes — acredita Janaína Ferreira.