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3.24.2014

Estudo revela que antidepressivo reboxetina é ineficaz

Depressão

Estudo europeu afirma que antidepressivo reboxetina é "ineficaz e perigoso"

O medicamento não é aprovado nos Estados Unidos, mas é livremente comercializado no Brasil

Pílula para depressão
(Creatas Images/Thinkstock)

Os cientistas não encontraram diferenças significativas quanto as benefícios da reboxetina em relação ao uso de placebo
O antidepressivo reboxetina é um medicamento "ineficaz e potencialmente perigoso", de acordo com estudo publicado na revista médica British Medical Journal. A mesma pesquisa indica também que quase 75% dos dados dos pacientes que se submeteram a testes clínicos com o reboxetina não foram publicados até agora, e que a informação divulgada superestima os benefícios do tratamento e subestima seus riscos. Isso ressalta a necessidade urgente de se divulgar os resultados obtidos nos testes clínicos, afirma o estudo.
Em muitos países europeus o uso do Reboxetina para o tratamento da depressão foi aprovado em 1997, mas sua eficácia foi posta em dúvida com base em estudos recentes e pela não-aprovação de seu uso nos Estados Unidos, em 2001, pelo FDA (órgão que regula alimentos e medicamentos). De acordo com o novo estudo, os resultados dos testes clínicos mostram que o uso do medicamento pode ser perigoso. "Os novos resultados mostram a importância dos estudos independentes. A informação trazida pelos próprios fabricantes pode conter um viés não muito verdadeiro", diz Marco Antônio Brasil, psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria.
No Brasil, o uso da droga é aceito e liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no tratamento de pacientes com depressão moderada a grave. Segundo o psiquiatra Ricardo Moreno, coordenador do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, o medicamento não costuma ser a primeira opção médica. "Ele é mais usado quando o paciente não responde muito bem às outras drogas", diz. No país, a reboxetina não se encontra no rol dos remédios mais usuais no tratamento da depressão. "Há mais de 30 compostos diferentes no mercado. As opções são muitas."
Uma equipe de pesquisadores do German Institute For Quality And Efficiency In Health Care (IQWIG) avaliou os benefícios e os riscos do Reboxetina, com base em um grupo de controle que recebeu o placebo e na comparação com outros famosos antidepressivos como o SSRI (inibidor seletivo da recaptação da serotonina).
Os pesquisadores também mediram o impacto de potenciais publicações tendenciosas nos testes clínicos com o reboxetina. A equipe de especialistas analisou as conclusões obtidas em 13 testes clínicos, entre eles oito realizados previamente pela fabricante do reboxetina, a farmacêutica Pfizer, cujos resultados não tinham sido divulgados.
Ineficaz e potencialmente perigoso — Em geral, a qualidade desses testes foi boa, mas os pesquisadores observaram que os resultados dos testes em 74% dos pacientes não haviam sido revelados. Após essa análise, eles concluíram que o Reboxetina é um antidepressivo ineficaz e potencialmente perigoso. 
Os cientistas não encontraram diferenças significativas quanto a seus benefícios em relação ao uso de placebo e observaram benefícios inferiores dessa medicação em comparação com o uso do SSRI. Além disso, observaram uma percentagem maior de pacientes afetados pelo uso deste medicamento em relação aos que tomaram o placebo. O número de pessoas que teve que parar de tomar o remédio por causa de reações adversas também foi maior no caso do reboxetina do que entre os que tomaram o placebo e o SSRI.
Após comparar os testes, os cientistas viram que a informação publicada antes supervalorizava os benefícios de seu uso e subestimava suas reações adversas. Este fato, segundo os autores do estudo, mostra a parcialidade da publicação. "Nosso estudo ressalta a necessidade urgente da publicação obrigatória dos dados dos testes clínicos", disseram. Em outra pesquisa publicada pela revista, os cientistas argumentam que as atuais regulações sobre a publicação de resultados de testes clínicos são "insuficientes".
Em um editorial escrito pelos pelas responsáveis da revista, Fiona Godlee e Elizabeth Loder, elas destacaram que na hora de decidir qual medicamento tomar "é vital que haja informação completa sobre testes clínicos com esses remédios e outros tratamentos realizados previamente".
(Com Agência EFE)

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