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3.28.2014

POLÍCIA CERCA BANDO QUE AGE NA MARÉ

Vania Cunha
Rio - Enquanto a Polícia Federal prendia o chefão do tráfico de 11 das 15 favelas do Complexo da Maré, Marcelo Santos das Dores, o Menor P, na quarta-feira, a Secretaria de Segurança Pública começava a caçada a comparsas dele em outras 30 comunidades. Três delas contam com Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) e as outras foram cercadas pela PM por tempo indeterminado. A medida é para tentar capturar criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP) e evitar novas alianças que levem pânico a outros bairros do Rio e a cidades da Região Metropolitana.

Menor P foi preso em seu apartamento duplex em Jacarepaguá por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal. Os policiais entraram pela cobertura e pela porta. Com oito mandados de prisão pendentes por tráfico, associação para o tráfico e homicídio, o acusado estava desarmado e não resistiu.

Foto:  Arte O Dia

As chamadas Operações de Ações Repressivas são realizadas com objetivos específicos: vasculhamento da área para reprimir qualquer tipo de crime; captura de criminosos; e revista de suspeitos e veículos. As ações estão sendo feitas desde as primeiras horas de quarta-feira por policiais dos batalhões das áreas onde estão localizadas as comunidades, consideradas prioridades para a Secretaria de Segurança, por terem sido identificadas como possíveis rotas de fuga dos bandidos da Maré.
Dos 27 locais que ainda não possuem UPPs, 19 são dominados pela facção criminosa Comando Vermelho (CV) e seis pelo Terceiro Comando Puro (TCP). Nos complexos do Lins, da Mangueirinha (Duque de Caxias) e do Caju, o reforço está por conta de policiais das Unidades de Polícia Pacificadoras vizinhas.

Policiais militares do Batalhão de Ações com Cães fizeram varredura ontem na Nova Holanda, na Maré: eles acharam drogas e carregadores
Foto:  Severino Silva

Ontem, a atenção da polícia também se voltou para comunidades da Ilha do Governador, principalmente a Boogie Woogie. Os setores de Inteligência receberam informações que integrantes das quadrilhas da Maré buscaram refúgio naquela comunidade, que amanheceu com barricadas em seus principais acessos. Na Nova Holanda, homens do Batalhão de Ações com Cães (BAC) apreenderam drogas e carregadores.
No início da madrugada de domingo, horas antes da ocupação da Maré, homens dos batalhões de Choque e de Grandes Eventos também farão operações em vias expressas, como Avenida Brasil e linhas Vermelha e Amarela. Enquanto isso, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), com apoio dos fuzileiros navais e de batalhões de área, estarão retomando as 15 comunidades do complexo. Por determinação da Secretaria de Segurança, os policiais que vão participar da operação não poderão usar mochilas, bolsas, entre outros. A ordem é para evitar que maus agentes fiquem com materiais apreendidos, o chamado ‘espólio de guerra’, como ocorreu no Complexo do Alemão, em 2010.
Vídeo:  Vídeo mostra momento da prisão do traficante Menor P

Menor P se escondia até em esgoto
A vida de Menor P era o luxo no lixo, segundo o delegado Fábio Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal (PF). Ele afirmou que o traficante não tinha ponto fixo na Maré e, para fugir da polícia, dormia em carros, na rua e até na rede de esgoto.
O superintendente regional da PF, Roberto Cordeiro, informou que a investigação durou um ano. Policiais identificaram o apartamento duplex, em Jacarepaguá, onde o traficante se esconderia e ficaram o dia inteiro esperando.

Menor P é conduzido por agente da Polícia Federal para viatura que o levou para o Complexo de Gericinó
Foto:  Reprodução TV

Menor P estava sozinho e não reagiu. O imóvel foi escolhido por estar em rota de fuga privilegiada. Desarmado e com R$ 4 mil, o traficante se mostrou prepotente ao corrigir um policial que perguntou se ele era o ‘de frente da Maré’. O acusado respondeu que era o ‘dono’. Ele foi transferido para Bangu 1. A Secretaria de Segurança vai pedir a transferência dele para um presídio federal. Ontem, a Justiça autorizou o pedido para a ida de Adair Marlon Duarte, o Aldair da Mangueira, para penitenciária federal. Ele é acusado dos confrontos antes da ocupação da Vila Kenned, em Bangu.
Colaborou Athos Moura e Felipe Freire

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