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4.18.2014

Emoções perigosas: Sexo com o ex? Porque não?


Um novo estudo aponta benefícios mas os especialistas alertam para os perigos


Sexo com o ex? Porque não?

Uma nova investigação internacional diz que ter relações sexuais com o(s) ex-companheiro(s) pode, afinal, ser saudável. Mas, cuidado, se ainda houver ligação afetiva, o melhor é não cair em tentação.

Os números não deixam dúvidas. A percentagem de homens e mulheres que se envolve sexualmente com o ex-companheiro não é assim tão pequena.

Num estudo recente realizado pela Universidade de Arizona, nos EUA, cerca de 82 por cento dos participantes disseram que mantiveram o contacto com o(a) ex-companheiro(a) e 21 por cento confessaram que tinham tido relações sexuais, após a separação. Mas o mais surpreendente é a conclusão dos cientistas que levaram a cabo a investigação. Segundo os investigadores, o sexo ocasional entre antigos casais aumenta a auto-estima e pode ajudar a aliviar a dor da separação.

Uma conclusão que não deixa de ser intrigante. Então, a proximidade inerente ao sexo não poderá dificultar o processo de luto, que é fundamental para uma separação saudável? Entrevistámos um especialista, habituado a acompanhar alguns casos de relacionamento pós-separação no seu consultório, e que nos diz quando podemos ceder à tentação e quando nos devemos (mesmo) manter longe da cama dos nossos ex-companheiros.

Quando é que se pode ceder?
O estudo da Universidade de Arizona, que envolveu 137 adultos com relações terminadas recentemente, concluiu que as pessoas que não conseguem ultrapassar o fim de um relacionamento têm menos qualidade de vida e que ao manter relações sexuais esporádicas com os antigos companheiros, aumentam a sua autoestima, sentindo-se, naturalmente, mais felizes. Para os investigadores, satisfazer o desejo sexual é uma parte importante no processo de luto, mesmo que seja com a pessoa que ainda se ama.

Os casais são assim incentivados a manter uma amizade colorida. Fernando Mesquita, psicólogo clínico e sexólogo, reconhece que o estudo tem algum ponto de verdade, no entanto, alerta que esta é uma conclusão perigosa e que não se pode generalizar. «Quando os encontros sexuais surgem após algum tempo, em que ambos os elementos do casal puderam fazer o luto da relação, é possível que ambos possam tirar algum proveito», refere o especialista.

«O sexo casual, com um ex, pode ser bastante excitante, pois além de saberem os desejos mútuos, acarreta a ideia de proibido que potencia a produção de adrenalina e apimenta a relação sexual», acrescenta ainda. Contudo, alerta que «é importante que os propósitos desses encontros sejam claros, para evitar que sofram. Caso contrário, no dia seguinte, podem surgir sentimentos de culpa ou incerteza».

Quando é que se deve resistir?
Se ainda pensa muito no seu ex-companheiro e sente que ainda nutre algum sentimento especial por ele, quer dizer que, muito provavelmente, ainda não conseguiu esquecê-lo. E, nesses casos, o melhor é resistir à tentação e colocar a razão à frente do impulso. O sexólogo alerta que o risco de vir a sofrer, após uma noite de sexo com o ex é ainda maior quando ainda não fez o luto da relação, «pois pode comprometer a estabilidade emocional e criar falsas expectativas de uma reconciliação».

Segundo o especialista, esta atitude também pode ser «reflexo de uma baixa auto-estima, receio de se aventurar em conhecer novas pessoas, por comodidade ou insegurança, e medo de não conseguir superar a separação». O coordenador da investigação da Universidade de Arizona, Ashley Mason, também reconhece que manter esta relação de proximidade entre ex-companheiros pode impedir que outras pessoas se aproximem, impossibilitando o surgimento de uma nova relação.

Não caia numa relação iôiô
Alguns reencontros com o ex-companheiro podem acabar em relações iôiô que ora recomeçam, ora terminam. E esta parece ser uma tendência em crescimento. Num outro estudo norte-americano que analisou os padrões de relacionamento daqueles que classificaram como sendo os adultos emergentes (adolescentes e jovens adultos), os investigadores concluíram que 44 por cento daqueles que estavam num relacionamento romântico, nos últimos dois anos, tinham tentado, pelo menos, uma reconciliação com o ex-parceiro.

«Acaba por ser um ciclo vicioso e uma situação injusta para um novo relacionamento», alerta Fernando Mesquita. «Algumas novas relações não resistem e terminam, dando espaço para o reencontro entre os ex que, uma vez que não amadureceram ou trabalharam as questões que os afastaram, acabam por cair no mesmo ciclo», explica o especialista.
As relações pós divórcio
As recaídos não acontecem só na fase de namoro e existem casais, mesmo depois de divorciados, que voltam a envolver-se. «O aumento crescente do número de divórcios, nos últimos vinte anos, também fez aumentar, naturalmente, os relacionamentos pós-divórcio», refere Nuno Amado, psicólogo clínico, especialista em psicologia do amor.

Num ex-casal, há muitos fatores envolvidos que são favoráveis à reaproximação, segundo este especialista. «Houve uma altura da vida em que estiveram muito atraídos um pelo outro. Por outro lado, a mudança que o divórcio acaba por desencadear (muitos passam a ver a vida de outra forma) e as experiências amorosas mal-sucedidas, na fase pós-divórcio, podem fazer valorizar os parceiros anteriores».
2 testemunhos surpreendentes
«Oito meses depois, reencontramo-nos e acabámos na minha cama. Nunca tinha tido tanto prazer com ele», dasabafa Sara (nome fictício) de 27 anos. «Sempre valorizámos o diálogo e a honestidade e, por isso, tivemos uma separação saudável. Mantivemos o contacto e alguns encontros regulares, como amigos. A questão da separação estava bem resolvida e ambos sabíamos que o melhor era seguirmos caminhos separados», recorda.

Mas houve um dia em que o desejo falou mais alto. «Oito meses depois de termos terminado e minutos depois de uma conversa ao telefone, ele apareceu em minha casa e acabámos na minha cama. Por incrível que pareça, nunca tinha tido tanto prazer. Foi a prova de que a velha máxima de que o fruto proibido é o mais apetecido faz mesmo sentido», refere ainda.

«Tive medo do que poderia vir a sentir mas, a verdade, é que não fui invadida por nenhum sentimento negativo. Pelo contrário, acordei mais bem-disposta, bonita e confiante. Sempre soube que aquela noite se resumia simplesmente aquilo: a um momento de puro prazer sexual e nada mais. Hoje, continuamos amigos, mas sem encontros sexuais, porque percebemos que esta era uma situação que não podia ser prolongada», diz.

Cristina, 31 anos, também voltou a cair em tentação. «Para mim, ele era uma história mal resolvida e ter voltado a estar com ele tranquilizou-me», afiança hoje. «Desde que terminámos sempre tentei uma reaproximação, mas ele mantinha uma postura irritante do dá e tira. Sou persistente e acabámos por marcar um encontro. A sedução, os jogos de palavras e metáforas, a dança à meia-luz... Tudo estava perfeito naquela noite», relembra.

«Acabámos por fazer amor e foi óptimo como sempre. Era ele. E continuava a conhecer e a explorar o meu corpo como ninguém, mesmo depois de quase três anos afastados. Para mim, ele era uma história mal resolvida e ter voltado a estar com ele tranquilizou-me. Eu, que tinha aquela imagem dele como o melhor homem do mundo, percebi que afinal só o via dessa forma porque o amava de mais», sublinha.

«A imagem do homem que eu comparava a todos os outros e que saía sempre a ganhar desmistificou-se. Além disso, aquela noite melhorou a minha autoestima porque mal o beijei percebi que ainda mexia com ele. Desde aquela noite temos mantido algum contacto. Claro que gostava que reconquistássemos o que perdemos, mas não estou com muitas ilusões», conclui.
Texto: Sofia Cardoso com Fernando Mesquita (psicólogo clínico e sexólogo na Clínica Psicronos)

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