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4.10.2014

Morte súbita atinge de 250 mil a 300 mil por ano no Brasil

Congresso de Cardiologia no Rio vai discutir prevenção de insuficiência cardíaca e desfibriladores em estádios na Copa

Viviane Nogueira

Mortes como a do jogador do Benfica Miklos Feher, durante um jogo da Liga Portuguesa, em janeiro de 2004 podem ser evitadas
Foto: Paulo Esteves / Reuters
Mortes como a do jogador do Benfica Miklos Feher, durante um jogo da Liga Portuguesa, em janeiro de 2004 podem ser evitadas Paulo Esteves / Reuters
RIO - O 31º Congresso de Cardiologia da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj) vai discutir, desta quarta a 12 de abril, a saúde do coração. Entre os temas, novos anticoagulantes para tratar a fibrilação atrial, stent bioabsorvível, e uma pesquisa que mostra que, no Brasil, a morte súbita por insuficiência cardíaca mata de 250 mil a 300 mil pessoas por ano. Hoje já há como detectar pacientes de risco alto e reverter o quadro com desfibriladores portáteis, dispositivos fundamentais em estádios por exemplo, neste ano de Copa do Mundo.
- São números calculados com base nos óbitos em hospitais de pacientes portadores de insuficiência, que sofreram infarto ou outras cardiopatias - explica a presidente da Socerj, Olga Ferreira de Souza. - Quem tem doença cardíaca, não sabe, e faz exercícios sem acompanhamento pode ter arritmia. Essa arritmia pode causar morte súbita, por isso a avaliação médica antes de ingressar na academia é tão importante.
Hoje, no Brasil, a lei estabelece que a instalação de desfibriladores automáticos externos (DAE) é obrigatória em lugares de grande circulação de pessoas, como aeroportos, estações de metrô e estádios de futebol. O aparelho é capaz de identificar o ritmo cardíaco e consegue reverter a parada cardíaca, que em 85% dos casos é causada por arritmia.
- O DEA consegue reverter na maioria dos casos, mas eu nunca vi em shopping por exemplo, e o objetivo é que esteja bastante visível - alerta a médica.
Também será apresentada no congresso uma análise preliminar da conclusão do estudo chamado “Brazilian Registry of Acute Heart Failure” (Breathe), coordenado pelo departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Segundo o presidente do Congresso, Denilson Campos de Albuquerque, o levantamento feito com 1.263 pesoas em 57 centros brasileiros de 17 estados mostrou que o índice de mortalidade ainda no hospital, depois do atendimento a um paciente com insuficiência cardíaca é de 12,5% dos casos - nos EUA é de 4,2% e na Europa, 6,7%.
- As causas para esse alto índice no Brasil vão desde a falta de conhecimento do paciente, que não sabe que não pode comer tanto sal nem parar de tomar os medicamentos até a demora para ir ao hospital procurar ajuda - afirma Albuquerque. - Antes dessa pesquisa não tínhamos dados do Brasil, mas já estamos vivendo uma epidemia porque nossa população está mais idosa.
Entre outros dados mostrados pela pesquisa, 60% dos pacientes são mulheres, com elevado potencial de diabetes (34%) e que apresentam elevadas taxas de reinternação hospitalar: em três meses, de 26%, e em seis meses, de 23,8%.

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