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4.15.2014

Pasadena era necessária para ampliar parque de refino, diz Graça Foster

 IG

De acordo com a presidenta da Petrobras, conselho aprovou a compra dos 50% da refinaria de Pasadena sem saber de cláusula que poderia obrigar a compra dos 50% restantes

A presidente da Petrobras, Graça Foster, abriu a audiência pública no Senado, na manhã desta terça-feira (15), justificando a compra da refinaria de Pesadena, nos Estados Unidos. Segundo ela, o planejamento da compra foi feito numa época em que era necessário ampliar o parque de refino da empresa para processar principalmente o óleo pesado extraído do Campo de Marlin.
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Agência Senado
Graça Foster e o senador Lindbergh Farias, presidente da CAE e da reunião conjunta desta terça
De acordo com Graça, o óleo pesado vale menos e é preciso agregar valor ao produto, o que requer uma refinaria mais complexa.
"Seria interessante refinar esse petróleo fora. A orientação era expandir a capacidade de refino em sintonia com mercados locais. Tínhamos que agregar valor ao óleo pesado", afirmou. A executiva lembrou que a refinaria americana está no maior mercado consumidor de gasolina no mundo, que é os Estados Unidos, onde são consumidos 8,5 milhões de barris por dia. O Brasil consome 736 mil; o Japão, 1 milhão.
Graça reconheceu que a compra de refinaria foi bom no início, mas que se transformou em um projeto de baixa possibilidade de retorno. "Hoje, olhando aqueles dados, não foi um bom negócio, não pode ser um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil." Segundo ela, o prejuízo para a Petrobras com aquisição da refinaria foi US$ 530 milhões.
A executiva admitiu que em fevereiro de 2006 houve falhas por parte da direção da área internacional da empresa, ao apresentar o projeto ao Conselho de Administração da estatal, que autorizou a compra de 50% da refinaria.
“Em nenhum momento no resumo executivo, na apresentação de PowerPoint feita pela direção da área internacional à época foram citadas duas condições muito importantes: não se falou da Cláusula de Put Option no resumo executivo, nem na apresentação de PowerPoint e também não se falou da Cláusula de Marlim”, admitiu.
Conselho de Administração da Petrobras aprovou a compra de 50% de uma refinaria e não houve, nesses dois documentos, nenhuma citação à intenção e à obrigatoriedade de compra dos 50% remanescentes. “Esse foi o trabalho feito. Um resumo executivo, sem citação dessas duas cláusulas contratuais completamente importantes. O valor autorizado pelo Conselho de Administração foi US$359.285.714,30. Essa foi tão somente a aprovação feita”, ressaltou.
Responsabilizando a área internacional da empresa pela falha, Graça afirmou que quando uma apresentação é feita para o Conselho de Administração, quando se trata de resumo executivo, ele deve conter todas as informações necessárias e suficientes para a devida avaliação do que se pretende fazer. “Além disso, é obrigação de quem leva para a Diretoria apontar os pontos fracos e frágeis da operação. Não há operação 100% segura. Não existe isso, imagino, em nenhuma atividade comercial e, certamente, não existe na indústria de petróleo e gás”, destacou.
O negócio da Petrobras nos Estados Unidos foi questionado porque, em 2006, a companhia pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria de Pasadena, um valor bem superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões. Dois anos depois, uma decisão judicial obrigou a estatal brasileira a adquirir os outros 50% por mais de US$ 800 milhões.
Desde que vieram à tona as denúncias de que houve superfaturamento na compra da refinaria pela estatal brasileira, esta é a primeira vez que uma autoridade do governo foi oficialmente ao Congresso falar sobre o assunto.
* Com Agência Senado, Agência Brasil e Reuters

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