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4.09.2014

Sinais de infarto podem surgir com semanas de antecedência

Juliana Conte Coração-1_sablamek_iStock_Destaque-1_2
A morte do ator José Wilker, 69 anos, vítima de um infarto ocorrido no último sábado (05/04/2014), levantou a seguinte questão: antes de parar de funcionar de vez, o coração não emite nenhum sinal? Segundo o cardiologista Marcelo Cantarelli, coordenador da campanha “Coração Alerta”, ao conversar com familiares muitas vezes descobre-se que a pessoa se queixou de queimação no estômago ou dor nas costas dias antes do ataque, mas que na ocasião o problema passou e não foi levado muito a sério. É aí que mora o problema.
Coração Alerta: Quais são os sinais mais típicos de que o coração não está bem?
Marcelo Cantarelli: Normalmente, entre uma ou até duas semanas a pessoa apresenta alguns sintomas para os quais ela não vai dar muita bola, pois são passageiros, como uma angina leve. É muito comum indivíduos sentirem dor no estômago, sensação de enjoo e mal-estar. A pessoa pode até ir ao pronto-socorro, ser medicada, mas dificilmente vai associar a um caso de infarto. Então, alguns dias depois ela acaba infartando. Portanto, a dica é ficar atento, pois se é algo que você nunca sentiu talvez seja necessário investigar. Procure um médico para saber se o seu coração está bem, pois esses sintomas podem indicar que o músculo cardíaco não está recebendo sangue de maneira adequada.
Coração Alerta: Qual a diferença entre um infarto fulminante e um “comum”? Marcelo Cantarelli: Infarto fulminante é um termo criado justamente para designar o infarto agudo do miocárdio, ou seja, quando o indivíduo não consegue um atendimento rápido, emergencial, e morre antes de chegar ao hospital.
Nesses casos, eles são infartos que entopem o início da coronária, na região do tronco onde nascem as artérias. Imagine as artérias como os galhos de uma árvore. Se cortamos a raiz, o estrago é enorme e a árvore pode morrer. Agora, se cortarmos algumas ramificações, o problema pode ser revertido. São entupimentos importantes, que podem desencadear uma arritmia fatal. Se essa arritmia aparecer muito precocemente, o coração simplesmente para e, se o músculo não for reanimado, o coração pode não voltar. Por isso chamamos de “fulminante”.
No “comum”, se podemos assim dizer, a obstrução existe, mas pode não ser tão grave quanto a do fulminante, já que acomete uma artéria mas o coração ainda é irrigado por outras. Por algum motivo, a placa de gordura presente na parede dessa artéria se rompe. Para tentar “fechar” essa rachadura que se formou no vaso, elementos do sangue começam a se juntar na artéria, formando coágulos que impedirão a passagem do próprio sangue e aumentando a obstrução. O indivíduo pode sentir um dor no peito, que se irradia pelo braço. É o sintoma mais clássico. Quando a artéria se fecha de vez, acontece o infarto e deve-se correr imediatamente para o hospital.

Coração Alerta: Como dores tão diferentes (queimação, dor nas costas) podem sugerir um infarto?
Marcelo Cantarelli: O coração é um órgão tridimensional. Ele está apoiado sobre o diafragma, então encosta um pouquinho na parte de trás e da frente do nosso tórax. Dependendo da parede do coração que está sofrendo infarto (da frente, de baixo, de trás), o sintoma sentido pode ser diferente. Além disso, a dor pode irradiar  e ir para o braço, subir para o pescoço. Outro fator que influencia é que o cérebro pode decodificar a dor como se ela viesse de outro órgão cuja inervação passa próximo do coração.

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