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4.28.2014

Superou limites: Ayrton Senna

Meu Poema para Ayrton Senna


Nas estrada sinuosas vi meu destino, Meu pai me disse: "filho, supere seus limites !" 
No inconsciente gravei: "Viva rápido, morra jovem !!!!" 
...e a morte foi minha companheira; ela nasceu comigo ...e correu comigo! 
Venceu curvas e superou limites, 
Travestida de belíssima ninfa, de alvíssimas vestes, 
Que com um misto de ternura e cinismo me convidava a desafiá-la. 
E sob essa estrela acumulei vitórias, 
E sob o signo de Alexandre, ganhei o mundo, 
Mas serei vencido por um muro, 
Assim como o macedônico foi vencido pela febre. 
Mas a multidão anônima não acreditará, pois seus heróis não podem ou não devem morrer; 
E quando minha ausência se fizer firme como meus troféus na estante, 
Lágrimas quentes das amantes abençoarão a TV, 
Não entendendo elas que a Morte as substituiu, 
E amparado em seus braços e seios de ninfa, 
Penetrando em suas entranhas, lhe provarei o supremo orgasmo. 
Ponho o capacete e acelero a máquina que me levará a uma viagem sem retorno, 
Estou no asfalto - duzentos quilômetros por hora! 
Sinto-me livre, mas estou preso aos limites da estrada, 
Ao circulo vicioso das curvas como a alma humana está presa ao círculo vicioso das reencarnações. 
E só aqueles que superam seus limites vencem esse círculo, 
E transformam numa reta as curvas sinuosas do destino. 
Firme piso no acelerador e supero mais uma curva, Agora são 250 quilômetros por hora !!!! 
Meu gólgota e minha cruz me esperam... ...em Imola me imolei !!!! 
E tomo do cálice, pois no vinho do sacrifício há mel dulcificante. 
E no êxtase máximo do passamento tomarei a morte em meus braços, 
E nos promiscuiremos nos alvos lençóis do etéreo como amantes que há muito se procurassem, 
E derramarei meu sêmem no espaço! 
Acelero ainda mais: 300 quilômetros por hora! 
É chegado o momento da morte da semente nas entranhas da terra para gerar vida !!! 
E o muro que me aguarda são os braços ciclópicos dos moinhos que venceram Don Quixote; 
E eis que a curva traiçoeira do destino se transforma numa reta! 
Já posso ver o muro mais adiante! É questão apenas de segundos... 

A morte, belíssima ninfa, vestes alvíssimas, como noiva ataviada abre os braços e me sorri. 

"Doce companheira que esperei por toda vida, 
Receba-me em seus braços, ampara-me, 
Deixa-me repousar a cabeça dolorida em seus ombros." 

E enquanto meu corpo de carne se desagrega, 
O infinito se abre diante de mim 
Como estrada imorredoura, contínua, reta, 
Para os desafios de uma eterna Pole Position.
 
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