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4.09.2014

Teste que detecta HPV pode ser aliado de papanicolau contra câncer

Para comitê americano, teste deve ser ferramenta primária de rastreamento.
Exame detecta DNA dos dois tipos de HPV mais relacionados ao câncer.

Mariana Lenharo Do G1, em São Paulo
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A agência americana que regulamenta os medicamentos nos EUA (FDA) está avaliando a recomendação de um comitê consultivo federal para que um teste capaz de detectar os tipos mais nocivos de HPV passe a ser o método de rastreamento primário para câncer de colo de útero. Se seguidas as recomendações do comitê, o teste passará a ser, nos Estados Unidos, a principal ferramenta de detecção precoce do HPV, à frente do papanicolau.

No Brasil, esse tipo de teste já está disponível, porém especialistas afirmam que ele não deve substituir o papanicolau, mas sim complementar seus resultados.
A principal vantagem do teste molecular – capaz de identificar o DNA dos dois tipos de HPV mais comumente associados ao câncer – é a obtenção de resultados mais precisos. “Esses testes biomoleculares cobririam uma lacuna de sensibilidade do teste de citologia do papanicolau”, diz a ginecologista Marcia Fuzaro Terra Cardial, professora da Faculdade de Medicina do ABC.
O papanicolau não identifica o vírus em si, mas alterações nas células do colo do útero que podem indicar lesões pré-cancerosas ocasionadas pelo vírus.
Segundo o ginecologista José Antônio Marques, da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), o papanicolau está sujeito à obtenção de falsos negativos, pois depende de grande precisão técnica de quem o executa. “Tem que colher de um certo jeito, tem uma maneira correta de preparar a lâmina e de analisá-la”, diz Marques. “Cada vez menos formam-se especialistas para analisar lâminas em grandes quantidades. Alguém tem que olhar essas lâminas e isso é um problema.”
Já o teste de HPV, por ser totalmente automatizado, garante uma precisão maior. Por outro lado, um resultado positivo para a presença do HPV não quer dizer que a paciente esteja doente.
“É importante não se assustar se o resultado for positivo. Isso só determina que a mulher deva ser acompanhada anualmente para ver se aparece algum tipo de lesão no colo do útero. Ela deve ser acompanhada com mais rigor, mas sem desespero”, diz Marcia. A partir de um resultado positivo, o médico pode recomendar uma colposcopia, exame que rastreia o colo do útero à procura de lesões precursoras do câncer.
A médica dá um exemplo de um caso em que o teste do HPV foi bem sucedido em detectar um caso que o papanicolau por si só teria deixado passar. Uma de suas pacientes, de 30 anos, teve o teste de HPV positivo e o Papanicolau negativo (os dois exames podem ser pedidos simultaneamente). A colposcopia, pedida posteriormente, identificou uma lesão minúscula no colo que o Papanicolau não havia pegado. Isso permitiu um tratamento bem mais precoce.
Se o exame de HPV der negativo, a mulher pode ficar de três a cinco anos sem precisar fazer esse tipo de teste.

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