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5.01.2014

FERTILIDADE MASCULINA DIMINUI 1,9% AO ANO


Fertilidade masculina diminui 1,9% ao ano
Estudo revela que dificuldade de fertilização está se tornando cada vez mais comum.

Dizer que os homens de hoje não são como os de antigamente parece brincadeira. Mas, pesquisadores franceses que monitoraram quase 27 mil homens entre os anos 1989 e 2005, com idade entre 18 e 70 anos, chegaram à conclusão de que a produção de espermatozoides de hoje em dia é um terço menor que há de 20 anos atrás. Em média, há uma queda na produção de espermatozoides de 1,9% ao ano. 
De acordo com a epidemiologista Joelle Le Moal, responsável pela pesquisa, outro achado significativo diz respeito à diminuição também em um terço dos espermatozoides normais. Os resultados revelam um grave problema de saúde pública e desafiam a sociedade e os governos a lidar melhor com as mudanças climáticas. “Ainda não sabemos o porquê, mas está claro que se trata de uma combinação de fatores como maior exposição à poluição e agentes químicos, além de uma dieta rica em gordura, entre outros.”
Na opinião de Edson Borges Junior, especialista em Reprodução Assistida e diretor do Grupo Fertility (SP), é importante ressaltar que a população masculina vem sentindo as consequências do meio ambiente desde antes mesmo de nascer. 
“As mulheres também estão expostas aos mesmos fatores agressivos à saúde. Gestantes que comem muita carne vermelha (rica em substâncias químicas potencialmente prejudiciais), por exemplo, comprovadamente exercem influência negativa sobre a futura fertilidade de um bebê do sexo masculino. Estudos comprovam que fetos masculinos intrauterinos expostos a altos níveis de compostos estrogênicos ou antiandrogênicos podem apresentar alterações no desenvolvimento de todos os tipos principais de células dentro do testículo, levando à deficiência da qualidade do esperma”, ressalta.
Para ele, “a saúde e a fertilidade das futuras gerações estão em risco”, alerta o especialista. Essa é a conclusão, inclusive, do primeiro estudo do gênero realizado no Brasil. A partir da análise de 2.300 amostras de sêmen fornecidas por pacientes que recorreram ao tratamento de fertilização assistida nos períodos de 2000-2002 e 2010-2012, foi possível registrar diferenças estatisticamente significativas nas características seminais dos indivíduos analisados, principalmente em relação à concentração de espermatozoides e à sua morfologia. 
Borges revela dados importantes: “Nossa pesquisa mostrou uma queda de mais da metade do número de espermatozoides produzidos, assim como uma diminuição importante na porcentagem de espermatozoides normais (de 4,6% para 2,7%). Outro resultado também surpreendeu: dobrou o número de homens com azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no ejaculado”. 
Para o especialista, esses dados mostram claramente que a qualidade do sêmen humano está se deteriorando ao longo dos anos. “É fundamental encontrar e reduzir os agentes que estão causando esse declínio da fertilidade masculina. Mas, já é possível afirmar que o aumento da frequência de anomalias reprodutivas masculinas reflete os efeitos adversos dos fatores ambientais ou de estilo de vida: maior exposição a agentes ocupacionais e ambientais, medicamentos, doenças sexualmente transmissíveis e maus hábitos nutricionais, entre outros fatores a serem investigados.” 
Um fator social que também tem contribuído bastante para dificultar uma gravidez dentro dos padrões normais, ou seja, dentro do período de um ano com tentativas regulares, é o estresse. “O estresse é um fator crítico que precisa ser controlado inclusive durante o tratamento de fertilização in vitro para não interferir negativamente no processo. Seja por motivos sociais, ambientais ou outros, vale ressaltar que os homens devem ser os primeiros interessados em conhecer a causa de sua infertilidade. Afinal, com tanta tecnologia e metodologia disponíveis na Medicina Reprodutiva, as chances de reverter qualquer problema que o esteja impedindo de ser pai são bastante consideráveis.”

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