Em 15 dias, 900 imigrantes
chegaram à cidade. Haddad afirma que não há dificuldade em integrar
estrangeiros, desde que vinda seja organizada, e secretaria destaca alta
capacitação de profissionais
por Gisele Brito, da RBA
publicado
05/05/2014 13:47,
última modificação
05/05/2014 13:53
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Luiz Guadagnoli/PrefeituraSP
Em visita aos haitianos, Haddad disse que não há problema em recebê-los, desde que de forma organizada
São Paulo – Desde que o
primeiro ônibus pago pelo governo do Acre chegou a São Paulo, há 15
dias, pouco mais de 900 imigrantes haitianos passaram pela Igreja Nossa
Senhora da Paz, na rua do Glicério, na região central da cidade. Na
manhã de hoje (5), o prefeito Fernando Haddad, em visita ao local,
informou que nesta terça-feira (6) irá se reunir com o embaixador do
Haiti no Brasil para buscar medidas que organizem o fluxo.
Outra iniciativa para atenuar a situação é uma reunião que ocorrerá ainda hoje entre os secretários municipais de Direitos Humanos, Rogério Sottili e de Governo,
Chico Macena, com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em
Brasília. Também participarão representantes do Ministério do
Desenvolvimento Social, da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República e da Casa Civil.
De acordo com Fernando Haddad, só no ano
passado,2.600 imigrantes haitianos chegaram a São Paulo, o que, na
visão dele, demonstra que a cidade não tem restrições para recebê-los,
desde que de maneira organizada.
A prefeitura, inclusive, irá abrir um centro de
acolhimento emergencial na rua do Glicério, com capacidade para 120
pessoas, que serão abrigadas em dois galpões alugados pela administração
municipal – um menor, para mulheres, e outro maior, para homens, que
são a maioria (a proporção é de 4 mulheres para cada 100 homens, segundo
a secretária de Assistência Social, Luciana Temer).
Para o prefeito, com o aquecimento da economia, não
há dificuldade de empregar o contingente. Sinal disso é que empresas de
vários lugares do estado já deram sinais de que pretendem promover
contratações que somam 400 pessoas. No entanto, a falta de documentação
mantém os haitianos dependentes de assistência social. “Tenho uma
reunião amanhã [terça] com o embaixador do Haiti para, eventualmente, ou
garantir que eles saiam do Acre já com a carteira de trabalho, ou que
haja um posto avançado na embaixada que possa providenciar a
documentação”, afirmou Haddad.
“Se o fluxo for estabilizado de comum acordo e as
condições de chegada estiverem previamente pactuadas, sobretudo a
questão da documentação, nós temos a impressão que, da mesma forma que
conseguimos nos organizar esta semana, não teremos problemas para dar
continuidade”, completou o prefeito.
'Elite'
Segundo o coordenador de políticas para imigrantes da
Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Paulo Illes, os haitianos que
chegaram à cidade fazem parte da “elite haitiana”, formada por
profissionais qualificados. “Também existem os mais pobres, mas a
maioria tem profissão ou curso superior”, explicou. Iles diz que a
viagem até o Brasil custa em média 5 mil dólares e que os haitianos,
hoje, são a comunidade que mais envia remessas para o exterior. Aqui,
entretanto, eles são recrutados para trabalhar como ajudantes em obras
ou outros trabalhos braçais. “Como eles sabem disso, chegam e dizem que
são pedreiros”, revela.
Representantes de empresas têm ido pessoalmente
recrutar homens no Glicério. Outros empreendimentos convocam para
realizar entrevistas por meio do Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT), que hoje, pela primeira vez, tinha vagas direcionadas especificamente para os haitianos.
Porém, muitos dos que esperavam na fila do
ônibus do CAT, estacionado no pátio da igreja, deixavam clara a
insatisfação com as vagas ofertadas. “Só tem trabalho para ajudante (de
pedreiro)”, reclamava o ceramista Davi Fabien, de 34 anos, que vive há
um mês de aluguel no bairro Utinga, em Santo André, na região do ABC
Paulista.
O eletricista Israel Cange, que vive há 4 anos no
Brasil e mora em Guarulhos, trabalhou na reforma do estádio do Engenhão,
no Rio de Janeiro, e do Mineirão, em Minas Gerais, nos dois como
“ajudante”, cargo que agora recusa. “Quando você chega, precisa trabalh
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