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5.29.2014

Relatório europeu alerta para o crescente consumo de metanfetamina e mefedrona

Drogas já estabelecidas, como heroína, cocaína e maconha estão estáveis ou em declínio, segundo documento anual do Centro de Monitoramento e Adição em Drogas Europeu

Oitenta e uma novas drogas químicas foram identificadas no ano passado, num total de cerca de 250 ao longo dos últimos quatro anos

O Globo
Com agências internacionais

Metanfetamina agora é injetada na Europa
Foto: Reprodução
Metanfetamina agora é injetada na Europa Reprodução
LISBOA - O Centro de Monitoramento e Adição em Drogas Europeu (EMCDDA, na sigla em inglês) publicou nesta terça-feira um relatório que alerta sobre a proliferação de novas substâncias psicoativas por todo o continente, com volume, diversidade e disponibilidade capazes de colocar as autoridades sob crescente pressão.
O Relatório Europeu Anual de Drogas identificou 81 novas drogas químicas no ano passado — nos 12 meses anteriores eram 73 — perfazendo um total de cerca de 250 ao longo dos últimos quatro anos.
As novas substâncias não são controladas pelo direito internacional, são vendidas pela Internet e tentam imitar os efeitos de drogas controladas, como a cocaína ou LSD. Alguns são fabricados em laboratórios europeus clandestinos e são mais frequentemente importados da China e da Índia.
A agência, com sede em Portugal, informou ainda que o uso de drogas estabelecidos, como heroína, cocaína e maconha é globalmente estável ou em declínio.
De acordo com o relatório, há uma “evidência crescente” de que drogas como metanfetamina estejam sendo injetadas em vez de engolidas ou fumadas, o que aumenta os danos por causa dos riscos de infecção por HIV ou hepatite associados ao uso de agulhas. Os usuários também estão injetando mefedrona (derivado semissintético da catinona), conhecida como “miau miau” e frequentemente misturada a drogas mais potentes como a heroína. Os relatos de injeção de mefedrona vêm da Inglaterra.
“Isto inclui tanto usuários de outras drogas migrando para mefedrona, como novos usuários que nunca tinham injetado outras drogas. Os usuários de mefedrona são mais jovens que de outros grupos de drogas de alto risco”, diz o relatório.
Há ainda preocupação com uma tendência de uso da droga pela comunidade gay em festas “que podem durar de oito horas a três dias com a prática de sexo de risco, sem uso de preservativos e múltiplos parceiros — uma moda que começou na França e na Inglaterra mas está se disseminando”.
O relatório revela que a taxa média de mortalidade por overdose por todas as drogas foi de 38,3% por milhão de pessoas na Inglaterra, duas vezes maior que a média europeia de 17 por milhão. Mesmo assim a morte por drogas no país está em declínio: caiu de 2,569 em 2008 para 2,250 em 2011.
“Com o fluxo contínuo de novas substâncias psicoativas no mercado das drogas, há uma preocupação de que substâncias novas ou obscuras possam ter escapado da detecção”, alerta o relatório.
Segundo Ana Cecília Marques, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, o consumo deste tipo de drogas ainda não teve crescimento equivalente ao europeu, porém, deve ter um grande aumento nos próximos anos.
- Como toda indústria, as drogas possuem diferentes ondas no mercado. Já tivemos um tempo dos injetáveis nos anos 80 que deve voltar agora. O consumo de drogas derivadas da anfetamina no Brasil teve uma diminuição em 2010, quando as substâncias para sua fabricação foram proibidas, ocorreu um leve declínio mas logo depois voltou a subir - analisa a pesquisadora que afirma que o Brasil já foi avisado sobre o crescimento do consumo destas drogas - A Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes) já nos avisaram sobre esta onda. Duas vezes: uma em 2001 e outra recentemente. Infelizmente, o governo possui a advertência mas ainda não fez uma política de prevenção.
De acordo com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas, houve um crescimento no consumo de todas as drogas no Brasil no ano passado.

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