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6.26.2014

Detidos durante ato contra Copa em SP seguirão presos, decide juiz

Sandro Pacheco aceitou pedido do MP para determinar prisão preventiva.
Com decisão, eles podem seguir presos até recurso ou julgamento.

Kleber Tomaz Do G1 São Paulo
Rafael Lusvarghi (à esquerda) e Fábio Harano (à direita) foram presos na segunda-feira (23) suspeitos de serem black blocs  (Foto: Estadão Contéudo / Reprodução TV Globo)Rafael Lusvarghi (à esquerda) e Fábio Harano (à direita) foram presos na segunda. (Foto: Estadão Contéudo / Reprodução TV Globo)
O juiz Sandro Rafael Barbosa Pacheco decidiu nesta quinta-feira (26) que os manifestantes Rafael Marques Lusvarghi, de 29 anos, e Fábio Hideki Harano, de 26 anos, seguirão presos. O magistrado converteu a prisão em flagrante da dupla em prisão preventiva.
Rafael Lusvarghi e Fábio Harano estão presos desde segunda-feira (23) por suspeita de depredação durante ato contra a Copa em São Paulo. A dupla foi indiciada por cinco crimes: associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, incitação à violência, resistência e desobediência.
Com a decisão tomada na primeira instância da Justiça, os manifestantes podem seguir presos até que sejam julgados ou que um recurso seja apreciado. Em sua decisão, o juiz cita que a Defensoria Pública de São Paulo entrou na Justiça com um pedido de liberdade provisória.
Entretanto, de acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o juiz Sandro Pacheco optou apenas por apreciar e dar prosseguimento ao pedido do Ministério Público. Ele não divulgou análise específica para o pedido da Defensoria, segundo o TJ-SP.
Transferência
Rafael Lusvarghi, que é professor de inglês e assistente de help desk, e Fábio Harano, que é estudante e servidor da USP, foram transferidos na quarta-feira (25).

Como é ex-policial militar, Rafael Lusvarghi seguiu para uma cela do 8º Distrito Policial, Brás, na Zona Leste, por questões de segurança. Lá ficam ex-agentes do estado detidos. Se fosse para um presídio comum, ele correria o risco de ser agredido pelos demais presos que não toleram a convivência com ex-policiais.

Fábio Harano, que tinha sido levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste, acabou transferido para Tremembé, onde estão condenados de casos que tiveram repercussão. Nesta penitenciária estão, por exemplo, Alexandre Nardoni, preso pelo assassinato da filha Isabella; e Lindemberg Alves, que matou a ex-namorada Eloá Pimentel.
Prisão durante ato
A dupla foi detida na Avenida Paulista por suspeita de atuar como black blocs no final da manifestação de segunda. A Defensoria Pública nega que eles sejam adeptos da tática black bloc, que consiste em depredar o patrimônio público e privado como forma de protesto.

De acordo com os policiais que os prenderam, Rafael Lusvarghi teria sido filmado pelos agentes depredando uma banca de jornais e Fabio estaria portando coquetel molotov além de usar a internet para convocar manifestantes para ações de quebra-quebra.

No mesmo dia, um outro rapaz foi pego supostamente com maconha, mas foi liberado após ter sido autuado por porte de entorpecente.
Vídeos
Na sua página pessoal no Facebook o servidor público Lucas Lusvarghi postou link de matéria produzida por uma emissora polonesa que gravou o momento da prisão do seu irmão Rafael. “Dá para ver claramente pelo vídeo que ele não depredou nada e a prisão foi ilegal e abusiva”, criticou Lucas.

Nas imagens é possível ver um policial do Deic apontar uma arma para o alto e atirar. A Secretaria da Segurança Pública do estado de São Paulo (SSP), porém, avaliou que a conduta do agente foi legal e ele atirou como sinal de advertência para que os manifestantes abrissem espaço e não impedissem a prisão de Rafael.

Outros manifestantes que participaram do ato contra a Copa também tinham divulgado na internet vídeos que mostram a detenção de Fábio. Pelas imagens, o estudante é cercado por policiais e seguranças nas escadas de uma estação de metrô.

Ex-PM
Rafael é ex-policial militar de São Paulo. Segundo a corporação, ele serviu no período entre março de 2006 a julho de 2007, "quando pediu baixa" e foi desligado. O professor, que tem residência em Indaiatuba, interior do estado, já teria sido policial militar também no Pará, além de ter servido a Legião Estrangeira, na França, e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Ele ainda morou na Rússia.

Essa é a segunda prisão de Rafael. A primeira havia sido no dia 12 de junho durante ato anti-Copa, na Zona Leste. Naquela ocasião, ele enfrentou policiais militares durante protesto que tentava bloquear a Radial Leste.

Após ter sido solto, ele conversou com o G1 acusando a PM de truculência. Ficou com marcas de tiros de bala de borracha no peito e perna, escoriações nas mãos, braços e costas, e irritação nos olhos por causa do spray de pimenta que recebeu quando já estava dominado.
Homem atira para o alto durante protesto contra a Copa na Avenida Paulista, em São Paulo, SP, na tarde desta segunda-feira (23) (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)Homem atira para o alto durante protesto contra a Copa na Avenida Paulista, em São Paulo, SP, na tarde desta segunda-feira (23) (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)
SP copa protesto Paulista (Foto: Gustavo Petró/G1)Policiamento foi reforçado na segunda (Foto: Gustavo Petró/G1)

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