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6.24.2014

“Obesidade saudável é mito”, alertam especialistas

OBESIDADE PESO GORDURAAquela história de “gordinho saudável” caiu por terra. Mesmo sem nenhum problema metabólico aparente, como diabetes, colesterol elevado e pressão alta, as pessoas obesas (IMC — Índice de Massa Corpórea — entre 30 e 35) ou com sobrepeso (IMC entre 25 e 30) têm risco 24% maior de morte prematura causada por problemas súbitos como o infarto, quando comparados aos que estão dentro do peso ideal.
A constatação veio de uma pesquisa feita pela Annals of Internal Medicine, resultado de análise de dados de mais de 61 mil pacientes de oito estudos conduzidos por cientistas.
Martinho Rolfsen, cirurgião da obesidade do Hospital Sírio-Libanês, explica que essa ideia nasceu há alguns anos baseada num estudo que afirmava que indivíduos “metabolicamente compensados”, ou seja, sem doenças associadas à obesidade, poderiam ser considerados saudáveis. Além disso, chegaram a sugerir que indivíduos obesos, mas que eram ativos no dia a dia, poderiam ser tão saudáveis quanto pessoas magras. Mas a afirmação sempre foi discutida por alguns especialistas, sobretudo cardiologistas.
“Sobrepeso já é uma condição predisponente para a obesidade, que é uma doença. Portanto, o indivíduo pode naquele momento específico não apresentar alterações laboratoriais, mas ainda assim ele está doente”, diz Rolfsen.
Um dos riscos mais evidentes da obesidade está no acúmulo de gorduras nas artérias, o que pode desencadear uma série de malefícios, como angina, infarto do miocárdio, dificuldades de memória, risco de diabetes tipo 2, problemas de ereção, impotência sexual e até cegueira.
“Às vezes o indivíduo é jovem ou possui uma reserva metabólica funcional orgânica que consegue compensar as alterações que viriam na esteira da obesidade. Ou seja, metabolicamente, naquele momento, ele pode se encontrar competente para superar as mudanças que a obesidade traria para o organismo dele, como pressão alta, por exemplo. Mas à medida que o tempo vai passando, a reserva funcional pode não ser mais suficiente e ele passa a apresentar problemas sérios”, explica o especialista.
A médica Maristela Monachini, do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, é enfática em relação a essa questão. Para ela, a obesidade já é uma epidemia. A especialista acredita que até 2030 haja uma inversão da pirâmide no país: haverá muito mais pessoas obesas do que indivíduos saudáveis.
“Mesmo que o paciente não possua histórico familiar para doenças cardíacas, ele passa a ter um risco elevado por causa da obesidade. Ela só não vai ter a predisposição genética. Não existe obeso saudável. Isso é mito. Quando você começa a analisar a fundo o colesterol da pessoa, perfil de glicose, triglicérides, sempre há alterações”, alerta a cardiologista.

Obesidade e sobrepeso

Alimentação saudável, associada à prática de exercícios, é fundamental para diminuir o sobrepeso ou acabar com a obesidade

Estima-se que 20% da população brasileira seja formada por obesos sendo que cerca de 80 mil mortes (mais do que a AIDS) são atribuídas à obesidade. A Organização Mundial da Saúde alertou que, no mundo, 155 milhões de jovens (um em dez) sofrem da doença e estão propensos a ter colesterol alto (que impede o crescimento), diabete, hipertensão e problemas cardiovasculares, como enfarte.
A obesidade é definida como o excesso de peso atribuído ao aumento de gordura corporal, principalmente no abdome, que é acompanhado de resistência à insulina, hipertensão arterial, diabetes, aumento do colesterol e obstruções nas coronárias.
A perda de peso deve ser aconselhada constituindo-se uma maneira de reduzir a morbidade e mortalidade. A aplicação de dietas ou outros procedimentos para redução do peso deve ser baseada em documentações científicas que comprovem sua utilidade e racionalidade de uso.
A alimentação adequada inclui reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras e mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas assim como diminuir o consumo de gorduras trans (hidrogenada) e aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais, diminuindo a ingestão de açúcar e sal, consumidos habitualmente em excesso.
Confira algumas dicas que ajudam a manter o bem-estar e refletem na saúde:
  • Hábito alimentar saudável.
  • Ingesta menor de gorduras trans e saturadas.
  • Dar preferência a alimentos vegetais ou animais magros, isto é, com pouca gordura.
  • Atividade física rotineira.
  • Uso regular e orientado por médico, quando necessário, de tratamento medicamentoso.
  • Não fumar.
  • Controlar o diabetes e a hipertensão.

Obesidade abdominal e síndrome metabólica

O acúmulo de gordura na região abdominal leva a um aumento de risco de doença cardiovascular e morte prematura. As principais alterações metabólicas associadas com obesidade abdominal são as dislipidemias – presença de níveis elevados de lipídios: moléculas gordurosas – e a resistência à insulina, elevando os níveis de açúcar no sangue.

Qual é a sua circunferência da cintura?

Atualmente, sabe-se que há uma relação entre o risco cardiovascular e o volume de gordura intra-abdominal, que pode ser quantificada através de exames sofisticados como a ressonância magnética ou de uma maneira bem simples: a medida da circunferência da cintura, que não deve ultrapassar 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
A Síndrome Metabólica (SM), relacionada com este aumento da cintura, é um conjunto de fatores de risco que, quando associados, elevam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes além de aumentar a mortalidade geral em cerca de 1,5 vez e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes.
Nos Estados Unidos estima-se que 24% da população adulta seja portadora da SM e que aproximadamente 50 a 60% dos americanos com mais de cinquenta anos também façam parte dessa preocupante população de alto risco cardiovascular.

Conjunto de Fatores de Risco

Contribuem para o aparecimento da SM a predisposição genética, a obesidade e a vida sedentária. Os fatores de risco são o acúmulo de gordura abdominal; HDL colesterol inferior a 40mg/dl em homens e 50mg/dl nas mulheres; níveis de triglicerídeos maiores que 149mg/dl; pressão arterial maior que 134/84mmHg e finalmente glicemia elevada, 110mg/dl ou superior. Quando três ou mais fatores de risco estão presentes estamos diante da síndrome metabólica. A maioria das pessoas com SM não tem sintomas, entretanto, correm o risco de desenvolver doenças graves, como o infarto do miocárdio e diabetes.
Está comprovado que exercício físico e dieta são considerados terapias de primeira escolha levando à redução expressiva da circunferência abdominal e da gordura visceral. Com isto há redução da pressão arterial, dos níveis de triglicérides, aumento do HDL-colesterol e melhora da sensibilidade à insulina, reduzindo os níveis de glicose.

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