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6.08.2014

SP: metroviários mantêm greve, considerada 'abusiva' pelo TRT


Estação Tatuapé do metrô vazia devido a greve de funcionários. Foto: Fernando Donasci/ Agência O Globo
Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo

Nova assembleia e ato de apoio a grevistas estão marcados para amanhã às 7h. Cidade recebe Brasil x Croácia nesta quinta 
SÃO PAULO - Os metroviários decidiram manter a paralisação do metrô paulista, apesar de o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) ter decretado a greve abusiva e determinado o pagamento de multa diária de R$ 500 mil aos dois sindicatos da categoria - o dos metroviários e o dos engenheiros. O desembargador Rafael Pugliese, relator do processo, afirmou que a paralisação é abusiva porque não foi assegurado o mínimo de serviço à população. Também em votação unânime, os desembargadores determinaram o desconto dos dias parados e a não estabilidade no emprego.
- Temos o apoio popular. Não é nossa intenção ter greve até a Copa. Nossa intenção é resolver nosso problema -- disse o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres.
- Governante também tem que resolver problema. Está na hora de o governo botar a mão na cabeça - completou o sindicalista, acrescentando que o TRT "jogou pesado" e cabe ao governo "ver se vale a pena continuar nessa greve".
Prazeres deixou claro que a categoria pretende aproveitar a Copa do Mundo e o período pré-eleitoral para pressionar o governo a negociar.
- Tem uma Copa do Mundo aqui, é o maior evento esportivo do mundo. O governo do Estado tem eleições no fim do ano. Tem que negociar. Temos que enfrentar o governo - afirmou.
Uma nova assembleia da categoria foi marcada para 7h desta segunda-feira, na sede do Sindicato, no Tatuapé. Um ato de apoio aos grevistas deve acontecer na estação Ana Rosa no mesmo horário. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) informou em nota que vai mobilizar "milhares de sem-teto das ocupações de São Paulo" para participar do ato de apoio aos grevistas na estação Ana Rosa.
O Metrô divulgou nota em seu site dizendo que aguarda o retorno imediato dos empregados ao trabalho para que o sistema volte a operar integralmente. “Os excessos apurados durante a greve serão tratados em conformidade com os instrumentos internos e a legislação trabalhista”, diz a nota.
METROVIÁRIOS DIZEM QUE GREVE ACABA COM 12% DE AUMENTO
Prazeres afirmou que a greve seria encerrada com um reajuste de 12% nos salários dos metroviários. No julgamento ocorrido na manhã deste domingo, o TRT determinou reajuste de 8,7%, valor de R$ 290 para o vale-alimentação e vale-refeição de R$ 669. O piso salarial dos engenheiros, que também estava sendo rediscutido, ficou em R$ 6.154,00. Reivindicações como participação igualitária nos resultados, jornada de trabalho e plano de carreira continuarão a ser discutidos no Núcleo de Conciliação de Coletivos do TRT.
O TRT usou como base a última proposta de acordo salarial feita pelo Metrô, que havia oferecido 8,7% de reajuste na semana passada. Os metroviários haviam recusado a proposta e se mantiveram irredutíveis em torno do percentual de 12,2%.
Durante a sessão de julgamento, o Metrô chegou a retirar sua proposta e a defender um reajuste ainda menor. O advogado da empresa, Nelson Mannrich, pediu aos desembargadores que utilizassem o índice IPC-Fipe, de 5,2%, pois o uso de outro percentual poderia "comprometer a inflação do país nos próximos 12 meses". Pugliese argumentou que aplicar um índice menor seria um retrocesso nas negociações e foi acompanhado por unanimidade pelos demais desembargadores.
Diante da posição do Metrô, a advogada do Sindicato dos Metroviários, Eliana Ferreira, chegou a abrir a possibilidade de os metroviários aceitarem os 8,7%
- 5,2% é irreal e não recompõem os salários. (...) Se não for atendida toda a nossa pauta, ao menos que hajam as propostas já feitas - afirmou Eliana.
Prazeres admitiu que o julgamento do TRT cria dificuldades para a greve, pois o desconto dos dias parados gera "um certo receio" entre os empregados do metrô.
Perguntado se as partes poderão recorrer da decisão do TRT, o desembargador Pugliese afirmou que as decisões são sujeitas a recurso, mas acrescentou que há questões que têm de ser cumpridas.
- Eles não podem recorrer para discutir a validade da decisão - explicou.
A desembargadora Rilma Hemetério havia concedido liminar a uma ação do Ministério Público do Trabalho, que pediu dissídio coletivo de greve, estabelecendo multa de R$ 100 mil por dia caso os metroviários não operassem 100% do sistema nos horários de pico e 70% nos períodos intermediários. Agora, a multa foi multiplicada por cinco.
Eliane Ferreira, advogada dos metroviários, disse que decisão de obrigar os metroviários a operarem 100% da frota fere o direito de greve dos empregados, garantido pela Constituição. O Sindicato dos Metroviários divulgou nota afirmando que pediu ajuda da presidente Dilma Rousseff na negociação com o governador Geraldo Alckmin.
O presidente do Sindicato dos Metroviários não escondeu a irritação ao ser perguntado se a greve havia sido iniciada às vésperas da Copa propositadamente.
- Nossa campanha salarial é em maio. Então não fomos nós que escolhemos um momento inoportuno. Não fomos nós que escolhemos a Copa - rebateu.
METRÔ SEGUE COM OPERAÇÃO PARCIAL
O metrô é o principal meio de os torcedores chegarem até o Itaquerão, o estádio que abrigará o jogo de abertura da Copa do Mundo na quinta-feira. Neste domingo, a operação continuou parcial. A Linha Vermelha é a que leva até a estação Corinthians-Itaquera, a mais próxima ao estádio. Esta é também a que atende o maior número de passageiros. Neste domingo, a Linha Vermelha operou apenas oito estações. Outras nove estações do trajeto até o estádio seguiram paradas.
Até mesmo a Linha Amarela, operada pela iniciativa privada, teve operação parcial neste domingo. O Metrô informou que o motivo foram obras de expansão. O trecho parado liga as avenidas Faria Lima e Paulista.
O metrô atendeu basicamente a quem quis se locomover dentro do centro expandido da cidade. Na Linha Azul, o trecho em funcionamento foi de oito estações, ligando a região de Vila Mariana até a Luz (estações Ana Rosa Paraíso, Vergueiro, São Joaquim, Liberdade, Sé, São Bento e Luz). Na Linha Verde, que atende o ramal da Avenida Paulista, funcionaram as estações Ana Rosa, Brigadeiro, Trianon-Masp, Consolação, Clínicas e Vila Madalena.
A única linha com operação integral foi a Lilás, que tem apenas sete estações e liga o Capão Redondo a Santo Amaro, ambos bairros da na zona sul.
CONFIRA OS TRECHOS EM FUNCIONAMENTO
Linha 1-Azul: estações Ana Rosa, Paraíso, Vergueiro, São Joaquim, Liberdade, Sé, São Bento e Luz
Linha 2-Verde: Ana Rosa, Brigadeiro, Trianon-Masp, Consolação e Clínicas e Vila Madalena
Linha 3-Vermelha: Bresser-Mooca, Brás, Pedro II, Sé, Anhangabaú, República, Santa Cecília e Marechal Deodoro
Linha 4-Amarela: parada entre as estações Faria Lima e Paulista devido a obras de expansão
Linha 5-Lilás: Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi, Santo Amaro, Largo Treze e Adolfo Pinheiro

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