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7.04.2014

Brasil emocionalmente fortíssimo

Poder alemão sobre uma França que quis, esteve quase lá, mas não teve arte para desfeitear Neuer de aço e Hummels duplamente decisivo. Low soube mexer e a Alemanha foi mais sólida do que com a Argélia. E o Brasil deu resposta forte, mereceu por inteiro. Que meia-final na terça! Por Germano Almeida  

Do lado de cá: no fim ganhou a Alemanha e Brasil emocionalmente fortíssimo
O dia 23 do Mundial-2014 em cinco pontos:

1.
Que grande dia deste fantástico Mundial. No Maracanã, «final europeia» deste Mundial, entre as duas seleções mais equilibradas da prova. Alemanha mais poderosa, a colher rendimentos da força coletiva e com Manuel Neuer de aço na baliza, a evitar o prolongamento nos últimos segundos, em defesa que ficará como uma das melhores deste Mundial. Hummels, regressado, decidiu, com golo e corte providenciais. França com talento, com argumentos, mas sem capacidade de dar a volta a uma Alemanha que, uma vez a vencer, é muito difícil de ser apanhada de surpresa. Germânicos mereceram passar e talvez se tenham assumido, depois de êxito sobre a França, como candidatos número 1 ao título. No Castelão, o Brasil apareceu, finalmente. Venceu e convenceu, sobretudo na primeira parte (não tanto na segunda, quando tremeu depois do 2-1). Entrou fortíssimo, marcou cedo. Deu resposta poderosa aos que, nos últimos dias, consideravam que estava «frágil emocionalmente». Na primeira parte, Anulou James e amigos, fez o jogo que quis. Claramente, a melhor exibição do escrete neste Mundial, os primeiros 45 minutos. E a pior da Colômbia, é claro.

2. Scolari tirou Dani Alves e apostou em Maicon no onze, para ganhar um pouco mais de velocidade nas alas. Mas a meio-campo não mudou o essencial, colocando Paulinho e Fernandinho na zona de tampão, perante a ausência de Luiz Gustavo. Pekerman surpreendeu um pouco mais, colocou Guarin e Ibarbo no onze, relegou Jackson para o banco. Mas a chave deste jogo não esteve nas alterações táticas. Esteve mesmo numa atitude fortíssima, autoritária, do Brasil. «Emocionalmente frágeis»… uma ova! Em poucos minutos, o escrete tirou todas as dúvidas sobre a questão que dominou os últimos dias e surgiu mandão, a querer marcar. Fê-lo cedo e logo pelo capitão Thiago Silva. A Colômbia demorou a reagir, o escrete finalmente convencia. Muito perto o 2-0 em vários momentos. Hulk bem, Neymar bem, David Luiz com primeira parte de grande nível, a estender o jogo. O Brasil melhorou quase tudo do jogo do Chile para hoje: defendeu melhor, pressionou melhor, jogou mais junto. Só Fred é que continuou mesmo, mas como até foi um central a abrir o ativo… E outro aumentou, em golaço: David Luiz fez 2-0, a eliminatória parecia resolvida. Mas a Colômbia teve um último assomo, James marcou de penálti, o Brasil tremeu um pouco, sobretudo depois de Neymar sair de maca. Mas deu para aguentar. Brasil superior, melhor exibição neste Mundial. Sofreu mas mereceu.

3. Deschamps e Low decidiram mudar e, de algum modo, surpreender nos onzes para o grande jogo do Maracanã. A França começou sem Giroud e com Griezmann, mais mobilidade e menos posição na área, apostando em Benzema mais fixo ao meio. Mas a base desta equipa gaulesa é mesmo aquele fortíssimo triângulo do meio-campo, com Pogba e Matuidi (dois dos melhores jogadores deste Mundial) e ainda Cabaye, outro imprescindível. Do lado alemão, Low recolocou Lahm a lateral (Mustafi está lesionado, Mertesacker saiu do onze) e surpreendeu quase todos ao dar a titularidade a Klose. Gotze foi o sacrificado, Muller voltou à posição natural de jogar atrás do ponta-de-lança, com Kroos e Ozil também no meio-campo ofensivo. Outra novidade: Khedira de início, lado a lado com Schweinsteiger. A Alemanha ganhou com as alterações, surgiu mais ligada, mais coesa, sem cometer os pecados que a obrigaram a sofrer até aos 120 para conseguirem eliminar a Argélia. A França quis pegar no jogo, parecia ter entrado melhor, Benzema criou perigo em remate perto da baliza de Neuer. Por duas vezes, os rápidos atacantes apareceram na área sem caírem no veneno do fora de jogo alemão.

4. Mas o golo de Hummels (mais forte que Varane) deu vantagem aos germânicos, em mais uma prova da eficácia da «Nationalmannschaft». E, já se sabe: quando a Alemanha se põe em vantagem, fica ainda mais difícil para quem está do outro lado. A França demorou a reagir, mas até podia chegar ao intervalo pelo menos com o empate. Valeu Neuer e valeram os centrais, em dois momentos de perigo. Mas esta Alemanha, nunca chegando a deslumbrar, soube corrigir a tempo, depois dos sinais amarelos que recebeu no duelo com a Argélia. O arranque da segunda parte acusou uma ou outra hesitação alemã, mas a máquina germânica arrumou-se. Os alemães foram mestres em pôr a render o 0-1, curto mas precioso. Mas a França não desistia: Griezmann sacou amarelo ao Khedira, mais tarde foi Schweinsteiger a ver o cartão. Os franceses «empurravam» os alemães para bem perto da baliza de Neuer, o 1-1 podia surgir, ainda que não parecesse iminente. Deschamps, sem medo e cheio de vontade de seguir em frente, sabia que era altura de arriscar tudo. Tirou Cabaye, lançou Giroud, acabou a partida a jogar com quatro unidades de ataque. Matuidi e Pogba são enormes médios, mas o risco era claro: percebia-se a ideia de lançar fogo com Remy, Benzema, Griezmann e Valbuena (depois Giroud). Só que do outro lado estava uma Alemanha arrumada, sólida. Sem massacrar, mas a saber gerir. Schurrle podia ter resolvido mais cedo a questão («passe» em vez de remate, na cara de Lloris, «tiro» no corpo de Varane). Mas também é verdade que, minutos antes, Hummels salvou a Alemanha, evitando, no último segundo, o golo de Benzema. Neuer, mesmo no fim, disse «não» ao prolongamento, com defesa tremenda, com o braço, a impedir sobre a linha que Benzema empatasse. Equilíbrio na posse de bola, mais remates e oportunidades da França, mas no fim ganharam mesmo os alemães. Como é hábito.

5. Brasil-Alemanha, a meia-final de sonho. Vai ser terça à noite, em Belo Horizonte. Só a segunda vez que brasileiros e alemães se encontram em Mundiais, 12 anos depois da final de 2002, resolvida por Ronaldo, com dois golos. Brasil sem Thiago Silva (castigado) e veremos como está Neymar. Do que vi hoje, Alemanha ligeiramente favorita para o enorme duelo. Tendo em conta que a outra meia-final será, possivelmente, entre Holanda e Argentina, é bem possível que o próximo campeão do Mundo saia do duelo da próxima terça, no Mineirão...

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