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7.24.2014

Casal preso acusado de matar e esquartejar zelador se torna réu

Justiça aceitou denúncia do MP contra publicitário e advogada.
Juiz ainda determinou transferência de Ieda Martins do RJ para SP.

Kleber Tomaz Do G1 São Paulo
Advogada e publicitário são acusados de matar zelador (Foto: Reprodução/TV Globo) 
Advogada e publicitário são acusados de matar zelador
(Foto: Reprodução/TV Globo)
A Justiça de São Paulo aceitou nesta semana a denúncia do Ministério Público (MP) contra Eduardo Tadeu Pinto Martins, de 47 anos, e Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, de 42, presos suspeitos de matar e esquartejar o zelador Jezi Lopes Souza, 69, em 30 de maio deste ano na capital paulista. Desse modo, o casal se torna réu no processo no qual são acusados dos crimes.
O próximo passo da Justiça será a marcação de uma audiência de instrução, que precede a um eventual julgamento. Nessa etapa, testemunhas de defesa e acusasão prestarão depoimentos, os acusados serão interrogados e defensores e Promotoria debaterão sobre o caso. Em seguida, a Justiça decidirá se os réus deverão ser julgados pelo crime por um júri popular. 
O G1 não conseguiu localizar nesta quinta-feira (24) o advogado Marcello Primo, que defende o publicitário e a advogada, para comentar o assunto.

Em sua decisão, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, determinou na quarta-feira (23) que o publicitário Eduardo responda por homicídio doloso, no qual há a intenção de matar; ocultação de cadáver; falsificação de documento e porte ilegal de arma. A advogada Ieda responderá por homicídio, ocultação e porte de arma.

Prisões preventivas
O magistrado decretou ainda a prisão preventiva de Ieda acusada de participar do assassinato do zelador Jezi, no prédio onde ela morava com Eduardo e o filho do casal, na Casa Verde, Zona Norte de São Paulo. A advogada está detida atualmente no Rio de Janeiro por decisão da Justiça daquele estado, onde foi acusada de matar o ex-marido, o empresário José Jair Farias, 57, em 20 de dezembro de 2005. Em seu despacho, o juiz determinou também que Ieda seja transferida novamente para São Paulo, onde deverá ficar presa.

Eduardo permanece preso preventivamente em São Paulo. Ele foi transferido na semana passada do 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, região central da capital, para o Centro de Detenção Provisória (CDP) da Vila Independência, na Zona Sul. A informação é da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Ainda de acordo com a pasta, a polícia paulista informou que Ieda permanecerá presa no Rio até o início de agosto. Depois disso, será avaliado se ela será mesmo transferida para São Paulo e como isso será feito.

O publicitário também é investigado pela Polícia Civil do Rio por suspeita de ajudar Ieda a assassinar José. Ele foi morto a tiros perto de sua empresa. Tanto Eduardo quanto Ieda negaram à polícia qualquer envolvimento nesse crime. O caso do assassinato do empresário já havia sido encerrado sem apontar culpados, mas foi reaberto após a repercussão da morte do zelador em São Paulo.

publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins,  zelador Jezi Lopes de Souza, (Foto: Caio Prestes/G1) 
Zelador Jezi Lopes de Souza, (Foto/ reprodução)
Zelador
Em seu depoimento à polícia de São Paulo, Eduardo confessou ter matado Jezi de forma acidental após discutirem e brigarem – o idoso teria batido a cabeça e morrido no apartamento onde o publicitário morava. O acusado admitiu, no entanto, que ficou desesperado e resolveu esquartejar o corpo do zelador. Em seguida, colocou as partes em malas.

Câmeras de segurança do edifício gravaram Jezi sair do elevador no andar do casal Martins e não aparecer mais. As imagens também mostram o publicitário e a advogada levando as bagagens ao carro deles que estava na garagem. Apesar dessas filmagens, Eduardo inocentou a mulher. Segundo ele, ela não sabia de nada.

Após a família de Jezi registrar seu desaparecimento, a polícia passou a investigar o sumiço do zelador. E foi até Praia Grande, no litoral paulista, onde prendeu Eduardo em flagrante queimando os restos mortais da vítima numa churrasqueira.
Tanto para a investigação quanto para a acusação, Ieda ajudou a matar, esquartejar e esconder o cadáver de Jezi.

“O delito doloso contra a vida tem materialidade e autoria, confessada por Eduardo, comprovadas. A participação de Ieda, na modalidade instigação e promessa de auxílio material após o delito não pode ser de plano afastada considerando o que consta do caderno investigatório e deverá ser cotejada durante a instrução processual em contraditório”, lembrou o magistrado em sua decisão. “Eduardo confessou ter ocultado e destruído o cadáver da vítima e o inquérito não excluí a participação de Ieda”.

Empresário
A polícia fluminense decidiu reabrir o inquérito que apurava a morte de José após a polícia paulista apreender armas que estavam com o casal em São Paulo e em Praia Grande. Foi pedido um laudo de comparação balística entre elas e as balas que mataram o empresário no Rio. O resultado apontou que o cano de pistola 380 e silenciadores apreendidos no apartamento dos Martins foram usados para matar o ex-marido de Ieda.

Um revólver calibre 38, encontrado no litoral teria sido usado para dar uma coronhada na cabeça de Jezi. Todo o armamento estava em situação irregular: o casal não tinha autorização para tê-lo. Questionados pela polícia, Eduardo e Ieda não derem informações de como conseguiram as armas. Sobre o assassinato de José, os dois também negaram o crime.

Em entrevista ao Fantástico, a advogada falou que é inocente. “Eu sou inocente, eu sou inocente. Mas provar a minha verdade eu não sei se eu vou conseguir”, disse. A advogada disse que o marido e o zelador “brigavam muito”. “Mas, assim, eu jamais podia imaginar que ele fosse matar o zelador”. 

Filho acusa a mãe
O filho de Ieda com o empresário, José Jair Farias Júnior, declarou que a mãe mente. “Ela arrancou ele [o empresário, que é seu pai] de mim. Eu não pude aproveitar ele. Ele morreu, porque ela matou ele", afirmou o jovem de 18 anos, que vive no Rio de Janeiro com a avó materna desde a morte do pai.

Ele disse que a avó também não mantém contato com a filha Ieda desde então. “Ela nunca foi uma pessoa boa nem comigo nem com a família. A convivência dela com o meu pai sempre foi briga por dinheiro, discussões.”

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