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7.02.2014

O mundo paralelo da seleção brasileira

Para evitar exposição dos titulares, meia e goleiro dão coletiva e dizem que não há crise emocional no grupo

Martha Esteves e Vitor Machado
Rio - A Seleção junta os cacos de seu lado emocional. No lugar de nervos de aço, os jogadores que enfrentaram o Chile mostraram estrutura psicológica de vidro, no momento mais tenso da Copa até aqui: frágil e transparente. Para evitar maior exposição dos titulares, principalmente depois do mal-estar causado pelas declarações de Thiago Silva, apenas os reservas Ramires e Victor deram a cara para bater. Se não há mordaça, existe pelo menos a lei do “ninguém sabe, ninguém viu”.
O capitão do time ter admitido que pediu para ser o último a bater pênalti, depois até de Julio Cesar, por estar sem confiança, não pegou bem internamente. O técnico Luiz Felipe Scolari exigiu a volta da psicóloga Regina Brandão e pediu socorro a alguns jornalistas. Ramires, numa espécie de mundo paralelo, viu a Seleção jogar bem contra os chilenos e garantiu não haver qualquer abalo emocional:
Brasil não vem tendo boas atuações na Copa do Mundo
Foto:  André Luiz Mello
“Faz parte do futebol. Alguém tem que ganhar. Não podemos criar uma coisa que não tem. O próximo jogo será difícil, mas podemos ganhar nos 90 minutos. E se formos para outra disputa de pênaltis, estaremos preparados. Estava (contra o Chile) todo mundo tranquilo, confiante para bater, confiante de que iria passar de fase. Um ou outro se emociona mais porque estão todos tensos.”
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Durante o Hino Nacional, o choro entre os jogadores da Seleção já virou protocolo. No entanto, o que antes parecia apenas o afloramento da emoção de jogar a Copa em casa passou a ser encarado como fraqueza. A imagem de Thiago Silva sentado sobre a bola, sozinho, antes das cobranças de pênaltis, é retrato fiel da fragilidade de um grupo que precisa escolher entre o desejo de ser campeão e o medo do fracasso.
Julio Cesar também preocupou a todos quando apareceu na TV, aos prantos, antes de cumprir sua missão. Mas seu feito heroico, logo em seguida, serve de prova para quem garante que a Seleção está com a cabeça no lugar.
“Estão falando dessa parte emocional como um peso, mas não vejo dessa forma. Vejo que os jogadores estão vivendo de forma muito intensa e acabam extravasando em forma de choro. Mas não é tão ruim. Pode virar motivação. O Julio chorou e fez o que fez. Não vejo de forma negativa, mas com intensidade, com orgulho de representar seu país”, disse Victor, que afirma ter perfil mais frio, embora admita já ter deixado escapar algumas lágrimas durante o hino.
ENTREVISTADOS IGNORAM O ASSUNTO
A reunião convocada por Felipão com alguns jornalistas parece ter virado assunto proibido. Embora o conteúdo da conversa esteja estampado nos jornais, Ramires e Victor garantem ignorar o assunto. O treinador expôs fragilidades táticas, técnicas, emocionais, pediu apoio da imprensa e ainda admitiu ter se arrependido de um dos 23 nomes convocados, segundo noticiou o jornal ‘Folha de S. Paulo’.
“Estou sabendo agora. Ele não comentou nada com a gente. Ele é quem pode falar melhor sobre isso”, disse Ramires. “Ele não comentou nada disso. Não repercutiu entre nós porque não ficamos sabendo do conteúdo da conversa. Ele falou com a gente sobre o Chile”, garantiu Victor.
Ramires, porém, ressalta a importância do treinador nesse trabalho mental.
“Ele motiva bastante, percebe quando o jogador se abate com um jogo, quando não rende. Dá força, procura colocá-lo para cima, mostra que confia nele”, afirmou.

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