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8.10.2014

Bibico, o ‘deputado’ dos milicianos

Acusado de integrar a Liga da Justiça e foragido, Ivilson Umbelino de Lima é candidato a uma vaga na Alerj

Felipe Freire
Rio - Os santinhos, adesivos e placas já estavam nas ruas. O slogan, “Juntos num só objetivo”, parecia aproximar o candidato dos eleitores. Mas a intenção do grupo de milicianos em eleger a deputado estadual um integrante da ‘Liga da Justiça’, que agia na Zona Oeste, e ganhar um ‘braço’ político para as ações criminosas, pode ter ido por água abaixo. O candidato é um dos denunciados na Operação Tentáculos, o ex-PM Ivilson Umbelino de Lima, o Bibico, que segue foragido.

Bibico em evento de campanha: tentativa de conquistar o eleitorado
Foto:  Divulgação



Antes da operação ser deflagrada, na qual 22 pessoas foram detidas, o candidato ao Legislativo já fazia campanha. Nas redes sociais, é possível ver imagens do acusado durante visitas a eleitores em comunidades de Campo Grande, na Zona Oeste.

“Essa seria mais uma forma de inserção no poder público. Com isso, provavelmente, eles pretendiam se enraizar com um escudo político, tendo informações privilegiadas”, explicou o delegado da Draco-IE, Luiz Augusto Braga, responsável pelas investigações.
Apesar da intenção, a candidatura de Bibico, acusado de integrar o esquema de cobranças de taxas abusivas e revenda e aluguel de imóveis em condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida da Zona Oeste, está suspensa desde terça-feira. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o registro foi negado por ausência de preenchimento das condições impostas pela legislação e existência de anotações criminais não esclarecidas.
Em tese, ele ainda poderá recorrer. Filiado pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC) na coligação Unidos pela Família, o candidato de número 27.127 declarou que seus limites de gastos poderiam chegar a R$ 1,5 milhão. Além disso, a soma dos bens relacionados pelo suspeito, que se intitula empresário, chega a R$ 637.600.
Na lista de imóveis declarados constam duas unidades em Campo Grande, nos valores de R$ 300 mil e R$ 27,6 mil, e uma sala comercial de R$ 260 mil. O ex-PM afirma ter um carro Capitiva que custa R$ 50 mil. Ao todo, 27 mandados de prisão foram expedidos na ação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público. Os negócios da quadrilha, que incluíam revenda e aluguel de imóveis, rendiam até R$ 1 milhão por mês. Pelo menos 1.600 unidades foram ‘tomadas’ pelos milicianos. 
NO CURRÍCULO
Uma farta ficha corrida
De acordo com as investigações, Ivilson é antigo integrante da quadrilha, agindo como homem de confiança, segurança e matador. Ele participava da reunião do alto escalão da quadrilha em Cosmos, em 2013, quando a Draco-IE encontrou o quartel-general do bando.

Bibico já havia sido preso em 2009, durante a Operação Têmis, por também integrar a milícia denominada Liga da Justiça. Em abril de 2012, após responder a Conselho de Disciplina com outros dez policiais, o comando determinou sua exclusão da PM.
Em processo no Tribunal de Justiça relativo a 2008, o suspeito é acusado de “crime hediondo, pois, trata-se de imputação da prática de tentativas de homicídios qualificados, exercidos mediante emboscada, por motivo torpe, consistente na resistência das vítimas à intenção dos indiciados (supostos milicianos) de ocuparem parte do terreno de um Condomínio para utilização eleitoral”.
Na época, a vítima teria negado a ordem do então deputado Natalino José Guimarães de instalar um Centro Social para sua sobrinha Carminha Gerominho no Condomínio Eucalipto, com fins eleitoreiros.
Na operação de quinta-feira também foi preso o subtenente da PM João Henrique Barreto, o Cachorrão, lotado no 40º BPM (Campo Grande). Ele era o braço direito do ex-PM Toni Ângelo, preso em 2013 e também denunciado no inquérito. Da cadeia, ele mandava ordens por meio de cartas.

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