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8.14.2014

Os 10 tipos de câncer mais relacionados à obesidade


Entenda a relação entre a obesidade e o câncer
câncer e obesidade
No Brasil, o índice de pessoas obesas é alarmante. Em 2011, o Ministério da Saúde divulgou um levantamento que mostra que 48,5% dos brasileiros estão acima do peso. Entre os obesos, o índice é de 15,8%. O perigo para saúde vai além das 26 doenças com as quais a obesidade pode estar relacionada, ainda conforme dados de outra pesquisa do Governo Federal. O câncer de mama esteve ao lado desse problema em cerca de 75 mil procedimentos ambulatoriais no SUS, em 2011. Casos de câncer de estômago também foram associados à obesidade e 1,9 mil pessoas foram internadas por estarem acima do peso e por câncer de esôfago.
obesidade envolve uma parcela significativa dos fatores de risco que levam as pessoas a desenvolverem alguma neoplasia, acompanhada do tabagismo, de problemas genéticos e fatores ambientais. Estudos indicam que, além dos já citados, tipos como de próstata e intestino também são lembrados na literatura médica. A explicação está no acúmulo de gordura no tecido adiposo, que pode desenfrear a multiplicação de células malignas.
— Elas deixaram de ser apenas um reservatório de energia em forma de gordura. São células ativas na produção e secreção de diferentes substâncias, que atuam direta e indiretamente em vários órgãos do nosso corpo.
Segundo o médico, o câncer de próstata, nos homens, e o câncer de mama, nas mulheres — principalmente no período da menopausa — já pressupõem uma relação com a obesidade.
— O tecido adiposo da mama pode produzir essas substâncias, mas são alterações que acontecem de uma maneira muito mais global do que na gordura localizada em um ou outro órgão, da mesma forma que na próstata. Outro fator hormonal é que, na menopausa, em mulheres obesas, o tecido adiposo continua a produzir esteróides, quando os níveis desses hormônios deveriam cair drasticamente. O excesso de estrógeno aumenta o risco de câncer — afirma.
Alimentação desregrada contribui
A carne é um dos alimentos mais consumidos no Rio Grande do Sul e, da mesma forma, também exige mais atenção por aqui do que em outros lugares do país. Estudos evidenciam que o grupo das pessoas que não consomem carne vermelha, comparado a quem ingere em pouca quantidade ou que apenas consome carne branca, apresenta menor incidência de câncer. A nutróloga Jaqueline Costa Coelho explica que esses dados ainda sugerem que, quem consome mais carne vermelha, tem uma maior tendência em ingerir mais calorias como um todo, evitando frutas ou verduras.
— No entanto, é importante lembrar que a carne é rica em proteínas, ferro, zinco e vitaminas do complexo B e vitamina A, portanto seu consumo é recomendado como fonte de nutrientes — ressalta a médica.
A relação entre o consumo de carne e o câncer ainda é estudada pelos médicos, isso porque a ingestão em excesso, principalmente de carnes processadas, pode estar relacionada a substâncias nocivas como o nitrito, que provocam alterações celulares.
— O consumo desse alimento favorece o surgimento de doenças ocasionadas pela chamada H Pylori, bactéria que habita o organismo e tem relação estabelecida com muitos casos de câncer de estômago. Mas, ainda necessitaremos de mais estudos para comprovar definitivamente essa associação — pontua Castilho.
Prevenção e cuidados exigem disciplina
A prevenção de alguns cânceres passa pela prevenção do ganho de peso e de hábitos saudáveis, como fazer exercícios físicos regulares. A vontade de comer certos alimentos deve ser bem analisada e interpretada pelo profissional juntamente com o paciente, pois pode mascarar alguma outra patologia, como ansiedade ou compulsão alimentar.
— As pessoas que possuem sobrepeso ou obesidade não adquiriram esse acúmulo de gordura em alguns dias ou semanas, mas sim ao longo da vida. A perda de gordura corporal ocorre através de uma alimentação balanceada, de baixa caloria e com a prática de atividade física. Isso pode levar meses ou anos, dependendo de cada caso — explica a nutróloga da Jaqueline.
  • Fonte/autor: Zero Hora

De acordo com um estudo britânico publicado nesta quinta-feira (14), alguns quilos a mais podem aumentar as chances de uma pessoa desenvolver tipos comuns de câncer, como de mama e de útero


A população mundial está engordando. Pelo menos 2,1 bilhões de pessoas em todo o mundo têm sobrepeso. Para além dos problemas estéticos, uma população mais pesada corre riscos maiores de sofrer problemas de saúde como pressão arterial alta e diabetes. De acordo com as conclusões de um novo estudo, conduzido por pesquisadores da London School of Hygiene &Tropical Medicine e do  Farr Institute of Health Informatics, um alto índice de massa corporal está  também associado ao desenvolvimento dos 10 tipos de câncer mais comuns, como câncer  de útero, de cólon, de mama, de tireoide e leucemia.
O índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida internacionalmente usada para avaliar se uma pessoa está no seu peso ideal. Para isso, ela estabelece uma relação entre altura e peso – tome a sua altura (meus 1,79, por exemplo) e eleve ao quadrado. Divida seu peso pelo resultado da multiplicação e terá seu IMC. Meus 65 quilos, por exemplo, resultam em um IMC de 20,3.
Segundo a OMS, o índice de uma pessoa saudável varia entre 18 e 25. Ao longo dos anos, diversos estudos já tentaram estabelecer a conexão entre obesidade e alguns tipos de câncer. O estudo desenvolvido pelos britânicos, e publicado nesta quinta-feira (14) no periódico científico Lancet, é o maior do gênero já realizado.
Os cientistas examinaram os registros médicos de mais de 5 milhões de pessoas com no mínimo  16 anos. Todas foram acompanhadas por, em média, 7,5 anos e, de início, não tinham câncer. A partir daí, mediu-se os riscos de essas pessoas desenvolverem 22 diferentes tipos de câncer. Fatores como idade, status socioeconômico e tabagismo foram levados em consideração nessa avaliação.

Ao cruzar os dados, os pesquisadores perceberam que existia uma associação entre altos índices de massa corporal e a ocorrência de 17 dos 22 tipos de câncer examinados– incluídos aí os 10 tipos mais recorrentes na população britânica.  “O número de pessoas com sobrepeso ou obesas cresce rapidamente, no Reino Unido e no mundo. Sabe-se que esses são fatores associados a diabetes e doenças cardiovasculares. Nossos resultados mostram que, se a tendência continuar, podemos também esperar ver um aumento substancial  das ocorrências de câncer”, disse o Dr. Krishnan Bhaskaran,do London School of Hygiene & Tropical Medicine e líder do estudo.

Segundo sua equipe, o sobrepeso é responsável por 41% das ocorrências de câncer de útero e por 10% ou mais das ocorrências de câncer de vesícula, cólon, rim e fígado. Cada acréscimo de 5kg/m² aumenta em 62% as chances de alguém desenvolver  câncer de útero; de vesícula em 31%; de rim em 25%; de cólo do útero em 10%; de tireoide em 9% e leucemia  em 9%.

Ter um índice de massa corporal alto também aumenta os riscos de câncer de fígado em 19%; de cólon em 10%; de ovário em 9% e de câncer de mama em 5% - mas o efeito da obesidade nesses casos variou de acordo com as características de cada pessoa. Maiores índices de massa corporal aumentam os riscos de câncer de mama em mulheres após a menopausa, por exemplo. Em mulheres jovens, o efeito é nulo – mais peso não significa maior risco de ter esse câncer em especial. Estima-se que, se o índice de massa corporal médio da população britânica continua a crescer no ritmo atual, haverá um acréscimo de 3790 mil casos de câncer a cada ano.

A esperança dos pesquisadores é de que seu estudo incentive a promoção de políticas de combate à obesidade. Em um comentário anexado ao estudo, Peter Campbell, da Sociedade Americana de Câncer, afirmou que é urgente a implementação de políticas públicas que estimulem a atividade física e a adoção de dietas mais saudáveis pela população: “Nós temos evidências suficientes de que a obesidade causa sofrimento desnecessário e morte por diversas formas de câncer. Não é preciso mais pesquisas para justificar, ou mesmo demandar mudanças de políticas focadas na redução da obesidade e sobrepeso”.
RC


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