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8.31.2014

Terapia musical melhora a autoestima e o humor dos idosos

Musicoterapia estimula áreas do cérebro bloqueadas por doenças, traz de volta boas lembranças e recupera a alegria

O Dia
Rio - A alma é mesmo a primeira a sentir os benefícios da música. Depois dela, no ritmo da melodia, o cérebro e todo o resto do corpo passam por importantes transformações. A musicoterapia realizada com idosos, além de encantá-los, atinge áreas cerebrais bloqueadas por doenças como o Mal de Alzheimer e melhora a autoestima, o humor e as funções cognitivas, segundo médicos.


Sula (C) com seus alunos: além das músicas, ela usa elásticos e outros equipamentos para exercícios
Foto:  João Laet / Agência O Dia

Todas as terças-feiras, a musicista Sula Kossats busca resgatar memórias que emocionem e tragam ânimo para quem aparentemente já conquistou tudo o que podia na vida. Na Ararate, residência assistida para terceira idade, em Camboinhas, Niterói, os idosos reaprendem a usar o corpo e a mente. Para isso, Sula usa uma caixa de som e abusa de carinho. “Trago músicas clássicas e populares de várias partes do mundo. Brinco que são bailarinos. É perceptível como o humor muda.” Entre eles, o relacionamento melhorou. Conversam mais entre si e brigam menos, revela a especialista. Bolas, pesinhos de areia e elásticos também ajudam a fortalecer os músculos.
E não é só a pianista que notou a diferença. O geriatra Heider Scudieri garante que a música influencia o cotidiano dos pacientes. “Desde que o trabalho começou, há dois meses, eles se alimentam e dormem melhor, e também estão mais dispostos ”, afirma. A atividade, segundo ele, previne o estresse, as crises de ansiedade e pressão alta, a depressão e o próprio Mal de Alzheimer.

Os resultados são muito rápidos. Em menos de dois meses eles já têm alguns avanços Heider Scudieri, geriatra

O médico explica que isso acontece porque a música é capaz de ‘estimular’ a produção de neurotransmissores, como a serotonina, que regula o sono e o apetite, e a endorfina, que melhora o humor e a disposição. “Baseado em estudos recentes, a terapia musical com os mais velhos é uma das terapias complementares mais importantes. Ela traz boas lembranças, boas perspectivas”, defende.

Ao som de ‘Brasil/ Meu Brasil brasileiro/ Meu mulato inzoneiro / Vou cantar-te nos meus versos,’ trechos da eternizada ‘Aquarela do Brasil’, composta por Ary Barroso em 1939, Dalila Cidade, prestes a comemorar seus 103 anos, faz os exercícios enquanto busca na memória algumas saudades. “Sambas são meus favoritos. Quando era jovem e trabalhava como secretária de políticos importantes, adorava dançar nos cassinos”, relembra a centenária, com sorriso nos lábios pintados de batom.
Sem mau humor
Diagnosticado com Alzheimer, Antônio Carlos Atarian, 76 anos, quase não falava com ninguém e dizia que queria morrer. Os funcionários da casa e Sula já perceberam que depois das sessões, o discurso mudou. Hoje ele diz literalmente que quer viver, sempre aceita participar das atividades e conversa com todos.
Nem a presença da equipe do DIA ou a ‘aula’ no jardim, em vez de dentro da casa, incomodou Antônio, que antes era sisudo. Ao ser questionado se aceitava participar da atividade na parte externa, concordou de cara. “Por mim, tudo bem.”
A professora aposentada de História e Sociologia Hebe Araújo, 90, é apaixonada por livros e valsas. “Gosto muito quando ela vem. A música traz recordações prazerosas. A valsa e o samba, quando têm letras bonitas, me emocionam muito,” conta.
Reportagem de Isabela Borges

Um comentário:

  1. Anônimo6:07 PM

    Considero esse trabalho vital para a saúde física e mental dos residentes.
    A alegria e a memória sempre são ativadas nesses encontros, melhorando o convívio entre os residentes, assim, como concorre para o bem estar dos participantes.
    Simplesmente maravilhoso!

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