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9.29.2014

Oito a cada dez pessoas estressadas tendem a desenvolver problemas bucais

O estresse pode afetar áreas do corpo que você nem imagina

Beatriz Salomão
Rio - Chamado de ‘mal do século’ e presente na vida de oito a cada dez brasileiros, o estresse pode afetar áreas do corpo que você nem imagina. Junto a batimento cardíaco acelerado e rigidez muscular, o problema traz também problemas bucais. Pessoas nervosas, em especial mulheres adultas, tendem a desenvolver uma série de complicações que podem resultar na destruição e perda de dentes.
Chamado de ‘mal do século’, o estresse pode gerar muitos problemas
Foto:  Reprodução
Afta, herpes, bruxismo e doença periodontal são os males mais recorrentes. Segundo a cirurgiã bucomaxilofacial Katyuscia Lurentt, esta última é a mais grave. A doença ocorre quando há acúmulo de bactérias na gengiva. Os organismos se infiltram no dente, destruindo o tecido ósseo e levando à queda.
A especialista explica que o estresse aumenta a produção de cortisol, hormônio que gera um processo inflamatório e a presença de bactérias na boca. “A tensão também faz o corpo liberar hidrocortisona, que dificulta a cicatrização.No meu consultório o número de mulheres é maior”, cita.
Outro problema comum em estressados é o bruxismo, que é o hábito de travar e ranger os dentes por longos períodos. Em diversas ocasiões, a ação acontece até mesmo durante o sono. Ela explica que a pessoa estressada e ansiosa não consegue relaxar e passa a ranger os dentes sem perceber, o que desgasta e sobrecarrega o local.
A lista de problemas não terminou. O estresse eleva a incidência de aftas, herpes e boca seca. A última costuma ser fruto de medicamentos contra a ansiedade, que reduzem a produção de saliva. Já os dois primeiros ocorrem a partir da baixa de imunidade. “Quem está estressado se alimenta pior, bebe menos líquido e até escova os dentes menos vezes. Isso diminui a taxa de anticorpos e abre portas para os males”.
Apesar de serem problemas de saúde bucal, os distúrbios, quando associados ao estresse, exigem um tratamento para além do consultório dentário. Em muitos casos, o dentista precisa indicar cuidados psicológicos ao paciente. Ela aponta que o profissional pode usar um ansiolítico (droga que diminui a ansiedade) para aliviar as dores nas articulações de quem sofre de bruxismo, por exemplo. “Mas sem a resolução do estresse, que é o problema central, o trabalho do dentista não adianta”, disse.
Erika de Morais Gonçalves, psicóloga do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), também aponta que o problema emocional afeta o físico. Hipertensão arterial, alteração nas taxas de glicose no sangue, psoríase, fibromialgia são, por vezes, associados ao estresse. “O estresse pode não provocar a doença, mas a potencializa.”
Sobre as mulheres, Erika aponta que elas sofrem com a TPM e atividades domésticas e profissionais, que aumentam o estresse. “A terapia cognitiva comportamental tem demonstrado bons resultados para tratar o estresse”.
TOME NOTA
AFTA
Pequena úlcera que aparece na boca. Pode ser provocada por imunidade baixa, bactéria ou vírus, mas o estresse contribui para o surgimento. Para aliviar a irritação, use anestésicos tópicos e evite alimentos condimentados, muito quentes, ou ácidos.
HERPES
É causado por vírus e contagioso. Pode aparecer dentro ou ao redor da boca. O estresse costuma desencadear o mal, junto com febre, radiação ultravioleta, imunidade baixa, escoriações na pele e uso prolongado de antibióticos. O tratamento é feito com antivirais e deve ser iniciado com o surgimento dos primeiros sintomas (aumento da sensibilidade, queimação e coceiras na região dos lábios).
DOENÇA PERIODONTAL
Acúmulo de bactérias na gengiva que se infiltram nos dentes e destroem o tecido ósseo. É a principal causa de perda de dentes em adultos.
BRUXISMO
Trata-se do ranger e apertar dos dentes durante o dia ou o sono. Desgaste dos dentes, dor de cabeça e zumbido nos ouvidos são sintomas comuns. O uso de placas na arcada dentária restringe o movimento dos músculos e o desgaste do dente.

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