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10.20.2014

Aécio explora 'sentimento anticomunista'

Críticas foram feitas por assessor da presidente Dilma Rousseff durante encontro organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais em um auditório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

O assessor especial da Presidência da República para assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, atacou as propostas do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) para a política internacional brasileira na tarde desta quinta-feira (16).
Garcia criticou principalmente o que entende como apelo de Aécio ao discurso anticomunista ao questionar nos debates e na propaganda eleitoral investimentos brasileiros no porto de Mariel, em Cuba.
"É um caso claro de exportação de serviço, é importante e fizemos com outros países, com o Chile e com a Venezuela, Bolívia, Colômbia. O candidato Aécio está tentando aproveitar, não sei se é anticomunista feroz, um sentimento anticomunista que existe em parcelas da população e transformar isso num problema. Não tem essa coisa de deixar de fazer um porto em Rio Grande (RS) para fazer um em Cuba, não tem isso", afirmou Garcia, para completar: "Se ele quiser trazer isso, está apostando na desinformação".
O assessor da presidente Dilma Rousseff participou de encontro organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais em um auditório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Encontrou uma plateia favorável e respondeu as principais críticas da oposição à condução do Itamaraty no governo Dilma. Negou que haja antipatia do Brasil com os Estados Unidos e que o país esteja alinhado em demasia com "os bolivarianos", referindo-se especialmente à Bolívia de Evo Morales e à Venezuela de Nicolás Maduro.
Insinuação
Durante a apresentação, Garcia explicou o atual momento da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e fez insinuações que associam Aécio ao uso de entorpecentes. O tucano tem defendido mais segurança nas fronteiras para evitar o ingresso de cocaína no país.
"Se vocês lerem os documentos constitutivos da Unasul, verão que concretamente o que se dá ênfase ali é na questão da integração logística, da integração elétrica. Tudo isso vai exigir do governo brasileiro, mudança na capacidade de diálogo. Essa capacidade não se fará se nós dissermos que estamos cercados por países produtores de cocaína. (aplausos) Não entendo tanto essa obsessão com a cocaína, mas deixa pra lá (risos)."
No final, para a imprensa, Garcia criticou a proposta de Aécio de aproximação com o bloco de países da Aliança do Pacífico, em detrimento do Mercosul.
"Estamos há três meses defendendo um diálogo entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul. Quem está defendendo a Aliança do Pacífico não tem a mínima ideia do que é a Aliança do Pacífico.
Aécio não tem ideia de muitas coisas, mas essa aí em particular. Temos, em termos comerciais, tarifas com vários países da Aliança do Pacífico mais baixas que eles têm internamente", afirmou.
Mar de lama
Em seguida, o assessor atacou mais diretamente a postura do candidato do PSDB e afirmou que o avô de Aécio, Tancredo Neves, que foi ministro da Justiça no último mandato do ex-presidente Getúlio Vargas (1951-1954), "daria voltas no túmulo" ao ver o tucano mencionando um "mar de lama" no atual governo.
"O Aécio está reeditando a velha agenda da direita brasileira. Neste particular ele não está inovando nada, ele é um candidato velho. A cereja no bolo foi a frase dele sobre o mar de lama. O avô dele, que participou daquele governo que era chamado de mar de lama, de Getúlio, deve estar dando voltas no túmulo. Essa é a linguagem que levou Getúlio ao suicídio, levou ao golpe militar, mas não vai nos levar a uma derrota. Se nos levar, tudo bem, faz parte da democracia, mas acredito que o povo brasileiro evoluiu muito".



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