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10.13.2014

Ainda não me recuperei da surpresa', diz vencedor do Nobel de Economia

Prêmio deste ano é sobre como 'domar' empresas poderosas.
Tirole é considerado um dos economistas mais influentes da atualidade.

Do G1, em São Paulo
Jean Tirole é o vencedor do Nobel de Economia de 2014 (Foto: AFP)Jean Tirole é o vencedor do Nobel de Economia de 2014 (Foto: AFP)
O economista e professor da Universidade de Toulose, na França, Jean Tirole, de 61 anos, disse "ainda não estar recuperado" da supresa por ter recebido o Prêmio Nobel de Economia de 2014 na manhã desta segunda-feira (13).
Em entrevista por telefone à Real Academia Sueca de Ciências, o economista francês disse ter ficado muito surpreso ao receber a ligação da organização avisando sobre o prêmio. "Eu fiquei incrivelmente surpreso e honrado e levei meia hora para me recuperar do telefonema. Eu não me recuperei ainda, mas imediatamente pensei em todas as pessoas que me ajudaram com minha carreira... minha família, meus colegas e alunos que desempenharam um grande papel", disse.
 O economista contou que as primeiras pessoas para as quais contou sobre o prêmio foram a mulher e a mãe. "Para ser honesto, antes de tudo...ela [mãe] tem 90 anos e eu primeiro pedi que ela se sentassse antes de contar a notícia. Minha mãe era professora de francês, latim e grego. Conhecimento é uma coisa muito importante para ela, muito importante."
O trabalho de Tirole aborda a questão da concentração de mercado. "Muitos setores são dominados por um pequeno número de grandes empresas ou apenas por um simples monopólio. Deixados sem regulação, esses mercados frequentemente produzem resultados sociais indesejáveis - preços mais altos do que o dos outros motivados por custos, ou empresas improdutivas que sobrevivem por bloquear a entrada de novas empresas mais produtivas", afirma a academia.
Tirole, que aparecia como um dos favoritos há anos, receberá um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão ou perto de R$ 2,4 milhões).
“Jean Tirole é um dos economistas mais influentes do nosso tempo. Ele fez contribuições teóricas importantes a várias áreas, mas, principalmente, ele esclareceu como entender e regular setores com algumas poucas empresas. Tirole recebe o prêmio deste ano por sua análise do poder e regulação de mercado”, diz a Real Academia Sueca de Ciências.
O economista é diretor científico de economia industrial da Universidade de Toulouse e obteve seu PhD no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), localizado em Massachusetts, nos Estados Unidos (MIT).
Na década de 1980, Jean Tirole deu nova vida à pesquisa sobre "falhas de mercado", segundo a academia. Suas análises sobre empresas com poder de mercado resultaram em uma teoria unificada com uma forte influência sobre questões políticas centrais: como o governo deveria lidar com fusões e cartéis e como deveria regular os monopólios.
"Muitas indústrias são dominadas por um pequeno número de grandes empresas ou apenas por um simples monopólio. Deixados sem regulação, esses mercados frequentemente produzem resultados sociais indesejáveis - preços mais altos do que o dos outros motivados por custos, ou empresas improdutivas que sobrevivem por bloquear a entrada de novas empresas mais produtivas", afirma a Real Academia Sueca de Ciências sobre o contexto em que os estudos de Tirole foram realizados.
O prêmio de economia, oficialmente chamado de Prêmio Sveriges Riksbank de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, foi criado em 1968 e não fazia parte do grupo original de honrarias estabelecidas pelo magnata que criou a dinamite, definidas em seu testamento, em 1895.
Economistas dos Estados Unidos dominaram o prêmio Nobel desde 1994 - apenas alguns vencedores são de outras partes do mundo. Os economistas premiados raramente têm nomes conhecidos, mas a premiação já consagrou personalidades tais como Paul Krugman, Milton Friedman, Friedrich August von Hayek e Joseph Stiglitz.
 Jean Tirole é o terceiro francês a receber o Nobel de Economia, depois de Gérard Debreu em 1983 e Maurice Allais, em 1988.
O prêmio
Esta premiação encerra a edição dos prêmios Nobel de 2014, que teve início na segunda-feira passada com a reconhecimento do trabalho dos pesquisadores John O'Keefe, May-Britt Moser e Edvard Moser. Os vencedores do prêmio descobriram a existência de células que formam um sistema de posicionamento no cérebro humano, uma espécie de "GPS" interno. Eles dividiram o prêmio de Medicina.

Na terça-feira, Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura receberão o prêmio de Física pela invenção de diodos de luz azul, que, em última análise, proporcionaram uma fonte econômica de luz branca.
Na quarta-feira foi anunciado o último Nobel científico, o de Química, para Eric Betzig, Stefan Hell e William Moerner por trabalhos que levaram a capacidade dos microscópios a um novo patamar.
Na quinta-feira, o Nobel de Literatura foi dado à escritor francês Patrick Modiano, por conta "da arte da memória com a qual evocou os destinos humanos mais inapreensíveis e jogou luz sobre a vida durante a ocupação".
Na sexta, o indiano Kailash Satyarthi e a paquistanesa Malala Yousafzay ganharam o Nobel da Paz de 2014 "pela sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação".
Em 2013
No ano passado, foram premiados os economistas norte-americanos Eugene F. Fama, Lars Peter Hansen, da Universidade de Chicago, e Robert J. Shiller, da Universidade de Yale, por seu trabalho pioneiro em identificar as têndencias nos mercados financeiros.

Veja a lista dos últimos ganhadores
2013: Eugene F. Fama, Lars Peter Hansen, da Universidade de Chicago, e Robert J. Shiller (EUA)
2012: Alvin E. Roth (EUA) e Lloyd S. Shapley (EUA)
2011: Thomas Sargent (EUA) e Christopher Sims (EUA)
2010: Peter Diamond e Dale Mortensen (EUA), Christopher Pissarides (Chipre-GB)
2009: Elinor Ostrom e Oliver Williamson (EUA)
2008: Paul Krugman (EUA)
2007: Leonid Hurwicz, Eric Maskin e Roger Myerson (EUA)
2006: Edmund S. Phelps (EUA)
2005: Thomas C. Schelling (EUA) e Robert J. Aumann (EUA-Israel)
2004: Finn Kydland (Noruega) e Edward Prescott (EUA)
2003: Robert F. Engle (EUA) e Clive W.J. Granger (GB)
2002: Daniel Kahneman (Israel-EUA) e Vernon L. Smith (EUA).
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