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11.15.2014

Os tucanos derrotados querem fazer um "Terceiro Turno Eleitoral"

Cardozo diz que oposição tenta usar
Lava Jato como '3º turno eleitoral'

Ministro da Justiça comentou últimos desdobramentos da operação policial.
Nesta sexta (14), Polícia Federal cumpriu novos mandados de prisão.

Rafael Miotto Do G1 SP
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou neste sábado (15), sem citar nomes, que a oposição está tentando usar as novas prisões da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), para construir um "terceiro turno eleitoral".
Ele convocou entrevista coletiva em São Paulo para comentar os desdobramentos da sétima etapa da operação policial, que prendeu, nesta sexta (14), executivos de empreiteiras e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
 
“Eu repilo veementemente a tentativa de se politizar essa investigação. De tentar carimbar forças políticas ‘A’, ‘B’ ou ‘C’ para que se possa ter prolongamento de palanque eleitoral”, disse Cardozo.
O ministro apontou supostas tentativas de se fazer, com base na operação Lava Jato, um "terceiro turno eleitoral".
“O governo não mudará um milímetro da sua conduta na perspectiva de exigir investigação, de apurar, doa a quem doer, seja quem for. Falo isso para repelir, com veemência, tentativas de se construir, em cima dessa investigação, um terceiro turno eleitoral. Aliás, postura muito ruim, que não contribui para os avanços da investigação”, disse o titular da Justiça.

Cardozo foi questionado sobre se estaria se referindo ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à Presidência da República derrotado por Dilma Rousseff nas eleições de outubro. Nesta sexta, o tucano declarou que a Petrobras "vai trazendo para si uma marca perversa" em razão das "gravíssimas" denúncias de corrupção e das ações do atual governo na estatal. O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse sentir "vergonha" do que está acontecendo na Petrobras. Líderes de partidos de oposição no Congresso anunciaram que vão pedir que o ex-diretor Renato Duque seja convocado a depor na CPI mista que investiga denúncias contra a petroleira.

O governo não mudará um milímetro da sua conduta na perspectiva de exigir investigação, de apurar, doa a quem doer, seja quem for. Falo isso para repelir, com veemência, tentativas de se construir, em cima dessa investigação, um terceiro turno eleitoral. "
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça
“Estou me referindo a toda e qualquer pessoa que, neste momento, tente resolver isso de forma eleitoral”, declarou o ministro.
Em São Paulo, neste sábado, o vice-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), também se referiu a uma suposta tentativa da oposição de se “apoderar” de investigações feitas por instituições de fiscalização.
"Na verdade, a oposição, ela, em algum momento – pelo menos no Parlamento –, ela tenta se apoderar de um trabalho que não foi a oposição que fez, porque se a PF, MP e outros organismos estão investigando, a CGU está investigando, significa que as instituições brasileiras estão funcionando”, declarou.
PSDB critica
Na tarde deste sábado, após a fala do ministro, o PSDB divulgou nota do presidente do partido, senador e candidato derrotado a presidente Aécio Neves, na qual ele afirma que o caso investigado na Lava Jato não é "político", mas "de polícia".

"O PSDB lamenta que, neste momento, o governo federal, através de suas autoridades, insista em tentar dar tratamento político a um caso que é, eminentemente, de polícia", afirmou na nota.
Ele defendeu punição a autoridades que supostamente permitiram que os crimes investigados pela Polícia Federal tivessem sido praticados na Petrobras. "Para o partido e as oposições, tão importante quanto responsabilizar diretores da Petrobras que se transformaram em operadores do esquema, ou empresas que dele participaram, é identificar e punir os agentes públicos que permitiram o irresponsável aparelhamento da empresa e criaram as condições necessárias para a expropriação de recursos públicos, para dele se beneficiarem direta ou indiretamente", disse.
Presos
A sétima fase da Operação Lava Jato – que investiga um esquema de lavagem e desvio de dinheiro que movimentou cerca de R$ 10 bilhões –, foi deflagrada na manhã desta sexta-feira, cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco e no Distrito Federal.

Ao todo, segundo a superintendência da PF em Curitiba, 21 pessoas estão presas. Nas contas de Cardozo, no entanto, 19 suspeitos foram presos na mais recente etapa da Lava Jato.

O ministro da Justiça ressaltou que o governo federal está comprometido a garantir que "tudo seja esclarecido". "Nós entendemos que a principal defesa que precisamos fazer da Petrobras, uma empresa vital – e repudiamos qualquer tentativa de atingi-la nesse momemto –, é investigar os fatos, apurar as ocorrências e punir as pessoas que, porventura, tenham praticado atos ilícitos", destacou.

Segundo o ministro, apesar de estar sob investigação, a Petrobras deverá seguir normalmente com suas atividades. "Pretendo conversar com a presidente [da estatal] Graça [Foster] para que tenhamos clareza da forma como vamos estar atuando em relação a esta situação. O importante é o seguinte: a Petrobras não parará, continuará trabalhando", assegurou o titular da Justiça.

Como Dilma tomou conhecimento
O ministro relatou ter sido informado sobre a nova fase da Operação Lava Jato na manhã desta sexta-feira, pouco antes do início das prisões. “Por volta de 6h30, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, esteve na minha casa, me passando todos os dados”, disse. Cardozo explicou que, logo em seguida, entrou em contato com Dilma Rousseff para repassar as informações.

“Ela [Dilma] está ciente das investigações. No momento em que eu pude ter acesso, por força de sigilo aos dados, eu repassei à presidenta. E ela transmitiu exatamente o que estou dizendo: peça à Polícia Federal que prossiga com firmeza nas investigações, determine a Polícia Federal que prossiga com absoluta lisura e imparcialidade, zele para que tudo seja esclarecido. Foi isso efetivamente que ela me transmitiu", contou Cardozo.

Balanço
José Eduardo Cardozo aproveitou a entrevista coletiva para atualizar os dados das prisões da sétima etapa da Operação Lava Jato. Segundo ele, dos seis mandados de prisão preventiva expedidos, quatro foram cumpridos.

Em relação às prisões temporárias, diferentemente do que informou a superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ministro da Justiça afirmou que, dos 19 mandados expedidos, 15 foram cumpridos. A PF havia informado que foram executados 16 mandados de prisão temporária. De acordo com Cardozo, também foram cumpridos todos os 49 mandatos de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal do Paraná. Dos nove mandados de conduções coercitivas, seis foram executados, confirmou o ministro

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