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11.06.2014

Saiba como pedófilos buscam vítimas na internet

Delegado da Polícia Federal especializado no combate ao crime de consumo e produção de pornografia infantil explica como agem os pedófilos virtuais e como evitá-los


Sweetie, menina virtual criada por ONG australiana para flagrar pedófilos na eFoto: Divulgação / ONG/Terredes Homme Uma operação recente da Polícia Federal prendeu mais de 50 pessoas por compartilhamento e produção de material pornográfico infantil. Com a atuação cada vez mais forte das autoridades, os pedófilos têm buscado novas formas de compartilhar material evitando a identificação. Atualmente as redes sociais e jogos online são meios usados para iniciar o contato com crianças e adolescentes.Desde meados da década passada, o principal ambiente frequentado pelos pedófilos tem sido a deep web, uma espécie de subcamada da internet que não é acessível por meio de buscadores e navegadores comuns. A principal preocupação é evitar a identificação pela polícia e os ataques de hackers que costumam derrubar as páginas de pornografia infantil, conhecidas como “hard candy” ou “jailbait”.Para os policiais que trabalham diretamente no combate a estes crimes, o ambiente virtual é tão hostil e perigoso quanto o ambiente real, e os abusadores ganham status quando conseguem seduzir novas vítimas. “A ideia de seduzir uma criança para eles é uma conquista, escravizar a criança (...) Por isso o perigo da internet, que tem que ter um acompanhamento diuturno dos pais, nunca deixar a criança sozinha no computador, é um ambiente hostil”, diz o delegado da Polícia Federal Rafael França que integra o Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos que faz parte da Unidade de Repressão a Crimes de Pornografia Infantil.principalmente em redes sociais e jogos que permitem conversas entre os participantes.Delegado da Polícia Federal Rafael França, que trabalha na repressão de crimes contra pedofilia
Daniel Favero / Terra
 Não existe um perfil definido de quem compartilha material pornográfico infantil. O que se sabe é que uma vez soltos, a probabilidade de os consumidores de pornografia infantil voltarem a cometer esse tipo de crime é grande. Durante a operação Darknet deflagrada no mês passado, “vários foram presos novamente, foram pegos de novo fazendo a mesma coisa. Alguns confessaram, inclusive, que tomavam remédio durante um tempo, mas que deixaram de tomar porque tirava a libido”, conta França.O comportamento dos pedófilos na internet pode ser dividido em dois momentos. No início costumam navegar sozinhos em busca de fotos e vídeos, e evitam grupos por medo de serem identificados. Mas isso não quer dizer que não troquem informações, tanto que quando presos, sabem até o que dizer à polícia para evitarem punições mais durasA outra forma de pedofilia virtual é mais ousada, quando os abusadores buscam contato direto com as vítimas. Isso acontece


“Em um caso (investigado pela PF) no interior do Estado (do Rio Grande do Sul) ele se passava por uma criança no Facebook. É muito perigoso isso aí, é uma coisa que até passei a cuidar (com meus filhos) porque qualquer joguinho online tem um chat e é naquele chat que eles entram, começam a passar por crianças, começam uma conversinha, todo mundo tem webcam, e eles começam pedindo para a criança começar a fazer isso, aquilo... passando isso para outra criança, que faz... e eles filmam, vendem, ou compartilham isso, sendo que eles acumulam pontos com isso”, explica o delegado, dizendo que os abusadores costumam fazer ameaças às crianças, dizendo que se elas não continuarem, ele mostrarão tudo para os pais.


PF faz operação contra pornografia infantil em 18 Estados
Foto: Polícia Federal / Divulgaçã

“A criança não reage, ela se sente culpada por aquilo”, diz o delegado ao relatar os métodos de coação adotados pelos criminosos. “Recentemente teve um caso de um professor de artes marciais que sodomizava vários guris (...) ele falava que ia bater nos pais se alguém contasse, e tem meninos que até hoje que estão passando por tratamento psicológico”, relata França.

Um dos relatos mais aterrorizantes foi o caso de um homem preso na operação Darknet que relatava que tinha a intenção de abusar da filha quando ela nascesse. “Ele deixava claro, por onde andava, (que iria abusar da filha) e nós fomos a campo e encontramos a mulher dele grávida”, afirma o delegado. Entre os presos estavam ainda um seminarista e um servidor público.

Foco é o resgate
A principal preocupação da polícia nessas investigações é de identificar e resgatar crianças em situação de abuso. As penas pela produção, compartilhamento e armazenamento de material pornográfico infantil variam de 1 a 8 anos de prisão. Entretanto é muito difícil flagrar a pessoa compartilhando ou produzindo esse tipo de material, por isso a maioria é enquadrada pela posse do material, que prevê uma pena mais branda. “É uma falha, na minha opinião, que deve ser corrigida o quanto antes (...) porque se ele tiver novamente contato com criança ele vai fazer”, afirma França.
Segundo a própria Polícia Federal brasileira, a principal referência no combate à pornografia infantil é o Federal Bureau of Investigation (FBI), que possui um manual que ajuda os pais a identificarem e prevenirem a aproximação e abusadores. Veja algumas das dicas.
Como agem os pedófilos na internet O primeiro contato
- Costumam seduzir gradualmente as crianças dando atenção, atuando de forma gentil e dando presentes. Quando conquistam a confiança tentam distanciar a criança do contato familiar. Nas conversas, eles potencializam problemas familiares como forma de falso apoio, aproximando-se ainda mais das vítimas.

- Eles dedicam uma considerável parte do tempo à aproximação. O momento mais crítico é durante a noite. Eles conhecem as músicas da moda, hobbies e interesses da criança. A partir do momento em que conquistam a confiança, começam a compartilhar material pornográfico de forma gradual nas conversas como forma de iniciar o contato sexual. A pornografia adulta é utilizada por essas pessoas para criar a ilusão de que relacionamentos entre crianças e adultos é algo comum. O objetivo principal é o contato por vídeo para depois realizarem encontros pessoais.

Onde eles buscam as vítimas
- As salas de bate-papo, ou chats, são o ambiente mais utilizado pelos pedófilos em busca de novas vítimas. No entanto, mais recentemente, as redes sociais e jogos online nos quais os participantes podem conversar são usadas para a aproximação. Por esse motivo, recomenda-se que, caso a criança tenha um perfil pessoal, ela não compartilhe fotos ou informações pessoais, como nome, escola onde estuda e número de telefone. Tudo deve ser monitorado pelos pais.

 - Crianças que ficam durante parte do dia sozinhas no turno inverso ao da escola (quando os pais estão no trabalho) e que possuem computador no quarto são potenciais vítimas.

Sinais de que o abuso pode estar ocorrendo
 - A criança se distancia da família. Isso pode acontecer quando o abusador está tentando se aproximar da criança ou quando o abuso já está ocorrendo.

- Encontrar material pornográfico no computador de seu filho é um indicativo de que um abusador pode estar tentando se aproximar de seu filho.

- Ligações telefônicas de pessoas desconhecidas para os seus filhos, correspondências e presentes são métodos de abordagem e sedução. Em alguns casos, os abusadores chegam a enviar passagens para adolescentes pelo correio. Eles também usam de artifícios para descobrir o número do telefone de suas vítimas.

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 -  Quando a criança usa contas de terceiros para acessar e-mail e redes sociais. Apesar do contato começar via chats, a conversa sempre continua por e-mail.

Como proteger o seu filho
- Considere falar abertamente com seu filho sobre os perigos da internet. Oriente seus filhos a não postarem fotos em redes sociais e a não conversarem com pessoas que conheceram online tanto em bate-papos como em chamadas em vídeo.

- Sempre vasculhe o computador de seus filhos. Caso não saiba como fazer isso, procure ajuda de amigos, parentes ou colegas de trabalho. Qualquer tipo de pornografia é um sinal de alerta. Use ferramentas de monitoramento disponíveis no mercado.

- Navegue com seus filhos na internet, conheça os sites que eles costumam acessar, e os ensine a visitar locais confiáveis. Se possível, deixe o computador em uma área comum da casa, evitando que a criança ou adolescente fique sozinho no quarto na internet.

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