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11.21.2014

Universitários criam fábrica de óculos de grau de baixo custo para doação

Alunos do Insper receberam prêmio de R$ 100 mil para investir no negócio.
Empresa emprega ex-presidiários, moradores de rua e refugiados.

Vanessa Fajardo Do G1, em São Paulo
Fabio Blanco e Bruna Vaz atuam na empresa VerBem que produz óculos de grau a baixo custo para doação (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)Fabio Blanco e Bruna Vaz atuam na empresa VerBem que produz óculos de grau a baixo custo para doação (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Um grupo de alunos e professores do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em São Paulo, criou uma fábrica de óculos de grau a baixo custo para serem doados em comunidades carentes. O projeto, chamado VerBem, integra a ONG Renovatio, ligada ao Insper, e funciona como atividade extracurricular aos alunos. O trabalho dos fundadores é voluntário e a empresa não tem fins lucrativos.
O que começou como um projeto universitário virou negócio. A empresa que emprega três pessoas, e produz, em média, 12 óculos por dia, no Instituto da Visão, na Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo, vai crescer. O projeto foi premiado na categoria Universidade Solidária, do Prêmio Santander Universidades, no dia 5 de novembro, e ganhou R$ 100 mil para investir na empresa.
O dinheiro vai servir para montar uma nova fábrica na comunidade Vila Nova Esperança, no Butantã, na Zona Oeste de São Paulo, triplicar o número de funcionários e a produção. Os empregados são pessoas que estão em vulnerabilidade social como ex-presidiários, moradores de rua e refugiados, têm por obrigação além de trabalhar, estudar e participar de programas culturais.
Um dos funcionários atuais é Alex Sandro dos Santos, de 34 anos, que passou dez anos preso, perdeu o contato com o pai e as irmãs e vê no projeto uma chance de se reerguer na vida. “É a minha oportunidade.” Cada trabalhador precisa montar no mínimo sete óculos por dia, e recebe bônus à medida que ultrapassa a meta. O custo médio de cada unidade é R$ 17 - o mesmo modelo pode ser encontrado nas óticas por R$ 90, segundo os integrantes do VerBem.
Alex Sandro é um dos funcionários do VerBem (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)Alex Sandro é um dos funcionários do VerBem
(Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Duplo impacto
Os óculos estão disponíveis em apenas um modelo em cores e tamanhos diferentes. A armação de aço flexível e as lentes vêm da Alemanha, da Fundação OneDollarGlasses, matriz que originou o projeto no Brasil. Há lentes apenas para casos de miopia e hipermetropia entre seis graus negativo e seis positivo.

Desde junho deste ano, quando as atividades foram iniciadas, já foram produzidos 800 óculos. Cerca de 600 foram doados para comunidades carentes em São Paulo e famílias ribeirinhas do Pará. Os óculos são oferecidos para pacientes com receitas do Sistema Único de Saúde (SUS).
O objetivo do atividade é gerar um duplo impacto, segundo estudante de economia Fabio Rodas Blanco, de 21 anos, um dos organizadores do VerBem. “Atendemos pessoas em situação de vulnerabilidade social e nossa outra missão é produzir objetos que gerem impacto.”
Blanco conta que participou da doação de 46 óculos em uma comunidade ribeirinha do Pará e a história de um contemplados o marcou. Um homem com seis graus de miopia que não usava óculos e ganhava a vida subindo em árvores para apanhar açaís. “Ele tinha de subir 10 metros para ver se o açaí estava maduro ou não porque não conseguia enxergar.
Nunca aprendi tanto e fazemos tudo voluntariamente. Abrimos mão de férias e viagens para nos dedicarmos ao projeto porque é gratificante e acreditamos no seu impacto"
Bruna Vaz, de 20 anos,
aluna de administração
Queremos chegar a toda população que não pode pagar por um óculos, que vive na extrema pobreza, para poder ajudar em seu desenvolvimento pessoal e profissional.” O estudante diz que a meta da empresa é dentro de três a quatros anos, exterminar o problema de falta de visão gerado por ausência de óculos em todo o país.
Para Bruna Vaz, de 20 anos, estudante de administração e diretora financeira do VerBem, o negócio propicia que todo o conhecimento da faculdade seja utilizado na prática. “Nunca aprendi tanto e fazemos tudo voluntariamente. Abrimos mão de férias e viagens para nos dedicarmos ao projeto porque é gratificante e acreditamos no seu impacto.”
Mesmo depois de se formarem na faculdade, os alunos pretendem participar do projeto atuando no conselho consultivo. A tendência, segundo eles, é de que outros voluntários sejam agregados e que os funcionários possam treinar os novos colaboradores e subir na escala hierárquica da empresa.
O VerBem terá uma plataforma na internet para doações, patrocínios de empresas e vendas online para o público que queira comprar. Por enquanto, o contato com o grupo pode ser feito pela página no Facebook.
Parte da equipe fundadora e funcionários atuais da fábrica que atua no Instituto da Visão (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)Parte da equipe fundadora e funcionários atuais da fábrica que atua no Instituto da Visão (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)

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