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12.25.2014

Gravidez de cubana foi uma das condições para acordo histórico

Esperma de espião que cumpria pena nos Estados Unidos foi enviado para inseminação artificial

O Dia
Cuba - Uma dúvida martelou a cabeça dos habitantes de Cuba durante os festejos pelo retorno para casa, semana passada, dos três espiões cubanos que cumpriam pena de prisão perpétua nos Estados Unidos e que foram soltos após acordo entre os dois países. Como poderia estar grávida Adriana Pérez? Afinal, seu marido, Gerardo Hernández, líder do grupo de contrainteligência, estava encarcerado desde 1998 sem direito a visitas. Entre rumores de traição e de uma possível ida clandestina da mulher à cadeia, a pergunta foi sendo respondida nos últimos dias.
Barrigão de Adriana causou boato de que traíra Hernández. Casal se reencontrou há uma semana após 16 anos
Foto:  Efe
Na verdade, a gravidez de Adriana fez parte das negociações secretas entre autoridades cubanas e norte-americanas, que se desenvolveram nos últimos 18 meses e culminaram com a retomada das relações diplomáticas anunciada dia 17. Após muitas conversas, Washington autorizou que o pedido de Adriana fosse realizado: o sêmen de Gerardo foi enviado para Cuba, onde ela passou por processo de inseminação artificial, já que temia não ver o marido de novo. Em troca, Havana garantiu melhores condições na prisão para Alan Gross, espião norte-americano que acabou libertado por Cuba após o reatamento diplomático.
Foi o próprio Hernández quem confirmou a história. “A primeira conquista desse processo de aproximação (entre os países) foi essa”, disse, apontando para a barriga de Adriana. “Fizemos por ‘controle remoto’, mas tudo correu perfeitamente bem”, brincou. O fruto da longa história tem seu nascimento previsto para daqui a duas semanas: é uma menina e se chamará Gema.
Ontem, o governo cubano deixou claro que não pretende acatar todos os pedidos dos Estados Unidos. Condenada pelo assassinato de um policial em Nova Jersey em 1973, a americana Assata Shakur fugiu da prisão e viajou para a Cuba. Na Ilha, na época, recebeu asilo político do presidente Fidel Castro. Desde então, Washington requer a extradição e oferece 2 milhões de dólares por informações que levem à sua captura. “Toda nação tem direito de garantir asilo a pessoas que considera perseguidas”, diz Josefina Vidal, secretária para assuntos norte-americanos de Cuba. Ativista de direitos dos negros, Assata tem inocência defendida por movimentos sociais.
Retomada de relações diplomáticas
Há uma semana, o mundo parava para acompanhar o pronunciamento simultâneo dos presidentes de Cuba e Estados Unidos, Raúl Castro e Barack Obama. Na ocasião, os dois anunciaram a retomada das relações diplomáticas entre os dois países, interrompida durante mais de meio século.
O acordo envolveu a troca de prisioneiros, com o retorno de três agentes cubanos à Ilha em troca de Alan Gross, preso por cinco anos em Havana acusado de espionagem.
Também está prevista a abertura de embaixadas nos dois países e a retirada de Cuba da lista de nações patrocinadoras do terrorismo.
Apesar do reatamento, o embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba, iniciado em 1960 e transformado em lei em 1996, só poderá ser levantado com a aprovação do Congresso. A votação pode ocorrer em 2015.

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