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12.29.2014

Lava Jato: Juiz Sérgio Moro tem obsessão pelo combate à corrupção


Ele não gosta de entrevistas e de aparecer na mídia mas adora o PSDB onde sua esposa é assessora. 

NONATO VIEGAS
Moro não gosta de entrevistas e de aparecer na mídia
Foto:  Gil Ferreira

Curitiba: A ponte aérea, para os advogados de executivos das maiores empreiteiras do país, deixou de ser Rio-São Paulo e incluiu Curitiba, de onde são comandadas as investigações da Operação Lava Jato, que podem desestruturar grupos acostumados à impunidade. A passagem de ida e volta custa, em média, R$ 400. Fichinha perto do que se estima de desvios da Petrobras: R$ 21 bilhões.


Quem comanda a operação, com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, é um juiz de 42 anos, de Ponta Grossa, no Paraná, de hábitos simples, sotaque forte, voz grossa e avesso a ver sua imagem na mídia. E que vê sua função, na qual ingressou aos 24 anos, em 1996, como missão. Por suspeitar da tentativa de cooptação política, rejeitou a possibilidade de se tornar desembargador.
Filho de professor, até março, quando começaram as delações premiadas de um doleiro e de um ex-diretor da Petrobras, ia de bicicleta ao trabalho, na 13ª Vara Federal de Curitiba. A pedido da família, hoje vai de carro, um Fiat Idea 2005.
Sérgio Fernando Moro — o juiz federal que comanda a Lava Jato — colocou Brasília em suspensão. A presidenta Dilma Rousseff (PT) até tentou saber do MPF se algum dos ministeriáveis está na lista de suspeitos, e o Congresso espera para definir seu futuro, em fevereiro. “É possível que uma centena de parlamentares esteja relacionada ao esquema”, disse ao DIA um deputado federal.
O julgamento pode afetar não só a Petrobras, mas obras país afora, como as da Olimpíada. A Queiroz Galvão, uma das que tiveram executivos presos, enfrenta problemas de caixa, e uma multa milionária atrapalharia empreitadas, como a do complexo de Deodoro.
“Tudo será considerado”, explica um dos colegas de Moro, que lembra que as “empresas são grandes demais para quebrar” e que refuta que “considerá-las inidôneas pararia o Brasil”.
“Ele é especialista em lavagem de dinheiro. Pressão não o afetará”, afirmou ao DIA, sobre o colega, o juiz federal Eduardo André Brandão. Um herói? “Não”, respondeu Moro a repórteres. “Um juiz”, completou Brandão.
Operação Mãos Limpas é a inspiração
As consequências sobre empreiteiras e a política podem não ter sido planejadas por Sérgio Moro, no início da Lava Jato, em março. O foco era um posto de gasolina — daí o nome —, em Brasília, para a lavagem de dinheiro.
Mas o alvo sempre foi “a máquina que sustenta a corrupção na administração pública” — conforme escreveu num artigo sobre a operação Mãos Limpas, na Itália. Segundo um amigo de Moro, a operação italiana é sua inspiração e “quase obsessão”.
O artigo ‘Considerações sobre a Operação Mani Pulite’ dá dicas sobre a cabeça de Moro. “É ingenuidade pensar que processos criminais eficazes contra figuras poderosas, como autoridades ou empresários, possam ser conduzidos normalmente, sem reações”, disserta ele no texto.
E acrescenta: “A opinião pública, como ilustra o exemplo italiano, é essencial”. O vazamento à imprensa das delações e investigações é a constante da Lava Jato.
Especialista pela Harvard Law School, Moro foi auxiliar da ministra Rosa Weber no julgamento do Mensalão, no STF.
Avesso a falar de sua vida privada
“Discreto”. É como define Sérgio Moro seu amigo de mais duas décadas, o também juiz federal Anderson Furlan, 39 anos. Apesar do tempo de amizade, ele diz que nem sequer sabe o time para o qual torce o colega de magistratura.
Não sabe também em quem ele votou em outubro. “Não fala. É assunto do qual não participa”, diz o juiz por telefone ao DIA.
Furlan revela ainda que, incomodado com reportagens como esta — um perfil —, Moro pediu aos amigos mais próximos que não falem à imprensa. “É para que não se mude o foco de interesse público: as investigações, o esquema de corrupção na Petrobras. Não ele”, diz, acrescentando, porém: “Amigo ou não, Moro é motivo de orgulho para todos os juízes.

O contraditório:

Esposa do Juiz Sérgio Moro é assessora do PSDB

Esposa de Sergio Moro, Juiz responsável pela Operação Lava Jato,

é assessora jurídica do PSDB. 

Além da esposa, irmão do Juiz, Moro,  não esconde simpatia pelos tucanos

 nas redes sociais

Rosângela Wolff de Quadros Moro
Rosângela Wolff de Quadros Moro, esposa do Juiz da Operação Lava Jato e assessora do PSDB (reprodução)
Fabiano Portilho, 
O nome de Rosângela Wolff de Quadros Moro passaria despercebido se não fosse
 por um detalhe o sobrenome “Moro”. Rosângela é esposa de Sérgio Fernando,
Moro, o Juiz responsável pela Operação Lava Jato, apontado por diversos juristas
de nome e renome como o “Rei dos Vazamentos” mas só quando os depoimentos
 citam alguém do PT e PMDB.
A senhora Moro é assessora jurídica de Flávio José Arns, Vice do Governador
 do Paraná, Beto Richa (PSDB). Flávio Arns, é Sobrinho de Zilda Arns e
de Dom Paulo Evaristo Arns. Zilda é fundadora e coordenadora internacional
da Pastoral da Criança, e Dom Evaristo, arcebispo-emérito de São Paulo.
O Vice-Governador do Paraná Iniciou a carreira política quando se candidatou
 a deputado federal pelo PSDB, logrando êxito, e sendo reeleito por três vezes
seguidas. Em 2001, deixou o PSDB e filiou-se ao PT. Em 2002, foi eleito
 senador, e em 2006 concorreu ao governo do Paraná, obtendo o terceiro
 lugar com 9,3% dos votos.
Em 19 de agosto de 2009, anunciou que se desligaria do PT, por não
concordar com a maneira como o partido tratou as denúncias contra
 o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Arns voltou, em
2009, junto com o senador Expedito Júnior (PR-RO), para o PSDB.
Nas eleições de 2010, foi candidato a vice-governador do Paraná na
chapa encabeçada por Beto Richa, chapa esta vitoriosa no pleito de
 3 de outubro de 2010, em primeiro turno.
Flavio Arns é conhecido por defender os direitos dos deficientes
físicos e mentais, em especial dos autistas, foi defendendo essa
 bandeira que conheceu Rosângela Moro, que logo depois assumiu
 como Procuradora Jurídica das APAEs no Paraná. A senhora
 Moro chega a representar em Comissão na Câmara Federal, o
 Vice de Beto Richa (PSDB)

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