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10.18.2014
Ódio ao PT fez mais uma vítima: Gregório Duvivier. O ator e poeta Gregório Duvivier, integrante do grupo Porta dos Fundos, foi agredido verbalmente e quase fisicamente no Rio de Janeiro
O ator e roteirista do Porta dos Fundos Gregório Duvivier foi ameaçado nesta quarta-feira (15) em um restaurante, no Leblon, segundo o ..
O discurso de ódio ao PT, que vem sendo alimentado há
vários anos por colunistas de extrema direita e meios de comunicação
conservadores, já deságua em violência. Ontem, a vítima foi o poeta e
ator Gregório Duvivier, que integra o grupo de humor Porta dos Fundos. O
relato está na coluna desta quinta-feira do jornalista Ancelmo Gois:
Gregório Duvivier almoçava ontem no Celeiro, no Leblon, quando um sujeito disse que não ficaria mais ali porque ia "acabar metendo a porrada" nele. O talentoso ator e escritor ficou calado.
Mas o agressor continuou o xingamento, dizendo que ele era da "esquerda caviar" e que deveria estar almoçando no bandejão, "já que gosta tanto de pobre". Meu Deus!
Dois dias atrás, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, Duvivier criticou a patrulha política para que votasse em Aécio Neves e declarou seu apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff. "Nos postes da cidade, os adesivos se multiplicam. ´Aqui se vota Aécio´. Você, que não vota como o poste: ame o Rio - ou deixe-o. Aqui não é sua área. Aqui se brinda pelo fim da maioridade penal. Aqui a gente cansou da corja do PT e quer gente nova - mas logo quem? O mensalão tucano, a compra da reeleição, o aeroporto, o helicóptero, tudo virou pó", disse ele. “A militância de jipe e os comentaristas de portal não me dão essa opção. Se quem defende causas humanitárias e direitos civis é tachado de petista, não me resta outra opção senão aceitar essa pecha”.
Instantes depois, o colunista Rodrigo Constantino, que escreve em Veja.com e disseminou a expressão "esquerda caviar", publicou artigo afirmando que o apoio de Gregório Duvivier a Dilma representaria "mais um ponto" para Aécio. "Causas humanitárias? Tipo… aquelas adotadas na Venezuela ou em Cuba, países que o PT defende? Direitos civis? Tipo… aqueles presentes nos países islâmicos que o PT também defende? Pergunto-me: pode apenas a burrice explicar algo assim?", questionou o colunista de Veja.com, tão troglodita quanto alguns de seus colegas e o agressor de Duvivier.
Como diria Nelson Rodrigues, os idiotas perderam a modéstia e os agressores, de alma fascista, agora saem da toca.
Gregório Duvivier almoçava ontem no Celeiro, no Leblon, quando um sujeito disse que não ficaria mais ali porque ia "acabar metendo a porrada" nele. O talentoso ator e escritor ficou calado.
Mas o agressor continuou o xingamento, dizendo que ele era da "esquerda caviar" e que deveria estar almoçando no bandejão, "já que gosta tanto de pobre". Meu Deus!
Dois dias atrás, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, Duvivier criticou a patrulha política para que votasse em Aécio Neves e declarou seu apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff. "Nos postes da cidade, os adesivos se multiplicam. ´Aqui se vota Aécio´. Você, que não vota como o poste: ame o Rio - ou deixe-o. Aqui não é sua área. Aqui se brinda pelo fim da maioridade penal. Aqui a gente cansou da corja do PT e quer gente nova - mas logo quem? O mensalão tucano, a compra da reeleição, o aeroporto, o helicóptero, tudo virou pó", disse ele. “A militância de jipe e os comentaristas de portal não me dão essa opção. Se quem defende causas humanitárias e direitos civis é tachado de petista, não me resta outra opção senão aceitar essa pecha”.
Instantes depois, o colunista Rodrigo Constantino, que escreve em Veja.com e disseminou a expressão "esquerda caviar", publicou artigo afirmando que o apoio de Gregório Duvivier a Dilma representaria "mais um ponto" para Aécio. "Causas humanitárias? Tipo… aquelas adotadas na Venezuela ou em Cuba, países que o PT defende? Direitos civis? Tipo… aqueles presentes nos países islâmicos que o PT também defende? Pergunto-me: pode apenas a burrice explicar algo assim?", questionou o colunista de Veja.com, tão troglodita quanto alguns de seus colegas e o agressor de Duvivier.
Como diria Nelson Rodrigues, os idiotas perderam a modéstia e os agressores, de alma fascista, agora saem da toca.
A Política do ódio faz mais uma vítima
O mesmo risco que corre o pau corre o machado, esse povo pode começar uma guerra civil mexendo em nossa gente
EM SÃO PAULO É PERIGOSÍSSIMO SER PETISTA
O ESTADO ESTÁ INFESTADO DE NEONAZISTAS DE EXTREMA-DIREITA APOIANDO AÉCIO NEVES...
Na última terça-feira, o blogueiro petista Ênio Barroso, que, por
decorrência de uma doença degenerativa, é cadeirante, foi agredido por
três homens. O motivo: a camisa vermelha e os adesivos que usava, em
apoio à candidata Dilma Rousseff.
Os agressores desceram de um carro, e mandaram Ênio tirar sua camisa. Ao
negar, tomou um tapa na cara, e quase foi derrubado de sua cadeira.
“Não é porque você é um aleijado comunista que não mereça uma surra para
te endireitar”, disseram.
"Terça-feira saí de casa para participar do “Churrascão da Gente
Desinformada” na Praça Roosevelt a noite e vesti minha camisa vermelha,
paramentada de adesivos pró Dilma acompanhados da minha velha
estrelinha de metal do PT que ostento com orgulho e de cabeça erguida
desde Fevereiro de 1980, data da fundação do PT. [...] funcionários me
levaram pela escada rolante e saí pela Rua do Arouche. Estava escuro e
ermo como quase todo o centro de São Paulo nas noites de hoje. Nisso um
carro (acho que era Pajero) encostou na calçada e seus ocupantes
começaram a me xingar pedindo que eu tirasse a camisa."
Não é preciso dizer que nos solidarizamos com Ênio e repudiamos a atitude extremamente covarde dos agressores.
— MP mineiro aponta sumiço de R$ 1 bilhão da Saúde no governo Aécio
Segundo o governo mineiro, parte da verba foi repassada à Companhia de Saneamento de Minas Gerais. A empresa, no entanto, nunca rebeceu o valor
Juliana Dal Piva
Rio - O Ministério Público denunciou ontem o
desaparecimento de R$ 1,017 bilhão do estado de Minas Gerais ocorrido
durante o ano de 2009 quando o governador era Aécio Neves — atual
candidato à presidência da República pelo PSDB. O valor deveria ter sido
empregado pela Secretaria de Saúde, em acordo com o mínimo
constitucional estabelecido de 12%, mas, segundo o governo mineiro,
parte da verba foi repassada à Companhia de Saneamento de Minas Gerais
(Copasa). A empresa, no entanto, nunca rebeceu o valor.
Ministério Público já propôs duas outras ações em 2010 sobre repasses da Secretaria de Saúde que supostamente foram empregados na Companhia de Saneamento de MG. O valor desaparecido, no entanto, é de R$3,4 bilhões e refere-se a repasses do período de 2003 a 2008 — período que compreende aos dois mandatos de Aécio Neves. Tramita na 5ª Vara de Fazenda do TJ-MG uma ação para recuperar o valor e realocá-lo na conta do Fundo Estadual de Saúde. O processo está em fase de perícia das contas do estado.
O MP também propôs ação de improbidade administrativa contra Aécio Neves, governador do período. Na ocasião, o tucano entrou com recurso defendendo que apenas o procurador-geral do Estado poderia propor ações contra o governador. A promotoria recorreu dizendo que quando a ação foi proposta ele não tinha mandato, já que estava em campanha para o Senado. O caso aguarda julgamento do recurso na 2ª instância do TJ-MG.
Governo diz que não foi notificado
Procurado, o governo de Minas Gerais respondeu por meio de nota que até o momento não recebeu notificação a respeito de novos questionamentos do Ministério Público sobre investimentos do Estado em saúde. “O Estado de Minas Gerais irá se pronunciar quando for notificado”, informa a nota.
O governo reiterou que cumpre desde 2003 o “percentual obrigatório de 12% previsto na Constituição Federal no setor de saúde”. A administração estadual segue as determinações e instruções normativas do Tribunal de Contas do Estado (TCE/MG).
O ex-governador e candidato à presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, também foi procurado e disse que não tomou conhecimento sobre a ação proposta pelo Ministério Público durante a sua gestão.
A ação proposta hoje foi realizada pelas Promotorias de Justiça Especializada de Defesa da Saúde e do Patrimônio Público e foi distribuída na 4ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A investigação do caso ocorre há dois anos.
Na ação proposta, o MP mineiro cita
relatório do Tribunal de Contas estadual que no ano de 2009 observou que
o total empregado na Saúde foi de R$ 3,36 bilhões, dos quais R$ 1,017
bilhão “foram consignados a título de investimento nas empresas
controladas pelo estado, para serem executados pela Copasa, por meio de
investimentos em saneamento básico”.
A manobra é considerada ilegal pela
promotoria, mas a denúncia ressalta o fato de que uma auditoria externa
realizada pela Ernst & Young — Auditores Independentes S/S verificou
que o valor não consta das transferências nas contas da Copasa.
“Conforme se observa do parecer
apresentado pelos auditores, relativo ao balanço patrimonial de
exercício de 2009, não foram encontradas transferências de recursos do
Estado de Minas Gerais para a Copasa, a título de investimentos em saúde
pública na forma de ações em saneamento básico”, informa o documento.
O MP também observa que a auditoria
encontrou apenas uma transferência do estado mineiro para a empresa de
saneamento no ano de 2009 sob o valor de R$ 1 mil. “Mesmo assim sob a
rubrica de ‘outras’ no campo que deveria especificar o detalhamento do
investimento. Dessa forma, ainda mais evidente a impossibilidade de
consideração dessa Companhia no cômputo de investimentos”, diz o texto.
Na ação, a promotoria pede que o
estado explique o que ocorreu e devolva o valor ao Fundo Estadual de
Saúde. Segundo o MP, a manobra de verba fez com que o mínimo
constitucional não fosse cumprido no ano de 2009. Para atingir o valor, o
governo listou o emprego de programas que não configuram como ações de
promoção de saúde e, ao retirar esses ítens, o total destinado foi
apenas de 7,48%.
“O governo estadual registra em seus
balanços o índice de 15,44% para aplicações em ASPS, nota-se expressiva
redução em tal percentual quando da retirada das parcelas relativas às
ações que, não apresentando os atributos de gratuidade e universalidade ,
não são aptas a figurarem como aplicações em saúde”, afirma o
documento.
A análise técnica do TCE sugere ainda
que o estado diminua as verbas à Copasa já que o total de repasses
públicos “quase triplicou entre 2004 e 2009”.
Desde 2003 mais R$ 3,4 bi sumiram
Ministério Público já propôs duas outras ações em 2010 sobre repasses da Secretaria de Saúde que supostamente foram empregados na Companhia de Saneamento de MG. O valor desaparecido, no entanto, é de R$3,4 bilhões e refere-se a repasses do período de 2003 a 2008 — período que compreende aos dois mandatos de Aécio Neves. Tramita na 5ª Vara de Fazenda do TJ-MG uma ação para recuperar o valor e realocá-lo na conta do Fundo Estadual de Saúde. O processo está em fase de perícia das contas do estado.
O MP também propôs ação de improbidade administrativa contra Aécio Neves, governador do período. Na ocasião, o tucano entrou com recurso defendendo que apenas o procurador-geral do Estado poderia propor ações contra o governador. A promotoria recorreu dizendo que quando a ação foi proposta ele não tinha mandato, já que estava em campanha para o Senado. O caso aguarda julgamento do recurso na 2ª instância do TJ-MG.
Governo diz que não foi notificado
Procurado, o governo de Minas Gerais respondeu por meio de nota que até o momento não recebeu notificação a respeito de novos questionamentos do Ministério Público sobre investimentos do Estado em saúde. “O Estado de Minas Gerais irá se pronunciar quando for notificado”, informa a nota.
O governo reiterou que cumpre desde 2003 o “percentual obrigatório de 12% previsto na Constituição Federal no setor de saúde”. A administração estadual segue as determinações e instruções normativas do Tribunal de Contas do Estado (TCE/MG).
O ex-governador e candidato à presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, também foi procurado e disse que não tomou conhecimento sobre a ação proposta pelo Ministério Público durante a sua gestão.
A ação proposta hoje foi realizada pelas Promotorias de Justiça Especializada de Defesa da Saúde e do Patrimônio Público e foi distribuída na 4ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A investigação do caso ocorre há dois anos.
10.17.2014
A direita que jura viver em uma ditadura é a primeira a agredir, verbal ou fisicamente, quem não vota como ela . COMENTÁRIOS SÃO IMPERDÍVEIS: "vc não pode discutir bolsa família se ainda não aceitou a Lei Áurea"
"Varrer" e "aniquilar": a apologia do extermínio dá as caras na eleição
por Matheus Pichonelli
—
O ex-presidente desconfia da capacidade cognitiva de quem não
vota como ele. A colunista do jornalão nem desconfia: tem certeza de que
parcela da população é incapaz de apertar os botões 1 + 3 + Confirma – e
isso, aposta ela, teria efeito considerável no resultado das urnas. O
ator global acha que votar no atual governo equivale a contrair ebola. E
o colunista que defende em público o seu voto no governo, com ou sem
ebola, é escorraçado no restaurante que não deveria frequentar - pois
quem defende pobre e come caviar só tem direito a comer baratas, e não a
defender que todos, inclusive ele, comam o que quiserem e quando
quiserem.
A sequência de episódios diz mais, muito mais, da virulência de um mundo em desordem do que supõe o marketing político dos dois finalistas deste segundo turno. O descolamento da realidade parece ser um fenômeno amplo a atingir eleitores e candidatos. A arrogância e a falta de autocritica, também.
Mas a virulência, nessa história, tem lado. A direita que jura viver em uma ditadura (gayzista, bolivariana, da insegurança, etc) é a primeira a agredir, verbal ou fisicamente, quem não vota como ela. É sintomático. No caso das ameaças ao ator e escritor Gregório Duvivier, o agressor tinha a cartilha decorada, aquela tentativa rocambolesca de juntar as palavras “perigo”, “vai pra Cuba”, “ditadura”, “esquerda caviar”, “roubalheira” sem necessariamente criar um raciocínio. Quem jamais defendeu o regime castrista que se vire: no estigma não cabem ponderações, a não os bíceps.
Quando falo sobre esse grupo, não me refiro aos que se dizem cansados do atual governo, que defendem reformas no sistema tributário e aceitam a diminuição do papel do Estado em prol de uma tal competitividade empreendedora. Posso discordar, mas acho compreensível e legítima a contraposição ao atual projeto de governo. Mas uma coisa é se opor. A outra é se opor à existência do projeto, dos arquitetos do projeto e de apoiadores do projeto.
Nas ruas, postes, posts e vidros de carros blindados, a opção de voto chega acompanhada de um imperativo, quase sempre expresso nas conjugações dos verbos "varrer", "eliminar", "exterminar", "expulsar", "aniquilar". Varrer, eliminar, exterminar e aniquilar quem, cara pálida? Quem não vota como você? Não basta votar contra? Em que momento da História esta disposição ao justiçamento acabou bem?
Não importa. Basta deixar o interlocutor à vontade para falar, de preferência em sua área de conforto, sua roda de amigos, a varanda de sua casa, amparado por um copo de chope ou uísque, e o resultado será o velho delírio autoritário de quem se refere ao outro como o "inimigo". São os mesmos que chamam os organizadores de rolezinho de “cavalões” (relembre), que questionam se o aeroporto virou rodoviária (relembre), que dedica parte do seu Natal para questionar o Natal de presidiários (relembre), que dizem ser compreensível amarrar, bater e prender no poste o jovem infrator que não se emenda (relembre), que bate em manifestante com bandeira de partidos em protesto (relembre), que acha que corrupção tem um lado só e se combate com vermífugo (relembre). É como definiram nas mesmas redes que hoje concentram o ódio: não dá para discutir Bolsa Família com quem ainda não aceitou a Lei Áurea. No Brasil os viúvos do escravismo se aglutinam em multidões. Como diz a música: eles são muitos, mas não podem voar. Mas vociferam quando se veem na rabeira da História.
O caráter higienista da arrogância social travestida de posicionamento político deixou claro, mais que claro, o quanto o espaço ao contraditório é apenas uma miragem em um país que não parece ter assimilado as tragédias de suas experiências autoritárias. Um tempo em que, diante da projeção inflacionada do chamado “mal maior” (as reformas – comunistas? – de base de ontem são o “mar de lama” de hoje), aceitava-se a mediocridade, a lama, a bota, o chão, o silêncio. A indigência de hoje não é outra se não a consequência de um passado não-esclarecido, de um presente que se nega a expor os horrores da supressão de direitos diluídos na escuridão das masmorras e dos centros de tortura.
Porque, na vida real, seguimos torturando e aceitando que tortura em corpos alheios é refresco (ou vacina): presos morrem confinados sem direito a julgamento, pobres são diariamente humilhados ao circular ao arrepio da ordem, manifestantes tomam balas de borracha no olho quando questionam que ordem, afinal, é essa. Uns pedem direitos, outros, camarotes - e masmorras - quantas forem necessárias. É onde os militantes do jipe, citados por Duvivier, e parte da população - os infectados pela ignorância, segundo o ex-presidente, a colunista demofóbica, o ator global - se distinguem.
Mas algo parece estranho quando o mesmo eleitor que condena a chamada Bolsa Esmola, os programas de inclusão na universidade e a chegada de médicos à periferia faz uma defesa tão apaixonada por quem jura de pé junto não mexer em nada disso. Essa direita, porta-voz dos preconceitos e das soluções autoritárias, não é só violenta. É míope e surda.
A sequência de episódios diz mais, muito mais, da virulência de um mundo em desordem do que supõe o marketing político dos dois finalistas deste segundo turno. O descolamento da realidade parece ser um fenômeno amplo a atingir eleitores e candidatos. A arrogância e a falta de autocritica, também.
Mas a virulência, nessa história, tem lado. A direita que jura viver em uma ditadura (gayzista, bolivariana, da insegurança, etc) é a primeira a agredir, verbal ou fisicamente, quem não vota como ela. É sintomático. No caso das ameaças ao ator e escritor Gregório Duvivier, o agressor tinha a cartilha decorada, aquela tentativa rocambolesca de juntar as palavras “perigo”, “vai pra Cuba”, “ditadura”, “esquerda caviar”, “roubalheira” sem necessariamente criar um raciocínio. Quem jamais defendeu o regime castrista que se vire: no estigma não cabem ponderações, a não os bíceps.
Quando falo sobre esse grupo, não me refiro aos que se dizem cansados do atual governo, que defendem reformas no sistema tributário e aceitam a diminuição do papel do Estado em prol de uma tal competitividade empreendedora. Posso discordar, mas acho compreensível e legítima a contraposição ao atual projeto de governo. Mas uma coisa é se opor. A outra é se opor à existência do projeto, dos arquitetos do projeto e de apoiadores do projeto.
Nas ruas, postes, posts e vidros de carros blindados, a opção de voto chega acompanhada de um imperativo, quase sempre expresso nas conjugações dos verbos "varrer", "eliminar", "exterminar", "expulsar", "aniquilar". Varrer, eliminar, exterminar e aniquilar quem, cara pálida? Quem não vota como você? Não basta votar contra? Em que momento da História esta disposição ao justiçamento acabou bem?
Não importa. Basta deixar o interlocutor à vontade para falar, de preferência em sua área de conforto, sua roda de amigos, a varanda de sua casa, amparado por um copo de chope ou uísque, e o resultado será o velho delírio autoritário de quem se refere ao outro como o "inimigo". São os mesmos que chamam os organizadores de rolezinho de “cavalões” (relembre), que questionam se o aeroporto virou rodoviária (relembre), que dedica parte do seu Natal para questionar o Natal de presidiários (relembre), que dizem ser compreensível amarrar, bater e prender no poste o jovem infrator que não se emenda (relembre), que bate em manifestante com bandeira de partidos em protesto (relembre), que acha que corrupção tem um lado só e se combate com vermífugo (relembre). É como definiram nas mesmas redes que hoje concentram o ódio: não dá para discutir Bolsa Família com quem ainda não aceitou a Lei Áurea. No Brasil os viúvos do escravismo se aglutinam em multidões. Como diz a música: eles são muitos, mas não podem voar. Mas vociferam quando se veem na rabeira da História.
O caráter higienista da arrogância social travestida de posicionamento político deixou claro, mais que claro, o quanto o espaço ao contraditório é apenas uma miragem em um país que não parece ter assimilado as tragédias de suas experiências autoritárias. Um tempo em que, diante da projeção inflacionada do chamado “mal maior” (as reformas – comunistas? – de base de ontem são o “mar de lama” de hoje), aceitava-se a mediocridade, a lama, a bota, o chão, o silêncio. A indigência de hoje não é outra se não a consequência de um passado não-esclarecido, de um presente que se nega a expor os horrores da supressão de direitos diluídos na escuridão das masmorras e dos centros de tortura.
Porque, na vida real, seguimos torturando e aceitando que tortura em corpos alheios é refresco (ou vacina): presos morrem confinados sem direito a julgamento, pobres são diariamente humilhados ao circular ao arrepio da ordem, manifestantes tomam balas de borracha no olho quando questionam que ordem, afinal, é essa. Uns pedem direitos, outros, camarotes - e masmorras - quantas forem necessárias. É onde os militantes do jipe, citados por Duvivier, e parte da população - os infectados pela ignorância, segundo o ex-presidente, a colunista demofóbica, o ator global - se distinguem.
Mas algo parece estranho quando o mesmo eleitor que condena a chamada Bolsa Esmola, os programas de inclusão na universidade e a chegada de médicos à periferia faz uma defesa tão apaixonada por quem jura de pé junto não mexer em nada disso. Essa direita, porta-voz dos preconceitos e das soluções autoritárias, não é só violenta. É míope e surda.
Comentários
Kelvin • 20 minutos atrás
a direitona deste país é isso mesmo.
preconceituosa, reacionária, mentirosa e bruta.
mas o Brasil mudou e não vamos mais aceitar esse tipo de comportamento primitivo contra nossa sociedade e contra nossa cidadania.
se não querem viver numa democracia, que se mudem para Miami...
Matheus Rosa • 39 minutos atrás
Perfeito, é quase um "Varre, varre vasourinha...", de Jânio Quadros, vale lembrar que esse não deu nada certo.
Fabrízio Michelon • uma hora atrás
Tu é o cara! Não há texto que se discorde uma linha.
O baixo nível está em ambos os lados, porém a truculência e o preconceito está ao lado de quem apóia Aécio.
Nem todo eleitor do Aécio é preconceituoso, mas todo preconceituoso vota no Aécio!
rodrigo • uma hora atrás
Quem divide os brasileiros é a esquerda. Ao invés de querer integralizar os brasileiros prefere dividi-los entre pobres e ricos; latifundiário e sem-terra; burguês e oprimido.
Se vc fosse menos preguiçoso e lesse um pouco mais de livros de história vc veria que o antagonismo numa sociedade auxilia mais comunistas do que capitalistas. Foi assim na Rússia (Posteriormente URSS), Cuba, Coreia do Norte, Vietnã, Angola (75-92) e por fim o maior exemplo: Iugoslávia.
Se vc lesse um pouquinho de história iria conseguir evitar de escrever esses abortos literários.
Mais uma coisa : este pais é livre, vc pode me odiar mas não pode me calar, e creio mesmo q o lugar apropriado pra quem defende ladrões - se se calar já se torna igual, defender se torna pior- Para mim são traidores da pátria. Não interessa motivos , partido , nada, roubou a pátria é traidor , pois roubou de todos os brasileiros, da nação inteira.os Demo tucanos e todos os partidos .
Mensalão, petrolão, Aécioporto, trensalão, nepotismo, cocaína . bafômetro, compra de votos , (reeleição) privataria.tucana .e poderia continuar. Mas só um dos casos q citei é motivo pra não votar no PSDB ,duvido da integridade intelectual, da honestidade, de quem defende estas coisas .
João Brasileiro • uma hora atrás
Sua descrição é perfeita. Eu lamento profundamente esse mesmo discurso de extermínio ter tomado conta do debate aqui nos comentários da Carta Capital. Há algum tempo, tínhamos bons embates de ideias por aqui. Uma espécie de refúgio da selvageria dos grandes portais.
Recentemente a baixaria bateu forte por aqui também. Com as mesmas palavras de ordem desprovida de raciocínio. Passou da hora de repensar a moderação...
luiz • uma hora atrás
Meu caro colunista, você já ouviu aquela música do Cazuza ? "as suas idéias não correspondem aos fatos o tempo não para, não para não, não para". Pois é, dê uma lida nos comentários dos petistas aqui, veja as propagandas eleitorais do PT, lembra contra a Marina : "os banqueiros vão tirar a comida dos pobres" e aí, cumpanheiro, quem são os raivosos ? vocês são "puros e coitadinhos", chega a dar pena.
Ricardo José • 2 horas atrás
É um grupo facista que quer totalizar seu pensamento. Acha que só vota no PT quem ganha bolsa família. Qdo alguém com melhor condição social se declara petista eles chamam de "Esquerda Caviar". Ok, é melhor isso do que "Direita Caveirão".
Paulo Pontes • 2 horas atrás
Texto excelente, uma análise/crítica extremamente coerente. Parabéns Matheus
Paulo Pontes • 2 horas atrás
Mais um ótimo texto, e uma análise/crítica extremamente consciente. Parabéns Matheus.
ChaVi • 3 horas atrás
Arrepiada! "não dá para discutir Bolsa Família com quem ainda não aceitou a Lei Áurea". Por essas e outras que tenho evitado os embates. Tem sido inútil. O eleitores do Aécio-- sem querer generalizar, mas quase isso--, se tivessem acesso às provas da desonestidade de seu candidato e partido, não repensariam o voto, mas queimariam qualquer evidencia.
Alex • 3 horas atrás
Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha. Na pratica esse artigo não vale absolutamente nada. Nada mesmo. Aff.
"Quem divide o Brasil entre nós e eles é o DEMOTUCANO”
Eleito governador de Minas Gerais no primeiro turno, Fernando Pimentel critica o "desprezo" dos tucanos por nordestinos e pobres
por Sergio Lirio
—
Ichiro Guerra/Divulgação
Pimentel durante campanha para o primeiro turno ao lado de Dilma Rousseff
Eleito
governador de Minas Gerais no primeiro turno, o ex-ministro Fernando
Pimentel se diz pronto e disposto a dedicar-se de corpo e alma à
campanha nacional de Dilma Rousseff no estado nesta reta final de
segundo turno. Na entrevista a seguir, Pimentel analisa a vitória sobre o
grupo de Aécio Neves, candidato tucano à presidência, que dominava o
cenário havia 12 anos e afirma: “Quem divide o Brasil, de forma
preconceituosa, entre nós e eles é o PSDB”.
CartaCapital: O senhor venceu no primeiro turno em Minas Gerais, governada há 12 anos por Aécio Neves e seu grupo político. O que explica essa vitória?
Fernando Pimentel: Fizemos uma campanha focada no interior das fronteiras de Minas Gerais. Talvez pela primeira vez nos últimos anos de fato houve uma discussão sobre o estado. Percorremos todas as regiões, ouvimos o que os mineiros queriam dizer. E observamos um fato: ao contrário da propaganda do governo tucano, a vida dos cidadãos não melhorou, o estado não enfrentou os problemas principais. A sensação de bem estar deve-se em grande medida às iniciativas do governo federal e ao fato de o Brasil ter experimentado uma fase de crescimento.
CC: Como os mineiros interpretavam os dois conceitos centrais da administração do estado, o choque de gestão e o governo voltado para as pessoas?
FP: Essa história do choque de gestão foi vendida para uma camada da população, da classe média para cima. Para o povo trabalhador, não diz nada. O que era claro para eles: o fato de a segurança pública estar muito ruim, não ter esgoto, biblioteca, de o posto de saúde não atender por falta de profissionais. Foi o Mais Médico, programa do governo Dilma, que levou agentes de saúde a várias regiões mineiras. Há um certo tempo de maturação das coisas. Como diz o ditado, você pode enganar alguns o tempo todo, todos por algum tempo, agora todos o tempo todo você não engana, não. O modelo do PSDB em Minas era muito baseado nessa mistificação de gestão competente, desmentida pela prática. E essa realidade a nossa campanha conseguiu desnudar.
CC: No debate da terça-feira 14 na Band, Dilma Rousseff afirmou que Aécio Neves, quando governador de Minas, não cumpriu os limites constitucionais de investimentos em saúde e educação. Ele classificou de mentira a declaração. Imagino que o senhor tenha estudado os números da administração estadual. Qual a realidade?
FP: Ele não cumpriu mesmo. Tanto não cumpriu que ao fim do mandato foi obrigado a assinar um termo de ajustamento de gestão no qual se comprometia a partir de certa data a cumprir os investimentos na saúde e na educação. Ele diz que as contas dele foram aprovadas. Sim, foram aprovadas, mas só depois de assinar o termo de ajustamento com o Ministério Público. O sucessor do Aécio, o Antonio Anastasia, comprometeu-se a cumprir na íntegra, mas o prazo começa a contar no próximo ano. Ou seja, serei o primeiro governador em mais de uma década a cumprir os mínimos investimentos exigidos pela Constituição nestas duas áreas. Digo mais: Minas Gerais só não piorou porque o Brasil estava mergulhado em uma fase de prosperidade proporcionada pelo governo Lula. A economia brasileira enfrenta dificuldades de um ano e meio para cá, mas a diferença é que não houve perda de empregos e renda dos trabalhadores e da população mais carente.
CC: Agora eleito, de que maneira o senhor pretende apoiar a campanha de Dilma Rousseff em Minas Gerais?
FP: No sábado, o Lula estará em Belo Horizonte. Só ele, sem a Dilma. Ele cumpre uma agenda em separado para multiplicar o alcance do radar e estamos aqui em busca de um local para reunir no mínimo 5 mil mineiros. Trabalhamos com toda a força contra o grande investimento dos tucanos aqui. Eles despejam uma montanha de dinheiro na campanha no estado. Virou um ponto de honra para o Aécio vencer aqui. Em setembro, depois de se descuidar da campanha estadual, Aécio disse de forma arrogante: “Voltei para Minas e vou fazer barba, cabelo e bigode”. Não fez nem barba nem cabelo. Ganhei no primeiro turno e a presidenta Dilma teve mais votos aqui do que ele. Se bobear, neste segundo turno, ele não faz nem o bigode. Disse o tempo todo na minha campanha: em Minas não tem rei, soberano ou imperador. Quem manda é o povo. O resultado do primeiro turno me deu razão.
CC: Dizem que o senhor é contra a linha de ataques a concorrentes e defensor de uma espécie de mea culpa no caso Petrobrás. É isso mesmo?
FP: Não. Nunca tive esse tipo de conversa com ninguém da campanha da presidenta, muito menos com ela. Nunca opinei sobre assunto. Sempre defendi a ideia de uma campanha propositiva, mas isso não significa que a crítica não deva ser feita. Ela é necessária. Considero que a campanha da Dilma acerta no tom, não vejo exagero nas críticas. Acredito, porém, que o eixo da campanha não deveria ser a comparação entre a gestão federal e o governo de Minas Gerais. Para a maioria dos eleitores de fora do estado, o efeito é pequeno.
CC: Qual deveria ser a disputa?
FP: São dois projetos diferentes para o País. Para que serve o governo? Qual o objetivo do Estado em um país como o Brasil? O nosso projeto é claríssimo. O debate entre o Guido Mantega e o Armínio Fraga deixou isso muito claro. O nosso modelo é diametralmente oposto ao deles. Temos um projeto e uma proposta de governo para melhorar a vida da maioria, garantir emprego, renda, defender a nossa indústria. O eixo da proposta dos tucanos é melhorar as condições para a rentabilidade, principalmente do capital financeiro, dos investidores, acionistas das empresas com ações nas Bolsas de Valores. Toda a preocupação é em lustrar a nossa imagem econômica para proporcionar melhores ganhos para quem não precise trabalhar para viver. Nós estamos preocupados com quem trabalha para viver, 90% da população brasileira.
CC: Os tucanos acusam o PT de apostar no “nós contra eles” e dividir o Brasil.
FP: Quem aposta no “nós contra eles” é o PSDB. O lema do governo Lula era um Brasil para Todos. Com a inclusão social, a melhora da renda dos trabalhadores e o aumento do emprego, todos ganharam. Pobres e ricos. O espírito sempre foi esse, da inclusão, não da exclusão. Quem despreza os eleitores nordestinos? Quem promove ataques nas redes sociais contra o Nordeste? Quem tenta intimidar o eleitor que pensa o contrário? O Fernando Henrique Cardoso disse ou não disse que quem vota na Dilma e no PT são os pobres e desinformados? Os tucanos dividem o Brasil de uma maneira muito preconceituosa, desrespeitosa. Como se existissem cidadãos de segunda classe contra os sábios que conhecem o melhor caminho. Mas penso o contrário. Confio na maturidade e na consciência política dos brasileiros.
CartaCapital: O senhor venceu no primeiro turno em Minas Gerais, governada há 12 anos por Aécio Neves e seu grupo político. O que explica essa vitória?
Fernando Pimentel: Fizemos uma campanha focada no interior das fronteiras de Minas Gerais. Talvez pela primeira vez nos últimos anos de fato houve uma discussão sobre o estado. Percorremos todas as regiões, ouvimos o que os mineiros queriam dizer. E observamos um fato: ao contrário da propaganda do governo tucano, a vida dos cidadãos não melhorou, o estado não enfrentou os problemas principais. A sensação de bem estar deve-se em grande medida às iniciativas do governo federal e ao fato de o Brasil ter experimentado uma fase de crescimento.
CC: Como os mineiros interpretavam os dois conceitos centrais da administração do estado, o choque de gestão e o governo voltado para as pessoas?
FP: Essa história do choque de gestão foi vendida para uma camada da população, da classe média para cima. Para o povo trabalhador, não diz nada. O que era claro para eles: o fato de a segurança pública estar muito ruim, não ter esgoto, biblioteca, de o posto de saúde não atender por falta de profissionais. Foi o Mais Médico, programa do governo Dilma, que levou agentes de saúde a várias regiões mineiras. Há um certo tempo de maturação das coisas. Como diz o ditado, você pode enganar alguns o tempo todo, todos por algum tempo, agora todos o tempo todo você não engana, não. O modelo do PSDB em Minas era muito baseado nessa mistificação de gestão competente, desmentida pela prática. E essa realidade a nossa campanha conseguiu desnudar.
CC: No debate da terça-feira 14 na Band, Dilma Rousseff afirmou que Aécio Neves, quando governador de Minas, não cumpriu os limites constitucionais de investimentos em saúde e educação. Ele classificou de mentira a declaração. Imagino que o senhor tenha estudado os números da administração estadual. Qual a realidade?
FP: Ele não cumpriu mesmo. Tanto não cumpriu que ao fim do mandato foi obrigado a assinar um termo de ajustamento de gestão no qual se comprometia a partir de certa data a cumprir os investimentos na saúde e na educação. Ele diz que as contas dele foram aprovadas. Sim, foram aprovadas, mas só depois de assinar o termo de ajustamento com o Ministério Público. O sucessor do Aécio, o Antonio Anastasia, comprometeu-se a cumprir na íntegra, mas o prazo começa a contar no próximo ano. Ou seja, serei o primeiro governador em mais de uma década a cumprir os mínimos investimentos exigidos pela Constituição nestas duas áreas. Digo mais: Minas Gerais só não piorou porque o Brasil estava mergulhado em uma fase de prosperidade proporcionada pelo governo Lula. A economia brasileira enfrenta dificuldades de um ano e meio para cá, mas a diferença é que não houve perda de empregos e renda dos trabalhadores e da população mais carente.
CC: Agora eleito, de que maneira o senhor pretende apoiar a campanha de Dilma Rousseff em Minas Gerais?
FP: No sábado, o Lula estará em Belo Horizonte. Só ele, sem a Dilma. Ele cumpre uma agenda em separado para multiplicar o alcance do radar e estamos aqui em busca de um local para reunir no mínimo 5 mil mineiros. Trabalhamos com toda a força contra o grande investimento dos tucanos aqui. Eles despejam uma montanha de dinheiro na campanha no estado. Virou um ponto de honra para o Aécio vencer aqui. Em setembro, depois de se descuidar da campanha estadual, Aécio disse de forma arrogante: “Voltei para Minas e vou fazer barba, cabelo e bigode”. Não fez nem barba nem cabelo. Ganhei no primeiro turno e a presidenta Dilma teve mais votos aqui do que ele. Se bobear, neste segundo turno, ele não faz nem o bigode. Disse o tempo todo na minha campanha: em Minas não tem rei, soberano ou imperador. Quem manda é o povo. O resultado do primeiro turno me deu razão.
CC: Dizem que o senhor é contra a linha de ataques a concorrentes e defensor de uma espécie de mea culpa no caso Petrobrás. É isso mesmo?
FP: Não. Nunca tive esse tipo de conversa com ninguém da campanha da presidenta, muito menos com ela. Nunca opinei sobre assunto. Sempre defendi a ideia de uma campanha propositiva, mas isso não significa que a crítica não deva ser feita. Ela é necessária. Considero que a campanha da Dilma acerta no tom, não vejo exagero nas críticas. Acredito, porém, que o eixo da campanha não deveria ser a comparação entre a gestão federal e o governo de Minas Gerais. Para a maioria dos eleitores de fora do estado, o efeito é pequeno.
CC: Qual deveria ser a disputa?
FP: São dois projetos diferentes para o País. Para que serve o governo? Qual o objetivo do Estado em um país como o Brasil? O nosso projeto é claríssimo. O debate entre o Guido Mantega e o Armínio Fraga deixou isso muito claro. O nosso modelo é diametralmente oposto ao deles. Temos um projeto e uma proposta de governo para melhorar a vida da maioria, garantir emprego, renda, defender a nossa indústria. O eixo da proposta dos tucanos é melhorar as condições para a rentabilidade, principalmente do capital financeiro, dos investidores, acionistas das empresas com ações nas Bolsas de Valores. Toda a preocupação é em lustrar a nossa imagem econômica para proporcionar melhores ganhos para quem não precise trabalhar para viver. Nós estamos preocupados com quem trabalha para viver, 90% da população brasileira.
CC: Os tucanos acusam o PT de apostar no “nós contra eles” e dividir o Brasil.
FP: Quem aposta no “nós contra eles” é o PSDB. O lema do governo Lula era um Brasil para Todos. Com a inclusão social, a melhora da renda dos trabalhadores e o aumento do emprego, todos ganharam. Pobres e ricos. O espírito sempre foi esse, da inclusão, não da exclusão. Quem despreza os eleitores nordestinos? Quem promove ataques nas redes sociais contra o Nordeste? Quem tenta intimidar o eleitor que pensa o contrário? O Fernando Henrique Cardoso disse ou não disse que quem vota na Dilma e no PT são os pobres e desinformados? Os tucanos dividem o Brasil de uma maneira muito preconceituosa, desrespeitosa. Como se existissem cidadãos de segunda classe contra os sábios que conhecem o melhor caminho. Mas penso o contrário. Confio na maturidade e na consciência política dos brasileiros.
O esforço da mídia para que Armínio comande a economia no próximo governo
Nunca ninguém deu tantas entrevistas em tão pouco tempo e foi tão elogiado quanto Armínio num espaço de tão poucos dias, apesar do baile que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu nele naquela já célebre entrevista na Globo News. Hoje, no entanto, a Folha de S.Paulo, na página 8 de seu caderno Eleições, nessa reportagem “A volta do bicho papão” se supera na bajulação a Armínio – supera-se e também aos outros jornalões na defesa do pensamento econômico do ministro da Fazenda que nunca vai ser.
Promovem um endeusamento de Armínio
A reportagem segue a linha editorial de todos jornalões no endeusamento a Armínio Fraga. É um texto laudatório e abertamente critico ao PT e a campanha da nossa candidata à reeleição, a presidenta Dilma Rousseff. Com base em afirmações de “futuros ministros” de Aécio, cita inclusive um fato já desmentido por dirigentes do PT: o ex-presidente Lula,quando assumiu a Presidência da República teria cogitado pedir a Armínio que permanecesse na presidência do BC.
Pessoal, para tudo deve haver limites, não? Inclusive em campanhas pró-Armínio ministro da Fazenda…O ex-ministro José Dirceu estava lá, era titular da Casa Civil do governo e pode garantir que o presidente Lula jamais aceitou insinuações – insinuações, porque nem chegavam a ser propostas nessa linha de manter Armínio. Pelo contrário, se chegassem, ainda que nessa linha de insinuações, ele as rechaçava de pronto.
Para entender melhor o jogo: a lista de entrevistas e reportagens pró-Armínio comandante da economia publicadas no Estadão, Globo, Valor Econômico e agora na Folha pode e deve ser caracterizada como campanha eleitoral a favor de Aécio Neves. Pura e simplesmente, não passa disso. Mas aí, de jornalismo mesmo, não restou nada…
Instituto de pesquisas escondem o máximo a vitória da Dilma
Pesquisas “se preparam” para mostrar Dilma na frente
16 de outubro de 2014 | 09:30 Autor: Fernando Brito
Nem tive pressa em comentar os resultados de ontem do Ibope e do Datafolha porque, a esta altura, tornou-se evidente que ambos dançam um balé de conveniência, minimizando os riscos desde a sua relutância em antecipar o que todos já sabiam: que Marina Silva tinha ficado muito para trás, se é que um dia esteve tão à frente quanto as pesquisas mostravam.
A razão disso é simples e perceptível a qualquer um: Marina tirava mais de Dilma do que de Aécio e o que dele tirava foi “devolvido” antecipadamente na votação de primeiro turno. Mas isso contribuía, como a própria Marina, viu-se, para a criação de um clima antigoverno que todo o partido da mídia construía.
O que era natural na primeira pesquisa – como eu registrei aqui, chamando de ”semana Aécio” a que se seguiu ao primeiro turno, com a surpresa e os apoios que o tucano amealhou, agora já fica “perigosamente” artificial para a máquina de propaganda que precisa manter-se minimamente crível.
Agora, depois de terem criado o clima de “derrota antecipada” que marcou, para Dilma, o pós-eleição, os institutos se preparam para regressar, tão tarde quanto possível, ao terreno da realidade.
Aécio na frente, mas de um jeito que pode ficar para trás, “sem traumas” de credibilidade.
O Datafolha se vacina: “potencial de Dilma é maior entre os indecisos”, “cresce a rejeição de Aécio”, “cresce aprovação do governo”, etc…
O Ibope segue o mesmo caminho, como registra o Estadão: “A única novidade revelada pela pesquisa foi a melhora da avaliação do governo. A parcela da população que o considera ótimo ou bom subiu de 39% para 43%. A taxa de regular oscilou de 33% para 31%, e a de ruim ou péssimo, de 27% para 25%.O desempenho pessoal de Dilma na Presidência da República recebeu aprovação de 54% dos entrevistados – cinco pontos porcentuais a mais do que na semana anterior. Já os que desaprovam a presidente passaram de 44% para 40%.”
Como na dança, também nossas pesquisas seguem o rito da insinuação real e da negativa formal.
Curioso é, também, como a falta de propostas leva os candidatos vazios à tática do “coitadismo”.
Antes Marina, agora Aécio, partem para o “olha como estão me batendo, coitado de mim”.
Na verdade, quando começam a ser criticados, sua defesa não é enfrentar os fatos, mas dizer que são agressões.
Até porque, se não for sua adversária, não será a mídia que exporá.
A campanha eleitoral não será para Aécio como seu emprego juvenil na Câmara dos Deputados (e ainda falta aparecer o do Cade, antes dele).
Nela, ele vai ter de aparecer.
E pode ser visto como é, apesar do fanatismo conservador escondê-lo tanto quanto possível.
Aécim é assim, por Juca Kfouri