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1.22.2015

Maior reservatório de água do RJ atinge volume morto, diz ONS

Nível do Paraibuna caiu a zero pela primeira vez desde 1978.
Secretaria do Ambiente descarta racionamento a curto prazo.

Marcelo Elizardo Do G1 Rio
O nível do reservatório de Paraibuna, o maior de quatro que abastecem o estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto nesta quarta-feira (21), pela primeira vez desde que foi criado, em 1978. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina hidroelétrica foi desligada após o nível atingir zero.
O volume morto é a água que está abaixo do nível das comportas e precisa ser puxada por bombas. O do reservatório de Paraibuna tem 2 trilhões de litros de água e, segundo especialistas, duraria de seis meses a um ano. Segundo a Secretaria Estadual do Ambiente, não haverá mudanças no abastecimento para a população do estado e o racionamento a curto prazo está descartado, mas os moradores terão que colaborar, economizando água.
O estado do Rio é abastecido por quatro reservatórios de água: o Paraibuna, Santa Branca e Jaguari, que ficam em São Paulo, e Funil, em Itatiaia, no Sul Fluminense. Todos ficam dentro de hidroelétricas e, além de produzir energia, armazenam para abastecimento água do Rio Paraíba do Sul – que passa pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Ao todo, quase 16 milhões de pessoas recebem água do Paraíba do Sul. A maioria do estado do Rio, incluindo a Região Metropolitana. De acordo com o boletim diário do ONS, o nível dos reservatórios de Santa Branca, Jaguari e Funil nesta quarta está em 0,65%, 2% e 4,15%, respectivamente.
Segundo o Secretário do Ambiente, André Corrêa, esta é a primeira vez em que um reservatório que armazena água para o Rio atinge o volume morto. "Não há risco de falta d'água, a não ser pela dificuldade normal de abastecimento que já ocorre", explicou.

No último boletim diário divulgado pela a Agência Nacional de Águas (ANA), o nível da bacia do Rio Paraíba do Sul – a média entre o volume dos quatro reservatórios – chegou a 1,22% na terça-feira (20). O informativo com os dados de quarta-feira (21) ainda não foi publicado.
Rio Paraíba do Sul está baixando em Campos, RJ (Foto: Divulgação/Prefeitura de Campos)Rio Paraíba do Sul abastece reservatórios do Rio de Janeiro (Foto: Divulgação/Prefeitura de Campos)
Se comparado com anos anteriores, o atual nível da bacia do Rio Paraíba do Sul fica muito abaixo do normal. No boletim mensal de outubro de 2013, o volume médio dos reservatórios era de 48,2%. Em 2009, o nível chegou a 80,8%.
O Rio Paraíba do Sul abastece a capital e a Região Metropolitana por meio de uma transposição para o Rio Guandu – administrado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) – na altura do município de Barra do Piraí, no Sul Fluminense. A Secretaria de Estado de Ambiente ainda não se pronunciou sobre o caso.
No fim do ano, a ANA disse que já considerava autorizar a captação de água do volume morto dos reservatórios do Rio Paraíba do Sul. Ainda assim, a Cedae garantiu que o abastecimento na Região Metropolitana do Rio não vai ser afetado por essa medida. Segundo o presidente da Cedae, Jorge Ferreira Briard, não haverá racionamento no Rio.
Transposição Paraíba do Sul
Em meio à crise hídrica, os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB); e o então de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho (PP), fecharam um acordo no dia 27 de novembro no Supremo Tribunal Federal (STF) para dar início a obras de infraestrutura que reduziriam os efeitos da seca.
Pelo acordo, mediado pelo ministro Luiz Fux, os três estados devem apresentar até 28 de fevereiro propostas para o enfrentamento da crise de falta d'água. Uma dessas propostas é a transposição do Rio Paraíba do Sul, cuja bacia abrange áreas dos três estados.
A transposição é um projeto do governo paulista que pretende desviar água do rio para abastecer o Sistema Cantareira, que enfrenta uma crise hídrica devido à estiagem no Sudeste.
O Rio de Janeiro era inicialmente contrario à obra porque a bacia do Paraíba do Sul abastece vários municípios do estado, incluindo a região metropolitana da capital fluminense.
Os governadores e representantes dos órgãos responsáveis pelos estudos técnicos ambientais se comprometeram, no acordo assinado após a audiência, a não realizar obras sem o consentimento de todas as partes envolvidas. Cada estado se comprometeu ainda a respeitar, nas obras, estudos de impacto ambiental e realizar ações de compensação ambiental.

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