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1.08.2015

Reconstrução da orelha é feita através de cirurgia plástica




Procedimento utiliza cartilagem da costela para reconstruir o órgão.

Estimativas apontam que um em cada seis mil bebês nascidos vivos apresenta alguma deformidade na orelha, denominada microtia. Os meninos correm ainda mais risco, eles têm duas vezes mais chances de ter algum problema no pavilhão auricular do que as meninas. “Estas imperfeições podem ser unilaterais – quando atingem apenas uma orelha – ou bilaterais, quando as duas orelhas são atingidas”,
As anomalias congênitas da orelha não têm causas conhecidas, mas são associadas a alterações nos genes ou a síndromes que envolvem deformidades em outras partes do corpo. “A solução mais indicada é a correção através de cirurgia plástica. O procedimento faz a reconstrução do órgão e pode ser feito quando a criança atinge os sete anos de idade, época na qual o desenvolvimento das orelhas já está praticamente completo”, ressalta o cirurgião que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
A técnica consiste em usar a cartilagem retirada da costela para reconstruir a orelha e é composta por duas etapas. Na primeira é feita a construção de um novo esqueleto cartilaginoso e na segunda é realizado o revestimento cutâneo para a nova orelha. “Estas estruturas são fundamentais para reconstituir o órgão e a cartilagem da costela é considerada o melhor material a ser utilizado neste tipo de cirurgia. É retirado um bloco de cartilagem do tórax no qual são esculpidos os elementos anatômicos e estéticos da orelha”.
Já no revestimento cutâneo é feito um deslocamento da pele da região da orelha, criando uma espécie de túnel onde será colocado o esqueleto auricular. “Normalmente o paciente possui uma superfície de pele que possibilita fazer o revestimento da nova orelha. Este procedimento também é utilizado em indivíduos que sofreram traumas na região e tiveram perda parcial ou integral da orelha”.
Seis meses após este procedimento é realizada uma nova cirurgia, para levantar a estrutura criada e complementar a reconstrução com enxerto de pele. É preciso aguardar este período para que o esqueleto cartilaginoso seja nutrido pela pele que o reveste, garantindo a sua sobrevivência. “Quando a reconstrução deve ser feita nas duas orelhas, o procedimento é mais complexo, já que envolve alterações anatômicas e o equilíbrio e harmonia dos dois lados da face”.
Alderson Luiz Pacheco
Cirurgião plástico 

SAIBA MAIS :

Otoplastia: cirurgia plástica corrige orelhas de abano

Procedimento pode ser feito a partir dos seis anos de idade

POR MANUELA PAGAN

O que é a otoplastia?

O termo otoplastia refere-se à cirurgia plástica das orelhas, podendo corresponder a várias técnicas que podem ou não ser associadas, dependendo do problema a ser tratado. Em geral o termo é usado para indicar a correção de orelhas proeminentes (de abano), porém outros problemas como sequelas de traumas, ausência congênita das orelhas e orelhas constritas também são tratadas com técnicas de otoplastia. 

Outros nomes

Correção de orelhas em abano, de orelhas proeminentes ou simplesmente plástica de orelhas.                                   

Indicações da otoplastia


Crianças podem fazer a otoplastia à partir dos seis anos - foto: Getty Images
Crianças podem fazer a otoplastia à partir dos seis anos

As correções de orelha são realizadas para minimizar deformidades, tentar corrigir assimetrias de forma, tamanho e angulação no caso do abano, em orelhas mal formadas de nascença ou que sofreram deformidades após um traumatismo. Deve ser considerada como reparadora, quando tenta corrigir um defeito, e ao mesmo tempo estética, pensando-se na busca pela harmonia de forma, volume e posição.

 Existe desde o grau mais leve até o mais grave de orelhas em abano, porém a indicação cirúrgica é baseada no grau de incômodo que o paciente apresenta. Há pacientes com pequenas alterações e grande incômodo.  Os graus são baseados na quantidade de alterações anatômicas presentes na orelha em questão.  "Há também casos de macrotia, em que a pessoa tem as orelhas de tamanho acima do normal, ou seja, orelhas muito grandes", explica a cirurgiã plástica Maria Carolina Coutinho, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

 A idade mínima situa-se entre seis e sete anos de idade. "Nessa faixa etária já houve finalização do crescimento das orelhas, de modo que a cirurgia não irá interferir nesse processo", explica a cirurgiã plástica Maria Carolina Coutinho. Também coincide com a idade escolar de alfabetização, quando a criança começa a se incomodar com as orelhas proeminentes.


Como é feita a cirurgia


A otoplastia deve ser realizada em hospital por profissionais especializados - foto: Getty Images
A otoplastia deve ser realizada em hospital por profissionais especializados

A anestesia mais comumente usada é a local com sedação. A cirurgia se inicia com uma incisão atrás da orelha, seguindo a dobra natural da pele. É, então, realizada a retirada do excesso de pele e em seguida é feito o ligamento da cartilagem, para deixa-la mais flexível. Em alguns casos pode ser feita a retirada de cartilagem para diminuição da orelha. Logo em seguida são feitos pontos de fixação para manter uma nova anatomia da orelha e realizando o fechamento da pele. Em geral, os pontos são internos e absorvíveis, não precisam, portanto, ser retirados. A cirurgia tem duração média de uma hora.

Profissional que pode fazer essa cirurgia

A cirurgia deve ser realizada por cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, outros médicos também podem realizar a cirurgia, mas, neste caso, o cirurgião plástico é o mais preparado.

Antes da cirurgia

Consulta médica
"Uma boa consulta pré-operatória, além de preparar o paciente para a cirurgia, deverá fazer com que ele compreenda seu problema, compreenda a solução proposta, riscos e benefícios do procedimento, e alinhe a expectativa ideal com as possibilidades de tratamento e que tipo de resultado poderá ser alcançado", recomenda a cirurgiã plástica Claudia Ranauro Zuliani, membro Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Exames
A otoplastia, apesar de ser um procedimento simples, requer que sejam realizados todos os exames pré-operatórios preconizados. "Entre eles estão o exame de sangue, composto por hemograma e coagulograma completos, e o eletrocardiograma", recomenda o cirurgião plástico Esmail Safaddine, também da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.


Medicações
Deve ser interrompido o uso de qualquer outro remédio que altere a coagulação do sangue, entre eles: ácido acetilsalicílico (AAS), gingko biloba, cascara sagrada e clopidogrel. "Aconselhamos sempre a manutenção do uso dos medicamentos em casos de pacientes com hipertensão e diabetes", ressalva o cirurgião plástico Esmail Safaddine.
Jejum
São necessárias aproximadamente oito horas de jejum de sólidos e líquidos.

Após a cirurgia

Internação
O tempo médio de internação é de oito a doze horas.                                                                                                     
CurativosOs curativos são geralmente realizados com pomada cicatrizante e gaze. Ele é realizado no final da cirurgia e retirado após um período de 24 a 48 horas da cirurgia no consultório pelo médico. Se houver necessidade de novo curativo, o paciente (ou seu responsável) será orientado como fazê-lo. Deverá ser utilizada uma faixa de tecido compressiva específica nos casos de correção de abano, retirada apenas para o banho, mas utilizada 24 horas por dia, por um mês.
 A cirurgia plástica Claudia Zuliani explica que quando for retirado o curativo, o paciente deverá deixar a região da cicatriz limpa e seca, lavando com cuidado no banho e secando cuidadosamente após, segundo orientação do médico.
Dor
Sempre são prescritos analgésicos, mas geralmente não há dor, há apenas uma sensação de incômodo. Se houver dor importante, o médico deverá ser avisado para que examine e oriente.
Coceira
"A orientação é que evitem realmente coçar a região operada, pois pelo inchaço, a sensibilidade da pele está diminuída, e um simples arranhão pode rasgar a pele, fazer sangrar, ou levar bactérias à pele em cicatrização, provocando infecção", explica a cirurgiã plástica Claudia Zuliani. "Saber o que pode prejudicar auxilia o paciente a colaborar no pós-operatório, não traumatizando a orelha operada, ainda que por um período curto de tempo".
Inchaço e vermelhidão
É normal que haja edema (inchaço) e vermelhidão. Com o passar dos dias este aspecto vai melhorando até a cicatrização se completar.
Medicação
Analgésicos comuns são prescritos de rotina para o pós-operatório, e os pacientes são orientados a tomar se tiverem dor. Anti-inflamatórios também poderão ser prescritos.
Volta às atividades normais e exercícios físicos
Em crianças, dependendo do tipo de correção na orelha e se houver maior inchaço, recomenda-se aguardar uma semana para voltar à escola, para evitar o risco de trauma nas orelhas recém-operadas. Nos casos mais simples, pode-se retornar às aulas em três dias. Nos adultos, geralmente em dois dias. Atividade física deverá ser leve no início, evitando-se trauma no local operado.
Uso de óculos
O uso dos óculos é liberado até por cima do curativo, preso com esparadrapo na faixa, desde que não aperte demais a cabeça. Quando for retirado o curativo, deve-se tomar cuidado com os óculos apertados à cabeça, ou atrás da orelha, que deverão ser reajustados à face. Alguns pacientes aprendem a prender as hastes dos óculos acima da inserção da orelha à cabeça, com o uso da própria faixa que deverão usar por 30 dias.
Retorno ao consultório médico
O primeiro retorno é em 24 a 48 horas, para remoção do curativo e avaliação médica, e então serão combinados os próximos retornos.
Cicatrizes e queloides
Nas cirurgias de correção de abano, as cicatrizes ficam escondidas na parte posterior da orelha, na junção da orelha ao crânio. Há casos que necessitam incisões na parte da frente da orelha, mas procura-se escondê-las nas dobras naturais da pele. A cicatriz chamada de queloide, esteticamente desfavorável, pode ocorrer em alguns pacientes.

Contraindicações à otoplastia



A infecção de ouvido contraindica a cirurgia, pois a proximidade com o local que será operado faz com que haja maior risco de infecção na ferida ou na cartilagem da orelha, o que pode comprometer gravemente o resultado final e, em casos mais graves de condricte (infecção na cartilagem), pode ocorrer o surgimento de novas deformidades de difícil correção.
 Infecções em outros locais também são contra indicações para o procedimento, tais como gripes mais intensas, infecções urinarias, amigdalites. A presença de doenças de base mal controladas, como hipertensão e diabetes, são contraindicações para qualquer procedimento plástico, devendo essas doenças  serem controladas antes da otoplastia.
 O tabagismo é uma contraindicação relativa, o paciente é aconselhado a deixar de fumar por duas semanas antes e 30 dias após a cirurgia, devido ao risco de falha na cicatrização. 
 Para a realização de qualquer cirurgia plástica é necessário que o paciente esteja no seu melhor estado geral, sem a presença de infecções de qualquer tipo.

Riscos da otoplastia

Existem riscos inerentes à qualquer cirurgia ou anestesia, minimizados com um bom preparo pré-operatório, e fazendo a cirurgia com um especialista em cirurgia plástica e em local com recursos adequados. Pode haver sangramento, hematoma, dor, inchaço maior que o esperado, infecção, ou mesmo permanecer uma assimetria, principalmente em orelhas de adultos, que têm a cartilagem mais dura, tendendo a perder o ângulo da correção e voltar ao abano. Essas situações podem ser, na maioria dos casos, evitadas, mas caso aconteçam, poderão ser corrigidas por um especialista apto a analisar cada uma e explicar o tratamento ao paciente.

Resultados


Seis meses após a cirurgia é visto o resultado final - foto: Getty Images
Seis meses após a cirurgia é visto o resultado final

"Quando é retirado o curativo, pode ser observado cerca de 60% do resultado final, pois há vermelhidão e inchaço, considerados normais para o pós-operatório imediato", explica a cirurgiã plástica Claudia Zuliani. Na correção do abano, a posição das orelhas é corrigida de imediato e é perceptível a diferença com o pré-operatório logo após a cirurgia. Em quinze dias já estará bem mais desinchado, e vai desinchando até seis meses, quando o resultado será o definitivo.
 A cirurgiã plástica Claudia Zuliani explica que os resultados de cirurgias não são matemáticos, pois a cicatrização depende de cada paciente. "A indicação cirúrgica adequada, a precisa técnica operatória, e o bom cuidado pós-operatório, diminuirão muito a chance de complicações", explica. "Lembre também que não somos seres absolutamente simétricos, mas que buscamos harmonizar as diferenças das orelhas melhorando o contorno facial". Há casos de exceção que demandam novo procedimento cirúrgico para simetrizar mais as orelhas, e nos casos de reconstrução, tantas cirurgias quantas forem necessárias.

Custo da cirurgia

O preço da cirurgia é composto por pacote hospitalar (internação e permanência no leito de enfermaria ou apartamento enquanto estiver no hospital ou clínica, aluguel da sala de cirurgia e os materiais normalmente utilizados para aquela cirurgia) e preço da equipe (honorários médicos do cirurgião, do médico auxiliar, do médico anestesista, e da instrumentadora). Vale lembrar que são sempre necessários exames pré-operatórios, cujos custos são à parte.

Cheque antes da consulta

  • O médico que você irá consultar deve ter registro no Conselho Federal de Medicina (CFM), é possível fazer essa checagem no site da instituição
  • O profissional deve ser membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Outras instituições não avaliam a formação e experiência do profissional desta área
  • A cirurgia deve ser feita em hospital que tenha creditação para realizar cirurgias de médio porte. Entre em contato com o hospital para checar
  • Converse com alguém que já fez a cirurgia com o mesmo médico e informe-se sobre o procedimento e os resultados.


Fontes





  • Cirurgiã plástica Claudia Ranauro Zuliani (CRM/SP: 88237), membro Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
  • Cirurgião Plástico Esmail Safaddine (CRM/SP: 109401), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
  • Cirurgiã plástica Maria Carolina Coutinho (CRM/SP: 113491), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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