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2.01.2015

"Banho de lua"

Ir à praia durante a noite vira moda em tempos de calor intenso e areias lotadas

Amigas correm na areia, furam ondas e escapam do calor noturno conversando durante horas perto do mar

Ricardo Schott
Rio - A esteticista Lia Mezzomo, 30 anos, ama praia a ponto de ter se casado em uma — em Camboinhas, Niterói, num luau “maravilhoso”. Mas sua nova mania, que segue a onda das altas temperaturas do Rio, é reunir a turma para mergulhos no mar após as 18h, ou até mesmo de madrugada. Ela e as modelos Tatiana Bezerra, 19, Pamela Bezerra, 24, Barbara Brigido, 24, e Camila Ganon, 19, variam entre Leblon, Leme e Arpoador. Correm na areia, furam ondas e escapam do calor noturno conversando durante horas perto do mar.
“Eu prefiro vir à noite porque sou muito branquinha, tenho sardas. Mas a água fica numa temperatura normal, não fica aquele calor do dia. E de dia é muito cheio. Às vezes, saio do trabalho e venho à praia”, diz, antes de um mergulho e uma corrida na areia do Leme com as amigas. É um hábito do carioca, que voltou com força no verão 2015 e tem deixado as pedras do Arpoador lotadas à noite — além do lendário Posto 9 em Ipanema, dos quiosques do Leme e do Posto 5 de Copacabana, todos cheios de banhistas noturnos.
Verão 2015 é marcado por praias cheias durante todo o dia, incluindo o período da noite. Na imagem, banhistas curtem a Praia do Arpoador para se refrescar
Foto:  André Luiz Mello / Agência O Dia
Surfista “nascida no mar”, Camila Ganon aproveita a praia noturna com a turma para pegar onda. Levou sua prancha para o Leme, onde ela e suas amigas posaram para, mas recomenda o emblemático Arpoador para o esporte. “Não é nada perigoso e tem bastante luz, até mesmo da lua. É lindo!” Colega de profissão das meninas, Sâmara Magalhães, 28, aproveitava o clima fresco do Leme para se exercitar no slackline. “Cara, em casa fica um calor insuportável. Venho com meus amigos e depois vamos na água tirar o suor”, diz ela, moradora de Botafogo. O esporte ajuda a conhecer outras pessoas. “Vem gente pedir para usar o slackline e até ganhamos umas cervejas”, brinca.
Não é só por causa do frescor e do conforto que as praias têm ficado cheias à noite, claro. “Tem a questão econômica, né?”, lembra o produtor cultural Léo Feijó, que não é lá muito fã de praia, mas se animou a dar um mergulho no Arpoador no pôr do sol por esses dias. E foi recentemente à festa de uma amiga na areia, pertinho do hotel Arpoador Inn, com a lua lá no céu.
“Cada vez mais gente tem feito isso. Tem a ver com a moda do ‘isoporzinho’, do ‘vou levar minha própria cerveja’. E acaba virando, senão um programa gratuito, algo em que se gasta menos. Nesse calor, nada mais convidativo”, diz Feijó, lembrando das festas semanais que acontecem também na praia do Leme, como a Disritmia e a Odara. A atriz Mariana Costa Pinto já foi DJ em alguns eventos desses, só que lá mesmo no Arpoador. “Faço até minha academia na praia, mas não vou de dia nunca. Sol faz mal para a pele!”, sentencia ela, que costuma ir a luaus.
Amigas se divertem na praia: correm na areia, furam ondas e escapam do calor noturno conversando durante horas perto do mar
Foto:  André Luiz Mello / Agência O Dia
Com festa ou sem festa, uma voltinha no Arpoador à noite mostra várias famílias e turmas de amigos fazendo piqueniques e até levando piscininhas de plástico para as crianças. Nem sempre é tão econômico. “No fim de semana, o Arpoador enche de noite e a gente dá um aumento no preço da cerveja. Um latão sai até por R$ 8”, diz um ambulante.
Muito cuidado no mar à noite
Topless na praia à noite? A musa do toplessaço Ana Paula Nogueira diz que consegue fazer, sim. “Mas em Ipanema. No Arpoador, especificamente, não dá”, diz a cineasta, fã do mar e das areias após as 18h. “Fiz grandes amigos nesse horário. É sempre a mesma turma que se encontra, pelo menos em alguns casos. Hoje está mais parecido com um evento, porque vai todo mundo, muitos turistas, muita gente para tirar foto na estátua do Tom Jobim. Mas essa mistura também é bem legal.” Para quem vai à praia de noite, ela só recomenda cuidado é com o mar. “Não tem salva-vidas nesse horário. Nas partes mais escuras, não dá para ver direito as ondas. Eu mesma já quase me afoguei!”

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