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2.04.2015

Brasil tem ingresso de US$ 3,9 bilhões em janeiro

  • Trata-se da maior entrada de recursos para janeiro em três anos.
    Segundo BC, houve aumento de 142% frente janeiro do ano passado.

    Alexandro Martello Do G1, em Brasília
    A entrada de moeda estrangeira superou a saída de divisas em US$ 3,9 bilhões em janeiro deste ano, informou o Banco Central nesta quarta-feira (4). Frente ao mesmo mês do ano passado, quando ingressaram US$ 1,6 bilhão no país, o aumento foi de 142%.
    A entrada de dólares no primeiro mês de 2015 foi a maior, para meses de janeiro, desde 2012 – quando US$ 7,28 bilhões ingressaram na economia brasileira, ainda segundo números da autoridade monetária.
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    Fluxo cambial (Foto: G1)
    Decisão do BC europeu e alta de juros no Brasil
    O ingresso de recursos no Brasil aconteceu em um mês no qual o Banco Central Europeu (BCE) anunciou um plano de estímulo à economia do bloco. O BC da União Europeia informou que irá comprar, a cada mês, € 60 bilhões em títulos públicos e privados – injetando esses recursos no mercado.
    Após a nova alta de juros promovida em janeiro pelo Banco Central brasileiro, para 12,25% ao ano – com o objetivo de conter pressões inflacionárias no país - o Brasil continua em segundo lugar no ranking mundial de juros reais, perdendo apenas para a Rússia, de acordo com levantamento do site MoneYou.
    Impacto no dólar
    O ingresso de recursos registrado em janeiro favoreceria, em tese, a queda do dólar. Com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar um pouco menor. Em janeiro, porém, o dólar teve alta. No fim do ano passado, a moeda norte-americana estava cotada em R$ 2,65, avançando para R$ 2,68 no fechamento de janeiro - uma valorização de 1,15% no mês passado.
    Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão o comportamento da economia norte-americana, as sinalizações sobre a política monetária nos Estados Unidos, os indicadores da economia brasileira - que registraram desempenho ruim em 2014 – além de declarações de integrantes da equipe econômica e da oferta de contratos de "swap cambial" (que funcionam como venda de dólares no mercado futuro) pelo BC brasileiro, entre outros.
    Retirada de estímulos nos EUA
    Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação. Em 2015, há previsão de que pode haver até mesmo aumento de juros nos Estados Unidos, o que tenderia a gerar retirada de dólares do Brasil, em direção aos EUA.
    Indicadores da economia brasileira e declarações
    Os indicadores da economia brasileira, que pioraram nos últimos anos e os fracos resultados dos últimos meses, também impactam a cotação do dólar no Brasil. As contas externas registraram em 2014 um déficit de 4,17% do PIB, o que configura o pior resultado em 13 anos (e um dos mais altos do mundo).
    Ao mesmo tempo, as contas públicas brasileiras tiveram o primeiro déficit da história no último ano, segundo informou o Banco Central. Após o pagamento de juros da dívida pública, foi registrado um déficit de R$ 343 bilhões - o equivalente a expressivos 6,7% do PIB no ano passado.
    Além disso, as declarações do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que afirmou, no fim de janeiro, que não há intenção de manter o câmbio valorizado artificialmente, também contribuíram para a alta da moeda norte-americana no mês passado.
    Swaps cambiais
    O BC brasileiro também tem prosseguido com suas intervenções diárias no mercado com os "swaps cambiais" – que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, atenuando as pressões no mercado à vista. Em dezembro, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, informou que o programa diário da oferta de swaps terá prosseguimento em 2015, com um valor entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões por dia.
    Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
    É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais.
    O investidor, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 12,25% ao ano. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.

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