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2.17.2015

Por que 8 mil contas de brasileiros em paraíso fiscal não são notícia no ‘JN’?


Por que 8 mil contas de brasileiros em paraíso fiscal não são notícia no ‘JN’?
Desde segunda-feira, os telejornais do mundo inteiro noticiaram o escândalo 
mundial do banco HSBC ter ajudado milionários e criminosos a sonegar
 impostos em seus países, usando sua filial na Suíça. Mas no Jornal Nacional
 da TV Globo, nenhuma palavra sobre o assunto
Por Helena Sthephanowitz, na RBA
Desde segunda-feira, os telejornais do mundo inteiro noticiaram o escândalo
 mundial do banco HSBC ter ajudado milionários e criminosos a sonegar 
impostos em seus países, usando sua filial na Suíça. Mas no Jornal Nacional
da TV Globo, nenhuma palavra sobre o assunto.
Não se pode dizer que a notícia é apenas de interesse estrangeiro, 
pois 8.667 correntistas são associados ao Brasil, despontando
 como a quarta maior clientela.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco Filho, por exemplo, confessou em
 depoimento à Polícia Federal, ter mantido dinheiro de propinas neste
 HSBC Suíço durante um período.
No Brasil, não é só a TV Globo que parece desinteressada nesta notícia. 
O resto da imprensa tradicional brasileira também reluta em divulgar 
até nomes que já saíram na imprensa estrangeira.
Um portal de notícias de Angola noticiou a presença na lista da 
portuguesa residente no Brasil, Maria José de Freitas Jakurski, 
com US$ 115 milhões, e do empresário que detém concessões 
de ônibus urbanos no Rio de Janeiro, Jacob Barata, com US$ 95 milhões.
 A notícia traz dores de cabeça também para o prefeito do Rio,
 Eduardo Paes (PMDB-RJ), pois Barata é chamado o “rei dos ônibus”
 e desde junho de 2013 é alvo de protestos liderados pelo Movimento Passe Livre.
O dinheiro nas contas pode ser legítimo ou não. No caso de brasileiros,
 a lei exige que o saldo no exterior seja declarado no Brasil e, 
se a origem do dinheiro for tributável, que os impostos sejam 
devidamente pagos, inclusive no processo de remessa para o exterior.
 Porém é grande a possibilidade de esse tipo de conta ser usada 
justamente para sonegar impostos, esconder renda, patrimônio 
e dinheiro sujo vindo de atividades criminosas. 
O próprio HSBC afirma que mudou seus controles de 2007
 para cá, e 70% das contas na Suíça foram fechadas.
A receita federal Inglaterra, onde fica a matriz do HSBC, identificou
 7 mil clientes britânicos que não pagaram impostos. A francesa avaliou
 que 99,8% de seus cidadãos presentes na lista praticavam evasão fiscal.
 Na Argentina, a filial do HSBC foi denunciada em novembro de 2014,
 acusada de ajudar 4 mil cidadãos a evadir impostos. Segundo a agência 
de notícias Télam, o grupo de mídia Clarín (uma espécie de Organizações
 Globo de lá) tem mais de US$ 100 milhões sem declarar.
Os dados de mais de 100 mil clientes com contas entre 1988 e 2007
 foram vazados pelo ex-funcionário do HSBC Herve Falciani. 
O jornal Le Monde teve acesso e compartilhou com o Consórcio
 Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês),
 formado por mais de 140 jornalistas de 45 países para explorar as
 informações e produzir reportagens, compondo o projeto SwissLeaks.
No Brasil, o jornalista Fernando Rodrigues do portal UOL é quem
 detém a lista e deveria revelar o que encontrou. Porém sua postura 
tem sido mais de esconder do que de revelar o que sabe. Segundo ele,
 revelará nomes que tiverem “interesse público” (portanto,
 independentemente da licitude) ou nomes desconhecidos sobre
 os quais venham a ser provadas irregularidades.
Mas o próprio Rodrigues disse que há nomes conhecidos de empresários, 
banqueiros, artistas, esportistas, intelectuais e, até agora, praticamente
 não publicou nenhum. Nem o de Jacob Barata, de claro interesse
 jornalístico. Só publicou dois nomes já divulgados no site internacional
 do SwissLeaks (contas do banqueiro falecido Edmond Safra
 e da família Steinbruch), o de Pedro Barusco, também já
 divulgado antes, e de outros envolvidos com a Operação Lava Jato, 
como Julio Faerman (ex-representante da empresa SBM),
 o doleiro Raul Henrique Srour, e donos da Construtora Queiroz Galvão.
Rodrigues não publicou nenhum nome de artista, esportista,
 intelectual, político ou ex-político, contradizendo sua política
 editorial de revelar tudo que seja de interesse público.
 Jornalistas do ICIJ de outros países divulgaram os nomes
 de celebridades, políticos, empresários. Há atores, pilotos de Fórmula 1,
 jogadores de futebol, o presidente do Paraguai etc.
A cautela no Brasil é contraditória com o jornalismo que vem
 sendo praticado pela imprensa tradicional de espalhar qualquer
 vazamento, sem conferir se tem fundamento, quando atinge
 alguém ligado ao governo da presidenta Dilma Roussef ou ao 
Partido dos Trabalhadores. Esta blindagem de não publicar o 
que sabe só costuma ser praticada quando há nomes ligados ao
 PSDB ou ligados aos patrões dos jornalistas e grandes anunciantes.
Um caso recente não noticiado pela mídia tradicional foi o 
discurso em 29 de abril de 2013 do ex-deputado Anthony
 Garotinho (PR-RJ), no plenário da Câmara, em que disse sobre 
um dos donos da TV Globo: “(…) O Sr. João Roberto Marinho
 deveria explicar porque no ano de 2006 tinha uma conta em
 paraíso fiscal não declarada à Receita Federal com mais de
 R$ 100 milhões (…)”. Tudo bem que o ônus da prova é de
 quem acusa, mas se fosse contra qualquer burocrata na hierarquia
 do governo Dilma, estaria nas primeiras páginas de todos os jornais
 e o acusado que se virasse para explicar, tendo culpa ou não.
O período que abrange o SwissLeaks, de 1988 a 2007, 
pega a era da privataria tucana e dos grandes engavetamentos na
 Procuradoria Geral da Republica, enterrando escândalos de
 grandes proporções sem investigações.
É só coincidência, mas o próprio processo de transferência do 
controle do antigo banco Bamerindus para o HSBC no Brasil 
se deu em 1997, durante o governo FHC. Reportagens da época 
apontaram que foi um “negócio da China” para o banco britânico.

Reino Unido investiga HSBC por fraude financeira; França pode abrir julgamento

Reino Unido investiga HSBC por fraude financeira; França pode abrir julgamento


Banco teria ajudado clientes de mais de 200 países a fugir dos impostos em contas no montante de 104 bilhões de euros, entre novembro de 2006 e março de 2007

Por Agência Brasil

O HSBC está sob análise da entidade britânica reguladora do sistema financeiro e pode ser julgado na França, depois de denúncias de sonegação fiscal feitas pelo SwissLeaks – Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo.
Segundo o SwissLeaks, o banco ajudou clientes de mais de 200 países a fugir dos impostos em contas no montante de 104 bilhões de euros, entre novembro de 2006 e março de 2007.
A autoridade de supervisão do comportamento financeiro (FCA, na sigla em inglês) anunciou hoje (16) que está analisando as práticas do Hongkong and Shanghai Banking Corporation (HSBC), depois das revelações do escândalo financeiro.
Na sexta-feira, o Banco da Inglaterra, que também trata da supervisão do sistema bancário, por meio da Autoridade de Regulação Prudencial, prontificou-se a analisar as práticas do HSBC.
Na França, os juízes encarregados do inquérito relativo à fraude fiscal praticada em grande escala no HSBC Private Bank, baseado em Genebra, na Suíça, terminaram as suas investigações, o que abre agora a possibilidade de abertura de um processo.
Os juízes Guillaume Daieff e Charlotte Bilger terminaram as investigações na última quinta-feira (12), mas o inquérito prossegue analisando outros aspetos, especialmente aqueles ligados ao papel desempenhado pela sede do banco, que fica em Londres. Daieff e Bilger estão convencidos de que o banco “se beneficiou do produto da fraude fiscal”, organizou a ocultação “dos fluxos financeiros” e “lavou fundos de origem ilícita”, conforme especificou uma fonte envolvida no caso.
Em particular, o banco teria utilizado numerosos fundos e empresas fantasmas para ajudar os seus clientes donos de grandes fortunas a esconder os seus ativos. Após o fim das investigações, a próxima etapa relevante vai ser a das acusações da procuradoria. Ou seja, os juízes de instrução vão ter de decidir se o HSBC Private Banking é ou não julgado.
O banco tem ainda a possibilidade de admitir a culpa. Este cenário passaria por uma dura negociação entre a Justiça e o banco. As acusações que incidem sobre o HSBC implicam multa, que pode chegar à metade do valor dos fundos lavados e ser suficientemente pesada para dispensar a realização de um julgamento.
Na semana passada, veículos de imprensa do mundo inteiro divulgaram levantamento do Consórcio Internacional dos Jornalistas de Investigação, batizado SwissLeaks, realizado com base em documentos do banco na Suíça roubados em 2007 por um antigo empregado, o técnico em informática franco-italiano Hervé Falciani.


Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2015/02/reino-unido-investiga-hsbc-por-fraude.html#ixzz3S3VvvfXz


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