webmaster@boaspraticasfarmaceuticas.com.br

3.18.2015

Ensaios farmacotécnicos (formulações)

Formas farmacêuticas magistrais - são aquelas cuja fórmula é da autoria do
clínico, e que o farmacêutico prepara seguindo essas prescrições.
- Formas farmacêuticas oficinais - são aquelas cuja fórmula e técnica se
encontram inscritas e descritas na Farmacopéias ou Formulários.
Formas farmacêuticas de Especialidades - são aquelas que se encontram
já preparadas e embaladas (especialidade farmacêutica), e que se apresentam
sob um nome de fantasia ou sob uma denominação (comum ou científica) da
substância ativa que entra na sua composição. São normalmente preparadas por
laboratórios farmacêuticos.
  • Quanto à forma física
As formas farmacêuticas consoante a forma física em que se encontram, podem-se
classificar como sólidas, pastosas, líquidas, gasosas e especiais.
SÓLIDAS são aquelas que encontram no estado sólido e são: bolos; cápsulas;
comprimidos; comprimidos vaginais; drageias; grânulos; hóstias; implantações;
lápis; magdaliões; óvulos; papeis; pérolas; pílulas; pós; saboretas; supositórios; velas
PASTOSAS são aquelas que se encontram sob uma forma pastosa e são:
cataplasmas; cataplasmas sinapisados; ceratos; cremes; electuários; pastas;
pomadas; sinapismos; unguentos
LÍQUIDAS são aquelas que estão no estado líquido e são: alcoolatos;
alcoolaturas; álcoolaturas estabilizadas; beberagens; colutórios; emborcações;
emulsões; enemas; hidrolatos; linimentos; limonadas; melidos; óleos medicinais;
poções; tinturas; tisanas; vesicantes; xaropes.
GASOSAS são aquelas que se apresentam sob uma forma gasosa
(seca ou húmida), e são: fumigações e vaporizações.
ESPECIAIS são aquelas formas farmacêuticas que, ou se podem apresentar
em mais do que uma forma física, ou se encontram num estado da matéria
diferente dos anteriores, e são: aerossóis; alimentos medicamentosos;
; bandagens; banhos medicamentosos; colírios; extractos; intractos; sprays.
NOVAS FORMAS FARMACÊUTICAS são as formas farmacêuticas
resultantes da adaptação de formas farmacêuticas tradicionais às novas
tecnologias, ou então resultam de novos desenvolvimentos técnico-científicos
Principais formas farmacêuticas em farmacotécnica hospitalar
Formas farmacêuticas sólidas
CÁPSULAS
São pequenos invólucros destinados a conter, um pó ou um
líquido. Têm forma cilíndrica e são formados por duas partes
que se encaixam. Se se destinam a conter um líquido as
cápsulas devem ser soldadas. Quando as cápsulas contêm
que sejam destruídas pelo suco gástrico, ou substâncias que
se pretenda que actuem no intestino, então elas devem ser
gastro-resistentes (o invólucro deverá ser: quitina ou glúten).
Administram-se "per os".
COMPRIMIDOS
São formas farmacêuticas cilíndricas ou lenticulares, que resultam
da compressão de um pó cristalino ou de um granulado em
máquinas apropriadas. Frequentemente, junta-se à substância aciva
um excipiente para lhe dar o volume conveniente. Podem ser
"per os", colocados subcutaneamente (implantes) ou aplicados
localmente (comprimidos bocais e comprimidos vaginais).
COMPRIMIDOS VAGINAIS
São formas farmacêuticas, que se destinam à aplicação vaginal.
O veículo é constituído por um pó higroscópio, que se desagrega,
permitindo a libertação da substância ativa.
LÁPIS
São preparações para uso tópico, e que têm forma cilíndrica.
Incorporam normalmente um cáustico, para aplicação na pele
em trajectos fistulosos.
ÓVULOS
São preparações destinadas a serem introduzidas na vagina.
Os excipientes mais utilizados, que têm que ter baixo ponto
de fusão, são a gelatina glicerinada para substâncias ativas
hidrossolúveis, e a manteiga de cacau para substâncias activas
lipossolúveis. O peso médio do óvulo é de 12 a 15 gramas.
PAPEIS
Formas farmacêuticas consistindo no envolvimento de substâncias
(pós) numa folha de papel (figura 17). Empregam-se para a
administração por via oral de pós não higroscópicos e insípidos.
a quantidade de substância activa for inferior a 2 decigramas (0.2 g)
junta-se um pó inerte (açúcar, lactose, caulino, talco).
os pós higroscópios podem ser envolvidos em papel parafinado.
É a forma de mandar preparar substâncias activas destinadas
 a serem diluídas ou suspensas (água de bebida, beberagens)
misturadas com os alimentos (ração, carne). Cada embalagem
a dose para uma administração.
PÓS
São substâncias medicamentosas suficientemente divididas para
 que a sua administração se facilite. Podem ser SIMPLES
obtidos por pulverização de substâncias dessecadas à mais
baixa temperatura possível não devendo ultrapassar os
45º C, ou 25º C se estiverem presentes substâncias
voláteis ou facilmente alteráveis) ou COMPOSTOS
resultantes da mistura cuidadosa de pós simples).
Segundo a Farmacopeia Portuguesa (IV edição) existem
pós GROSSOS (I, II e III), PÓ ORDINÁRIO e PÓ FINO.
A sua conservação deve ser feita ao abrigo da luz e da umidade.
Os pós administram-se incorporados em poções, xaropes,
cápsulas, papeis, comprimidos, eletuários, ou ainda em aplicação
 tópica na pele.
SUPOSITÓRIOS
São formas farmacêuticas de forma cónica ou ovóide,
 destinadas
a serem introduzidas na ampola rectal, contendo um veículo de
baixo ponto de fusão. Os excipientes usados podem ser
(óleo de cacau ou sucedâneos) ou Hidrossolúveis (gelatina
 glicerinada ou polietilenoglicois de peso molecular elevado).
O emprego de tais excipientes, com a particularidade de terem
um baixo ponto de fusão, destinam-se a uma mais fácil
administração
e conservação por um lado, e à difusão das substâncias
ativas na ampola rectal, por outro. Empregam-se principalmente
 em terapêutica canina, e têm 2 a 3 gramas de peso.
Formas farmacêuticas pastosas
CREMES
São um tipo de pomada em que o excipiente utilizado é uma emulsão
do tipo água/óleo (creme) ou óleo/água (cold-cream).
PASTAS
São pomadas espessas devido à grande quantidade de pós insolúveis
que veiculam. Podem aparecer sob a forma de pastas dérmicas
(aplicação tópica na pele) ou pastas orais
(administração oral de antiparasitários).
POMADAS
São preparações farmacêuticas de consistência mole, destinadas
a serem aplicadas externamente, para acção tópica ou geral, e também
com fins de protecção e lubrificação. São preparadas misturando ou
dissolvendo as substâncias activas em excipientes, inócuos, não
 irritantes e de boa conservação. Quanto aos excipientes as
pomadas classificam-se em:
pomadas gordurosas (vaselina, banha, vaselina com
 lanolina, mistura de óleos, silicones);pomadas hidrófilas
( vaselina hidrófila);
pomadas hidrossolúveis (mistura de polietilenoglicois,
glicerado de amido, geles de polioses complexas);
pomadas emulsivas (pomada rosada, creme hidrófilo, creme
estearato);pomadas resinosas (resina). Para facilitar a sua
conservação podem-se empregar conservantes (álcool benzílico,
parahidroxibenzoato de metilo) ou anti-oxidantes.
Géis
Géis são sistemas semi-sólidos nos quais o movimento do meio dispensante
 é restrito por uma rede tridimensional de partículas interlaçadas
macromoléculas solvatadas presentes na fase dispersa.
Géis ou geléias são sistemas semi-sólidos constituídos por 
pequenas partículas inorgânicas em suspensão ou por 
grandes moléculas orgânicas interpenetradas por um líquido (USP)”.
Classificação geral e descrição dos géis
Classe
Descrição
Exemplos
Inorgânico
São geralmente sistemas bifásicos
Gel de hidróxido de alumínio;
Magma de betonita
Orgânico
São geralmente sistemas monofásicos
Carbopol; Goma tragacanto
Hidrogéis
Contém água
Sílica, bentonita, pectina.
Alginato de sódio, alumina,,
metilcelulose
Organogéis
Hidrocarbonetos
Petrolato, Gel de óleo mineral e polietileno (Plastibase)
Gorduras animais ou vegetais
Banha de porco, Manteiga de cacau
Bases gordurosas saponificadas
Gell de estearato de alumínio com óleo mineral pesado
Organogéis hidrofílicos
CarboWax (Pomada PEG)
Polar
Não iônica
Hidrogéis
Hidrogéis orgânicos
Pasta de pectina, Gel de tragacanto
Gomas naturais e sintéticas
Iose sódica, Pluronic F-127, Polímero
surfactante não-iônico de
polioxipropileno-polioxi-etileno (PM médio 11,500)
Hidrogéis inirgânicos
Gel de bentonita (10-25%), Veegum
Formas farmacêuticas líquidas
COLUTÓRIOS
São preparações magistrais destinadas a serem depostas na
mucosa bocal ou oro-faríngea. São soluções viscosas devido
à presença de glicerina ou mel. Destinam-se quase exclusivamente
medicina canina, e as substâncias activas empregues são
antissépticos. Aplicam-se com o auxílio de uma zaragatoa.
EMULSÕES
São sistemas dispersos constituídos por duas fases líquidas,
 em que a fase dispersa pode ser a água e a contínua o óleo
(tipo água em óleo, A/O) ou o contrário (tipo óleo em água,
O/A). Para conferir às emulsões estabilidade satisfatória
pode-se recorrer ao uso de substâncias que atuem sobre a
viscosidade ou sobre a tensão interfacial (intermediários).
SOLUÇÕES
São misturas de substâncias activas (normalmente sólidas)
em solventes líquidos (normalmente a água), em concentrações
inferiores à sua solubilidade à temperatura ambiente. Podem
constituir por si só uma forma farmacêutica, ou serem incorporadas
 noutras. Actualmente estão muito divulgadas as "soluçõespour on"
destinadas a serem aplicadas no dorso dos animais
 e com fins antiparasitários.
TINTURAS
São formas farmacêuticas oficinais que resultam da acção do álcool,
por maceração ou lexivação, sobre produtos secos de origem animal,
vegetal ou mineral. São portanto soluções alcoólicas, a 10 ou 20%,
 geralmente. Usam-se por via tópica, "per os" em poções ou xaropes.
VESICANTES
São formas farmacêuticas líquidas, para aplicação tópica,
também conhecidas como fogos líquidos. Têm uma ação
rubefaciente e hiperemiante local.
XAROPES
São formas farmacêuticas em que a substância ativa,
sob a forma
de pó, líquido, etc., se encontra dissolvida numa solução
aquosa açucarada concentrada (1 parte de água para
 2 partes de açúcar). Esta preparação medicamentosa
é administrada "per os".
Formas farmacêuticas especiais
Denominam-se formas farmacêuticas especiais aquelas que, ou não se podem
facilmente inserir num determinado grupo, ou que têm inserção em mais do
que um grupo.
COLÍRIOS
São formas farmacêuticas destinadas a serem aplicadas sobre
a mucosa ocular. Os colírios podem sercolírios secos
 (constituídos por pós porfirizados), colírios moles
(também chamados de "pomadas oftálmicas") e colírios líquidos
(destinados à instilação sobre a conjuntiva e podendo apresentar-se
 sob a forma de soluções ou suspensões). Os colírios devem ser
isotônicos em relação à secreção lacrimal (nas formas líquida e pastosa),
estéreis e não irritativos.
EXTRATOS
São medicamentos oficinais de consistência variável que se obtêm
partir da evaporação de uma solução de uma substância
medicamentosa num dissolvente vaporizável. Os extractos podem
ser aquosos, alcoólicos, cetónicos ou etéreos, consoante
o dissolvente usado. Segundo o grau de evaporação,
os extractos classificam-se em extractos fluidos (ou extractos líquidos), extractos pastosos (ou extractos mole, com 25% de solvente),
extractos firmes (com 10 a 20% de solvente) e extractos secos
(com menos de 5% de solvente). Quando à origem os extractos
 podem ser vegetais (plantas frescas) ou animais.
4.2 - Manipulação de anti-sépticos
Soluções anti-sépticas de uso tópico têm sido utilizadas de maneira empírica
séculos antes dos estudos de Pasteur e Koch demonstrando a existência
de microrganismos. O aparecimento dos antibióticos de uso sistêmico
fez com que o interesse de avaliações da eficácia terapêutica das soluções
 anti-sépticas tópicas diminuisse, levando a utilização de inúmeras soluções
de pouca ou nenhuma utilidade.
Na legislação brasileira, a portaria 930/1992 do Ministério da Saúde, determina
as soluções anti-sépticas adequadas para uso e lista as soluções proibidas
anti-sepsia.
A fim de reduzir custos e falhas humanas no preparo e utilização
das soluções anti-sépticas, é necessário padronizar um mínimo
de produtos químicos de eficácia comprovada, definir sua concentração e
diluição indicada e a finalidade a que se destinam.
As condições mínimas exigidas para utilização de um anti-séptico é que
 ele esteja autorizado para uso pela Port. 930/92, que assegura:
  • atividade germicida sobre a flora cutânea, sem irritação da pele ou mucosas
  • não provocar reações alérgicas ou queimaduras
  • possuir baixo teor de toxicidade
Iodóforos
a) Mecanismos de ação
A atividade germicida do iodo se dá por sua capacidade de penetrar rapidamente
na parede celular dos microrganismos, causando ruptura das estruturas
da proteína e ácido nucléico.
Iodóforo é um complexo de iodo fracamente ligado a um elemento
que serve tanto para aumentar a solubilidade do iodo quanto para ser
 reservatório de liberação do mesmo, conferindo-lhe poder residual.
A povidona-iodo é o iodóforo mais largamente utilizado e sua molécula
carreadora é a polivinilpirrolidona. Tem ação bactericida, fungicida,
virucida e tuberculicida. A concentração germicida mínima é de 10%,
que contém 1% de iodo disponível, cuja ação germicida é equivalente à
de soluções aquosas de iodo de mesmo teor. Estudos in vivo demonstram
 que a solução aquosa de PVP-I a 10% reduz a microbiota da pele de
 68 a 84% em uma única aplicação; de 92 a 96% em seis aplicações
sucessivas, enquanto a solução alcoólica reduz de 74 a 98% em uma
única aplicação. Seu efeito residual (impedindo o crescimento de
 bactérias na pele) é estimado entre 6 a 8 horas.
Devido à complexão do iodo, as soluções de iodóforos não irritam
 tanto a pele e mucosas quanto a solução de iodo; são menos
, têm odor suave e são facilmente removíveis da pele e roupas.
b) Apresentações e uso terapêutico
PVP-I tópico (veículo aquoso)
    • anti-sepsia em curativos (pele e mucosas)
PVP-I degermante (com tensoativo)
    • lavagem e anti-sepsia de mãos pré operatória e antes 
    • de demais prodecimentos invasivos
    • degermação da pele pré-operatória e antes de demais 
    • procedimentos invasivos, através da lavagem mecânica
    • com fricção e remoção com soro fisiológico.
PVP-I tintuta (veículo alcoólico)
    • anti-sepsia complementar da pele do campo 
    • operatório e em demais procedimentos invasivos, 
    • ou seja, após o processo de degermação com a 
    • solução degermante acima descrito, aplica-se
    •  a solução alcoólica, que deixará uma película sobre a pele.
c. Toxicidade
A povidona-iodo per se tem baixa toxicidade para os tecidos.
O ressecamento da pele pode ocorrer com o uso consecutivo
e prolongado. Concentrações elevadas de iodo no plasma, por
absorção em pacientes queimados, podem ser responsáveis por
 intoxicações ocasionais. A aplicação tópica em recém nascidos
 pode resultar em hipotireoidismo.
Clorexidina
Mecanismos de ação
Sua atividade germicida se dá por uma série de mudanças fisiológicas e
citológicas e o efeito letal é devido a destruição da membrana
citoplasmática bacteriana. Age tanto em bactérias Gram-positivas
como Gram-negativas, mas está comprovada sua maior efetividade
 sobre os Gram-positivos. Tem ação sobre vírus lipofílicos
 (p.e. influenza, citomegalovirus, herpes, HIV) e sua ação
fungicida é variável com a espécie.
A atividade germicida se mantém mesmo na presença de sangue e
demais fluidos corporais. Possui efeito residual de aproximadamente
6 a 8 horas por ação cumulativa. Estudos in vivo demonstram que
a solução alcoólica de di-gluconato de clorexidina a 0,5% reduz,
em uma única aplicação, a microbiota da pele de 84,9% a 95,6%
e a solução aquosa a 4% reduz de 70 a 86,7% em uma única
aplicação e 80,1% a 99,2% em seis aplicações.
Apresentação e uso terapêutico
Solução tópica (veículo aquoso)
    • anti-sepsia em pele e mucosa
Solução degermante (com tensoativo)

    • degermação de pele pré-operatória e antes de demais 
    • procedimentos invasivos.
    • banho pré-operatório dos pacientes submetidos
    •  a cirurgias eletivas
Solução tintura (veículo alcoólico)
    • anti-sepsia complementar da pele do campo operatório 
    • e em demais prodecimentos invasivos.
c) Toxicidade
A clorexidina é fracamente absorvida no trato gastrointestinal e
 é absorvida em quantidades desprezíveis pela pele de adultos.
 Não se conhece a extensão da absorção pela pele de recém-
nascidos, mas as propriedades físico-químicas da droga
sugerem uma pequena absorção. No sangue, concentrações
muito baixas podem causar hemólise.
Alcoóis
a) Mecanismos de ação
Os alcoóis alifáticos são germicidas em graus variáveis e os mais utilizados como anti-sépticos são o etanol e o isopropanol. A concentração bactericida ótima do etanol é 70% em peso, capaz de eliminar 90% das bactérias cutâneas em 2 minutos, desde que a área permaneça úmida durante este período. O etanol a 70% embebido em algodão reduz no máximo 75% na contagem bacteriana cutânea, porque suas condições de armazenagem facilitam evaporação.
Na concentração de 70%, sua ação germicida se dá por precipitação de proteínas; entretanto, quando em baixas concentrações, tem escassa penetração no protoplasma bacteriano e em concentrações elevadas pode desidratar as bactérias sem destruí-las. Quando aplicado rapidamente sobre a pele não causa danos, porém é irritante se mantido por longos períodos de tempo. Não deve ser aplicado em ferimentos abertos pois além de irritar o tecido, forma um coágulo sob o qual as bactérias podem se desenvolver.
O álcool exerce ação bactericida sobre todas as bactérias patogênicas comuns, não possui boa ação fungicida e virucida e é inativo contra esporos. Em concentrações acima de 70%, o isopropanol é ligeiramente mais germicida que o etanol, mas causa vasodilatação sob a superfície de aplicação, de modo que picadas de agulha ou incisões no local sangram mais do que com o etanol.
b) Tabela de conversão
O álcool etílico é fornecido em volume oGL (Gay-Lussac) e necessita de conversão para chegar na sua concentração germicida ótima de 70%. Para tal, existe a tabela de conversão entre volume oGL e % massa por massa (W/W).
VOLUME o GL
% W/W
VOLUME oGL
% W/W
76
9,04
88
83,19
77
79,17
89
84,46
78
71,30
90
85,76
79
72,45
91
87,06
80
73,58
92
88,38
81
74,75
93
89,71
82
75,91
94
91,08
83
77,09
95
92,46
84
78,29
96
93,89
85
79,50
97
95,34
86
80,74
98
90,84
87
81,95
99
98,39
Para saber o volume de água a ser acrescentado, utiliza-se a seguinte fórmula para 
cada 100 g de álcool etílico:
onde,
x = água em ml para diluição de álcool
y = concentração inicial de álcool em % (W/W) que será diluida
Exemplo: álcool etílico 96oGL pela tabela
y = 93,89
x = 1,428 (93,89 - 70) = 34,12
é necessário 34,12 ml de água para cada 100 ml de álcool etílico 96oGL
c) Uso terapêutico
    • anti-sepsia da pele antes da venopunção
    • anti-sepsia complementar das mãos da equipe de saúde após a lavagem de mãos de rotina com água e sabão
    • anti-sepsia de mãos em unidades de atendimento clínico de rotina ao paciente (anamnese e exame físico) onde não existam pias para lavagem das mãos
Observação.- Para anti-sepsia de mãos, a fim de evitar o ressecamento das mesmas, recomenda-se a adição de glicerina a 1 ou 2%.
Peróxido de hidrogênio (H2O2)
O peróxido de hidrogênio, H2O2, age sobre a membrana lipídica, DNA e outros componentes essenciais da célula bacteriana, através da produção de radicais livres de hidroxila destrutivos.
Tem ação bactericida, virucida, esporicida e fungicida. Pode ser usado como desinfetante para superfícies inanimadas, quando estabilizado a 6%. Concentrações entre 10 a 25% são propostas como esterilizante químico, embora de pouca aceitação quando comparada com as soluções de glutaraldeído. A solução tópica a 3% possue baixa ação germicida e pouca penetrabilidade. É contra-indicada como anti-séptico, pois a catalase presente na matéria orgânica reage com o oxigênio da solução, inativando-a. Soluções concentradas são irritantes para a pele. A irrigação de feridas agrava o trauma tissular e retarda a cicatrização. A solução promove a oxidação de debris orgânicos através da liberação de gases de oxigênio, o que pode ajudar na remoção mecânica de sujidade.
A solução de peróxido de hidrogênio é instável e facilmente alterada pelo calor e pela luz.
Triclosan (Irgassan D.P. 300)
O triclosan é um derivado fenólico utilizado em associação com sabão, detergentes e cosméticos, tais como o Igarsan DP 300, na concentração 0,5 a 2%. É bacteriostático principalmente contra bactérias Gram-positivas, mas sua ação bactericida contra Gram-negativos, principalmente Pseudomonas aeruginosa, é controvertida. Seu efeito de absorção cumulativa não é conhecido, daí seu uso ser contra-indicado em crianças abaixo de 6 meses.
Classificado como sabonete líquido de baixa ação anti-séptica, é indicado para limpeza de pele de pacientes e lavagem de mãos de rotina dos profissionais de saúde, em áreas de baixo risco para aquisição de infecções hospitalares.
Compostos de Prata
a) Mecanismo de ação e apresentações
O íon prata causa precipitação de proteínas e age diretamente na parede celular emembrana citoplasmática da célula bacteriana. Os compostos de prata são germicidas quando em solução, com poder bactericida imediato e ação bacteriostática residual pela liberação de pequenas quantidades de prata iônica. São comercializados na forma denitrato de prata 1% e sulfadiazina de prata.
b) Uso terapêutico
1. Nitrato de prata 1% (solução)
Profilaxia da conjuntivite gonocócica do recém nascido
2. Sulfadiazina de prata (creme)
Uso tópico em queimaduras
Permanganato de Potássio
a) Mecanismo de ação e apresentação
Apresenta-se sob forma de cristais de cor púrpura, solúveis em água, com poder germicida variável de acordo com a concentração. Em solução de 1:10.000, sua ação bactericida se dá em aproximadamente 60 min de exposição. Embora seu poder germicida seja inferior às demais soluções anti-sépticas anteriormente apresentadas, a solução de permanganato é amplamente utilizada por sua eficiente ação secativa, através de oxidação de substâncias orgânicas.
b) Uso terapêutico
Em afecções úmidas e/ou infectadas de pele, na concentração de 1:40.000, em banhos de imersão, 2 a 3 vezes ao dia, por 10 a 15 minutos.
Soluções de iodo
  1. Mecanismos de ação
O iodo é altamente reativo e sua ação microbicida se dá pela combinação com proteínas por reação química ou por adsorção. É um potente agente bactericida, virucida, fungicida e tuberculicida de ação rápida. Na concentração de 1:20.000 exerce ação bactericida em 1 minuto de exposição e destrói esporos bacterianos em cerca de 15 minutos. A eficácia da solução não é prejudicada pela presença de matéria orgânica desde que a concentração do iodo não seja baixa (<0 p="">
  1. Apresentações ,
As soluções de iodo são preparadas com o íon em sua forma sólida.
Solução forte de iodo ou solução de Lugol, U.S.P.
5% de iodo sólido e 10% de iodeto de sódio em veículo aquoso.
Solução tópica de iodo, U.S.P.
2% de iodo sólido e 2,4 de iodeto de sódio em veículo aquoso
Tintura de iodo, U.S.P.
2% iodo sólido e 2,4% de iodeto de sódio diluidos em 50% de etanol
Álcool iodado ou solução alcoólica de iodo (PRICE)
iodo ................................................................... 10 g
iodeto de potássio ............................................. 10 g
álcool etílico 70% (em peso) .............................. 1.000 ml
c. Uso terapêutico
1. Anti-sepsia da pele
Anti-sepsia complementar da pele após lavagem de mãos e antes de procedimentos invasivos sem efeito residual.
Observação.- As bacias com soluções são contra-indicadas por facilitarem a deterioração, evaporação e contaminação.
2. Curativos
As soluções aquosas de iodo são indicadas para curativos nas concentrações de 0,5 a 1% de iodo.
Estas diluições devem ser preparadas a partir das soluções oficiais (U.S.P.).
A solução forte de iodo tem propriedades queratolíticas, provavelmente por seu conteúdo em iodo, sendo indicado algumas vezes para tratamentos específicos como a queratosclerose.
d. Toxicidade
A toxicidade local do iodo é baixa; entretanto, provoca ressecamento e irritação da pele e ocasionalmente pode levar a reações de hipersensibilidade caracterizadas por febre e erupção cutânea de tipos variados.
e. Armazenamento
Soluções aquosas
Devem ser acondicionadas em fracos âmbar com tampa fechada para evitar deterioração e evaporação e protegidas da luz e do calor.
Soluções alcoólicas
Devem ser acondicionadas em frascos transparente pois a luz evita a formação do ácido iodídrico que inativa a solução por impedir a formação do iodo livre. Os frascoss devem ser mantidos com tampa fechada.
Outros
Ácido acético
O ácido acético para utilização sobre a pele deve ter concentração igual ou inferior a 1%, o que faz com que a solução tenha baixo poder germicida e fique suscetível à contaminação por Gram-negativos.
Ácido bórico
O ácido bórico é de baixo poder germicida, mas por sua propriedade não irritativa é utilizado no preparo de algumas soluções medicamentosas ópticas e como tampão em algumas preparações tópicas.
Azul de metileno, U.S.P. (Cloreto de Metiltionina)
Foi o primeiro corante recomendado como anti-séptico em 1890. Entretanto, sua baixa atividade germicida e alta toxicidade causaram seu abandono.Carvão ativado
O carvão ativado não tem nenhum poder germicida e atualmente é comercializado sob a forma de curativos de tecido de carvão ativado impregnado com prata. A prata é que possue ação germicida. É de alto custo quando comparado aos anti-sépticos padronizados.
Hexaclorofeno
O hexaclorofeno é um bi-fenol, cuja comercialização está proibida no Brasil devido a sua toxicidade.
Como anti-séptico, ele é mais eficaz contra bactérias Gram-positivas do que Gram-negativas. A solução se acumula na pele e sua toxicidade sistêmica foi comprovada com o uso tópico diário em crianças prematuras ou de baixo peso, crianças com escoriações na pele ou ainda quando aplicado várias vezes ao dia na pele ou vagina de adultos. Os efeitos incluíram confusão, diplopia, letargia, convulsões, parada respiratória e morte. As soluções contendo detergente são as mais tóxicas.
Iodofórmio
No estado sólido os iodofórmios são pós cristalinos de coloração amarelada e odor característico. Possuem toxicidade sistêmica ( sonolência, alucinações e espasmos). No passado foram utilizados como anti-sépticos em feridas abertas e posteriormente substituidos por soluções menos tóxicas, principalmente os iodóforos.
Nitrofurazona (Furacin (R))
A nitrofurazona tem ação bacteriostática sobre a maioria das bactérias em uma faixa de concentração de 1:100.000 e 1:200.000. Para ação bactericida, são necessárias concentrações de aproximadamente o dobro destas. Algumas cepas bacterianas entretanto, são insensíveis a concentrações muito maiores que as supra citadas. É inativa contraPseudomonas e Candida albicans.
Possue toxicidade sistêmica relativamente baixa e não há absorção significativa da droga por superfícies mucosas ou queimadas. Grandes inóculos de microrganismos, plasma e sangue reduzem a atividade germicida desta droga. Temperaturas superiores a 40oC interferem na atividade germicida da solução, sendo portanto contra-indicada sua esterilização.
Papaína
É a denominação dada ao complexo enzimático de ação proteolítica encontrado na planta Carica papaya (mamão) e comercializado na forma de pó. É utilizado como coadjuvante no tratamento de feridas infectadas e está sendo utilizado experimentalmente no Brasil.
Violeta genciana
A violeta genciana é um corante de trifenilmetano de baixa ação bactericida e fungicida. Bactérias Gram-negativas e as ácido-álcool-resistentes são muito resistentes à droga.
A Solução tópica contém 1% do corante em 10% de etanol. O contato da solução com o tecido de granulação pode resultar em pigmentação permanente da pele; por isso, o corante não deve ser aplicado em lesões ulcerativas.
Cuidados com a manipulação e estocagem de soluções
    • colocar as soluções preferencialmente em recipientes pequenos e reutilizáveis, mantendo-os fechados para uso único ou diário.
    • não deixar gaze ou algodão embebidos em soluções anti-sépticas aquosas, para evitar sua contaminação
    • utilizando grandes vasilhames para estocagem de soluções, colocar pequenas quantidades e semanalmente realizar a troca e limpeza dos recipientes utilizados.
    • guardar os recipientes protegidos da ação direta da luz ou calor.
    • a limpeza dos recipientes deve ser com água e sabão e secagem completa antes da reposição da solução.
    • é fundamental a rotulagem dos fracos com a especificação da solução e data da troca.
Anti-sépticos de uso restrito
A legislação vigente (Port. 930/92) classifica as seguintes soluções como inadequadas para anti-sepsia:
Compostos mercuriais
Merbromina (mercurocromo)
Solução aquosa com baixo poder germicida, sujeira a contaminação por Pseudomonas sp..
Timerosal (mertiolato)
Solução alcoólica de mercúrio cuja ação germicida se dá pelo álcool, que é mais ativo sozinho do que associado ao mercurial. Devido ao veículo alcoólico, é contra-indicado para utilização em feridas.
Líquido de Dakin
É uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5% neutralizada com ácido bórico, sugerida como anti-séptico por Dakin em 1915. Seu uso foi abandonado porque as soluções de hipoclorito são instáveis e facilmente alteráveis na presença de luz e calor. Tem o poder de dissolver a fibrina e coágulos sanguíneos, retardando a cicatrização. São altamente irritantes para a pele.
Compostos de amônio quaternário
Comercialmente encontramos as soluções de cloreto de benzalcônio, cloreto ou brometo de cetilmetilamônio e cetilpiridona.
Seu poder germicida é baixo, embora varie de acordo com a concentração. Não são recomendados como anti-sépticos devido a contaminação das soluções por Gram-negativos.
O uso prolongado em preparações desodorantes e líquidos para fraldas podem provocar reações alérgicas.
Éter
O éter é uma substância irritante que, quando aplicado localmente, produz uma reação inflamatória nos tecidos cutâneo e mucoso. Por suas propriedades físico-químicas, não tem indicação como solução anti-séptica.
Clorofórmio
O clorofórmio é uma substância altamente volátil, o que reduz sua concentração e poder germicida. Não tem indicação como anti-séptico por seu baixo poder germicida e por irritar os tecidos.
Acetona
É uma solução bactericida e virucida, mas não esporicida. Sua concentração ótima é pura; e abaixo de 40% seu efeito germicida é praticamente nulo. Sobre a pele, a acetona pura é menos eficaz que o etanol 70%, porque sua evaporação muito rápida limita o tempo de contato da solução com o tecido.
Manipulação de saneantes domisanitários
Introdução 
A limpeza sempre foi uma preocupação instintiva do ser humano, desde a antigüidade entre todos os agentes molhantes e lavantes conhecidos o mais antigo é a água. Como agente de limpeza, entretanto, é deficiente pois não espuma, não emulsifica graxas, e requer grande esforço muscular e mecânico para deslocar sujeiras, acarretando danos a superfície a ser lavada. Os primeiros materiais que se tem notícia para auxiliar a água em sua função detergente são as argilas e cinzas.
Detergente, por definição, é todo produto cuja finalidade é "remover sujeira" com eficiência. O sabão foi o primeiro detergente inventado pela humanidade. Há registros históricos de seu uso na Mesopotâmia, a mais de 2000 a.C. Todo sabão é geralmente produzido pelo aquecimento de óleos vegetais e animais, misturados com um álcali (normalmente soda cáustica).
Em 1916, foi produzido o primeiro tensoativo completamente sintético, que reduzia a tensão superficial da água, não sendo, porém, eficiente para remover sujeira. No início dos anos 50, o alquilbezeno, de fonte petroquímica tornou-se disponível, sendo transformado no alquilbenzeno sulfonato de sódio, primeiro pela reação com o ácido sulfúrico, e posteriormente pela ação da soda cáustica. O alquil benzeno inicialmente desenvolvido tinha cadeia lateral ramificada, o que dificultava sua degradação no meio ambiente. Por volta dos anos 60, foi desenvolvido o alquilbenzeno com cadeia lateral linear, mais prontamente biodegradável, que é utilizado até hoje.
No Brasil os detergentes em pó são conhecidos como "sabão em pó", embora não haja qualquer sabão em sua composição. Detergentes são substâncias que apresentam a propriedade de baixar a tensão superficial da água, facilitando-lhe a penetração nos tecidos e auxiliando a remover e manter em suspensão as sujeiras. Os sabões e detergentes sintéticos são constituídos de uma longa cadeia hidrocarbônica, que em média contém de 12 a 20 átomos de carbono, sendo portanto hidrofóbica, porém solúvel em óleos e gorduras (lipofílica), acompanhada de uma extremidade polar (hidrofilica).
De acordo com as características iônicas em solução os detergentes são classificados em:
  • Aniônicos - quando dissolvidos em solução aquosa o ânion apresenta propriedade detergente. Como exemplo tem-se o alquilbenzenosulfonato (ABS).
  • Catiônicos - dissolvidos em água somente o cátion tem ação detergente. São detergentes com propriedades bactericidas, sendo bastante utilizados nos produtos de enxágüe e para limpezas especiais. Como exemplo tem-se os sais quaternários de amônio.
  • Não-iônicos - não são dissociados em solução aquosa São na sua maioria produtos da condensação de óxidos de etileno sobre álcoois, fenóis, ácidos, aminas, etc. Suas propriedades variam de acordo com a natureza do produto base e com a quantidade de óxidos de etileno condensados. São geralmente pouco espumantes, utilizados em máquinas de lavar louças.
Freqüentemente a ação da mistura de dois ou mais detergentes é superior a soma das ações dos detergentes individuais (sinergismo). Este fato é aproveitado para através de combinações, obter características desejadas de detergência e espuma.
Uma das principais vantagens dos detergentes sintéticos é a não formação de sais insolúveis de cálcio e magnésio, como no caso do sabão, possibilitando sua utilização em águas duras.

Princípios da formulação de detergentes sintéticos
O processo de lavagem envolve essencialmente seis fatores principais:
  1. O Tecido
Existem vários tipos de tecidos, como: o algodão, a lã, e os sintéticos (nylon, tergal e acrílico). Esta grande variedade de tecidos, impõe restrições na operação de lavagem, que muitas vezes podem resultar em uma limpeza menos eficiente, particularmente se o tecido encontra-se demasiadamente sujo. Além disso os consumidores esperam um produto detergente ideal, que atue eficientemente qualquer que seja o tecido, o que dificulta a formulação do produto.
  1. A Sujeira
Segundo uma clássica definição é um material fora de lugar, e detergência é o processo de remoção da sujeira de um lugar para outro. A sujeira nos tecidos consiste de um líquido (gordura, óleo) ou de partículas sólidas finamente divididas.
  1. O Produto de Lavagem
Um dos aspectos visuais de atuação do produto mais apreciados pelo consumidor, é a espuma que se forma durante o processo de lavagem. A espuma sendo uma emulsão, depende do volume de ar que a solução consegue reter, tal quantidade é função do produto e do grau de agitação impresso a solução. Determinar o nível e o tipo de espuma é a problemática da formulação.
Os detergentes ativos, devem apresentar características adequadas quanto a:
  • Efeitos sobre a pele (sensitização)
  • Toxidez (ingestão)
  • Biodegradabilidade
 A Água
O suprimento de água varia em dureza da água, tipos de sais dissolvidos, contaminações metálicas, etc. Quanto maior a dureza da água, maior a quantidade de detergente necessária para uma lavagem adequada. A presença de impurezas metálicas influenciam negativamente o processo de lavagem, a presença de ferro confere aos tecidos uma cor amarelada, o cobre catalisa a reação de decomposição do perborato, alterando-lhe o poder branqueador e a presença de manganês produz cores indesejáveis no tecido branco, particularmente se o branqueamento por hipoclorito fizer parte da operação.
O Equipamento
Podendo variar desde um simples balde até uma máquina automática de lavar. Existindo um tipo de sabão/detergente para determinado equipamento.
Formulação de detergentes
O detergente pode ser um pó ou um líquido, cujo princípio ativo é um detergente sintético. Ele é constituído de um fórmula bastante complexa, uma fórmula típica contém: 
  1. Tensoativoou Material Ativo
  2. Agentes Modificadores de Espuma
  3. Agentes Coadjuvantes
  4. Agentes Removedores de Manchasou Branqueadores Ópticos e Bioquímicos
  5. Agentes de Suspensão
  6. Silicatos
  7. Agentes Modificadores de Pó
  8. Agentes Ópticos
Tensoativo ou Material Ativo
È capaz de baixar a tensão superficial da água, fazendo com que esta "molhe" a gordura e o tecido, isto causa uma diminuição da área de contato entre a gordura e o tecido, de modo que uma simples agitação é capaz de removê-la. Além disso ele possui duas importantes funções na lavagem:
  • Ajudar a deslocar a sujeira - Existem dois tipos de sujeira: as partículas de sujeira sólida, tais como fuligem poeira, e sujeira de origem oleosa/graxa. Em ambos os casos, devido às suas características moleculares, os tensoativos "quebram" a sujeira, fracionando-a em partículas sempre menores, tornando-as solúveis em água, o que facilita sua remoção.
  • Dispersar as partículas de sujeira - Depois que as partículas sólidas de sujeira e os resíduos oleosos/graxos são retirados, os tensoativos fazem com que eles permaneçam dispersos na água, e não aglutinem novamente ao tecido, enquanto ele é lavado ou enxaguado. O tensoativo mais largamente utilizado em detergente em pó é o alquilbenzeno sulfonato de sódio, que é de caráter aniônico. Os não-iônicos (como os álcoois graxos etoxilados) são usados em menor proporção.
  - Agentes Modificadores de Espuma
Embora a espuma não seja essencial para que um detergente limpe, muitos dos detergentes comuns tem sua ação aumentada devido a ação da espuma. Além disso a presença de espuma é muitas vezes tomada como indicação que ainda existe detergente na água de lavagem, por isso um detergente bem formulado deve ter uma espuma firme que desapareça mais ou menos ao mesmo tempo que o tensoativo.
- Agentes Coadjuvantes
Os tensoativos são na maioria dos casos sensíveis à presença de sais na água (sais de cálcio e magnésio), os quais provocam a dureza da água, reduzindo assim sua eficiência como agente limpante. Para neutralizar a ação destes sais são adicionados agentes coadjuvantes, que são na maioria dos casos seqüestrantes químicos, além disso eles tem o poder de:
  • Ajudar os tensoativos a deflocular (quebrar em partículas menores) e manter em suspensão os materiais insolúveis, como a terra, e emulsificar materiais oleosos/graxos.
  • Promover a alcalinidade adicional para a solução de lavagem, ajudando a limpeza de alguns tipos de sujeira.
  • Ajudar na estruturação das partículas do detergente durante o seu processo de produção, mantendo assim, as propriedades físicas estáveis.
Os coadjuvantes mais utilizados são os polifosfatos, mais precisamente o tripolifosfato de sódio, e além dele pode-se usar o carbonato de sódio e zeólito.
  1. Agentes Removedores de Manchas ou Branqueadores Ópticos e Bioquímicos
Os agentes removedores de manchas podem agir por oxidação, redução ou por ação enzimática. Em princípio cada mancha é um problema individual, não sendo possível na formulação de um produto prever-se a remoção de qualquer tipo de mancha em qualquer tipo de tecido.
Os branqueadores ópticos principalmente usados são baseados em ação oxidante, e geralmente são colocados somente em pós para uso específico, pois não é conveniente nem econômico tratar toda roupa como se fosse manchada. No caso de detergente para lavagem de roupa hospitalar, é possível incluir-se um agente alvejante diretamente na fórmula, diminuindo assim a dosagem do produto. O agente branqueador óptico mais conhecido é o perborato de sódio, que em solução aquosa libera água oxigenada.
Existem ainda os branqueadores bioquímicos, as enzimas, elas são muito eficientes na remoção de alguns tipos de sujeira, como secreções da pele, sangue, molho de tomate, e outros resíduos de alimentos. Em um detergente, várias enzimas podem ser utilizadas, devido a atuação específica de cada uma. Por exemplo: proteases agem somente em sujeiras de origem protéica; lipases sobre lipídeos (óleos e gorduras).
  1. Agentes de Suspensão
Uma vez removida do tecido, é necessário que a sujeira não se deposite novamente sobre ele, caso contrário uma sujeira localizada seria espalhada sobre a roupa, ou transferida de uma peça para as demais. Para esta finalidade tem sido utilizado estabilizantes coloidais, como os carboximetilcelulose de sódio, que se depositam sobre o tecido, principalmente no de algodão (sobre as fibras celulósicas), evitando a redeposição da sujeira.
  1. Silicatos
Os silicatos dão ao detergente em pó melhores propriedades de armazenamento, combatem a corrosão nas máquinas de lavar (principalmente nas peças de alumínio) e mantém em suspensão as sujeiras de natureza argilosa.
  1. Agentes Modificadores de Pó
Sob este título podemos incluir uma série de agentes específicos, que podem ser adicionados a uma formulação para conferir ou melhorar alguma propriedade. È muito comum o uso de corantes eu conferem um melhor aspecto ao pó, e de perfumes que para o consumidor representam a própria "identidade" do produto.

  1. Agentes Ópticos
São compostos orgânicos que se depositam sobre o tecido, absorvem a luz ultravioleta e reemitem como luz visível na região azul do espectro. Isto mascara o amarelado que o tecido adquire com o tempo e dá mais brilho ao tecido. As substâncias mais usados são as derivadas do estilbeno, e dimorfolinas, sendo mais conhecidas pelos seus nomes comerciais, tais como: tiopal CBS-X, tinopal DMS, photine, blankophor e leucophor.
Fabricação dos detergentes em pó
Existem vários processos de produção de detergentes em pó, o mais tradicional envolve basicamente:
Fabricação do tensoativo - Ocorre através de sulfonação, onde o alquilbenzeno reage com o trióxido de enxofre, resultando no ácido sulfônico, que é neutralizado com soda cáustica para então formar o alquilbenzeno
sulfonato de sódio, que é o tensoativo.
Mistura dos componentes - Nesta etapa os componentes são misturados para formar uma pasta (slurry), são adicionados então todos os componentes que não são sensíveis a ação da água e do calor.
Sopragem - A pasta produzida é bombeada para os vários bicos de pulverização, existentes no topo da torre de sopragem. As partículas ainda úmidas da mistura final, vão gradativamente caindo em contracorrente com o ar quente, perdendo parte da água nesta trajetória, e chegando à base da torre na forma de um pó, mas ainda quente. Este pó é resfriado e condicionado através de um elevador de ar.
Manuseio/Mistura de Pós – Ao pó seco e condicionado, são adicionados os ingredientes sensíveis à água e ao calor, como o perfume, e as enzimas, passado posteriormente para um misturador para a homogeneização.
Embalagem - Uma vez acabado, o produto é conduzido às máquinas de embalar.
6 - Controle da Qualidade
A farmácia deve estar devidamente equipada e com os procedimentos estabelecidos e escritos para realizar, em amostras estatísticas das preparações do estoque mínimo de medicamentos, por produto, os itens abaixo rela cionados, quando aplicáveis, mantendo os registros dos resultados:

  1. caracteres organolépticos;
b) pH;
c) peso médio;
d) friabilidade;
e) dureza;
f) desintegração;
g) grau ou teor alcoólico;
h) densidade;
i) volume;
j) viscosidade;
k) teor do princípio ativo;
l) pureza microbiológica

A farmácia deve dispor de laboratório de controle de qualidade capacitado para realização de controle em processo e análise da preparação manipulada, referidos acima.
É facultado à farmácia terceirizar o controle de qualidade das matérias-primas e preparações manipuladas, em laboratórios tecnicamente capacitados para este fim, mediante contrato formal.
A farmácia deve manter amostra de referência de cada lote preparado, até 4 (quatro) meses após o vencimento do medicamento.
Os rótulos das preparações, antes da dispensação, devem conter: identificação do produto, data da manipulação, número do lote e prazo de validade.
7 - Garantia da Qualidade
  • Formulário padrão;
Representa as fórmulas padronizadas, indicando os componentes e respectivas quantidades para um determinado lote. Indica ainda os matérias, utensílios e técnicas para manipulação, bem como os cuidados para proteção individual e referências bibliográficas.
Modelo:
Real Pharma
FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO

Fórmula Padrão

Ácido Acético Solução 1%

1. Fórmula Padrão
Ácido acético glacial....................................................................................................................................................20 ml
Água destilada q.s.p...............................................................................................................................................2.000 ml
2. Apresentação
Frasco aplicador transparente 300 ml.
3. Materiais e Equipamentos
Proveta 100 ml
Bastão de vidro
Balão de fundo chato 2.000ml
4. Técnica
  1. Medir o volume do ácido acético e transferi-lo para o balão;
  2. Completar o volume com água destilada;
  3. Homogeneizar e envasar.
5. Características
6. Indicação
Líquido límpido, incolor e de odor característico.
Antimicrobiano tópico e desinfectante.
7. Referências
MARTINDALE, The Extra Pharmacopoeia, 31º ed., p. 1667, The Royal Pharmaceutical Society, 1996, London – England.
8. Observações
9. Aprovação
ELABORADO
APROVADO
DATA
VISTO
DATA
VISTO
Real Pharma
FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO

Ordem de Manipulação – OM

Água Sanitária

1. Dados do produto
Código
10416
Apresentação
Bombona plástica 5000 ml
Validade
06 meses
Número do lote
10416-0230
Data da fabricação
26.11.02
Data da validade
25.05.03
Tamanho do lote
200 litros
Rendimento teórico
40 Bombonas
Rendimento prático
2. Materiais
2.1. Matérias primas
Código
Validade
Denominação
Unidade
Quantidade
6992
Hipoclorito de sódio solução a 10% q.s.
Mililitros
6973
Soda caústica
Mililitros
500
7686
Sal marinho
Gramas
100
----
Água potável q.s.p.
Mililitros
200.000
2.2. Embalagens
Código
Fornecedor
Denominação
Quantidade
----
Bombona plástica 5000 ml
40
1907
Colacril
Etiqueta impressora matricial TAB 8931
40
3. Materiais e Equipamentos
Tanque reator 200 litros
Cálice graduado 1000 ml
Balão de fundo chato 12.000 ml
Funil de vidro
Balde plástico 10.000 ml.
4. Técnica
1. Filtrar o hipoclorito de sódio concentrado, coletar amostra e promover o doseamento;
2. Após o doseamento efetuar o cálculo da quantidade suficiente de hipoclorito concentrado para preparar 200 litros a 1% de cloro ativo, pela fórmula C1xV1 = C2xV2;
3. Medir o volume do hipoclorito e reservar;
4. Colocar no reator 150 litros de água e adicionar o hipoclorito de sódio e homogeneizar;
5. Em seguida, adicionar a soda, o sal e completar o volume com água;
6. Homogeneizar e coletar amostra da solução diluída do hipoclorito de sódio e promover o doseamento;
7. Estando em conformidade envasar e rotular.
5. Características
6. Indicação
Líquido límpido, amarelado de odor característico
Desinfecção de pisos.
.
7. Autorização
8. Manipulação
Recife, / / _
Recife, / / _
DATA
Responsável Técnico
DATA
Responsável Técnico
  • Procedimento operacional padrão
Descreve como deve ser realizado um determinado procedimento de forma descrita ou em gráfico:
  • Manual de Boas práticas de manipulação;
As Boas Práticas de Manipulação estabelecem os requisitos mínimos para a avaliação farmacêutica, manipulação, conservação, dispensação de preparações magistrais e oficinais, fracionamento de produtos industrializados, bem com o critérios para aquisição de matérias-primas e materiais de embalagem.
A farmácia é responsável pela qualidade das preparações magistrais e oficinais que manipula, conserva, dispensa e transporta.
A farmácia deve assegurar a qualidade microbiológica, química e física de todos os produtos reembalados, reconstituídos, diluídos, adicionados, misturados ou de alguma maneira manuseados antes da sua dispensação.
É indispensável o acompanhamento e o controle de todo o processo de obtenção das preparações magistrais e oficinais, de modo a garantir ao paciente um produto com qualidade.
7 - Fracionamento
Não há definição precisa sobre o que seja fracionamento, nem regulamentação específica para esta atividade.
O fracionamento de especialidade farmacêutica, em doses, somente pode ser realizado sob responsabilidade e orientação do farmacêutico em farmácia de atendimento privativo de unidade hospitalar , desde que seja preservada a qualidade e eficácia originais dos produtos.
As doses fracionadas devem apresentar as seguintes informações: nome do paciente, denominação genérica e concentração da substancia ativa, númer o do lote e prazo de validade.
A unitarização de qualquer tipo de medicamento dentro da realidade brasileira é algo extremamente novo e recente. Nos Estados Unidos e Europa, a Indústria Farmacêutica, oferece às farmácias hospitalares o medicamento já unitarizado, isto em sua grande maioria, ou seja, todo o trabalho que temos aqui no Brasil, lá praticamente não existe.
Para se ter uma idéia, os comprimidos (sólidos orais) já são embalados na indústria em blisters com data, validade, lote e nome do princípio ativo. No Brasil, cada remessa de medicamentos que chega no Hospital, deve ser totalmente unitarizada.
Respondendo à questão, não existem regras ou normas estipuladas sobre esse procedimento, temos sim, recomendações para se evitar problemas com a qualidade do medicamento e seu estado de conservação:
- envase não deve afetar o conteúdo do medicamento, sendo assim não pode comprometer seu efeito;
- o medicamento envasado deve ser de fácil manuseio ao ser aberto para utilização,
- deve conter nome, data, validade e lote;
- procedimentos devem ser descritos e aplicados (normas de limpeza da área de re-envase,
paramentação dos funcionários envolvidos, entre outros);
- ao se retirar o medicamento de sua embalagem original para unitarizá-lo, caso ele seja líquido (gotas, suspensão, xarope, entre outros), a data de validade será reduzida, pois a simples manipulação e retirada desse produto de seu estado natural já comprometeu seu acondicionamento.
8 - Central de Nutrição Parenteral
As centrais de terapia nutricional são diretamente responsáveis pela preparação e controle das misturas de nutrientes planejadas de acordo com as dietas, adequadas à necessidade individual de cada paciente, através do acompanhamento clínico diário.
São necessários estudos sobre os processos bioquímicos implicados na nutrição, os métodos de avaliação do paciente e cálculos das necessidades de nutrientes e dos índices prognósticos, a formulação de nutrientes existentes para preparação das dietas, as técnicas de controle e preparo das dietas, assim como o conhecimento dos processos patológicos de indicação de terapia nutricional.
9 - Central de Quimioterapia
Conforme determinação legal, o farmacêutico é o profissional diretamente responsável pela manipulação dos medicamentos antineoplásicos.
Para poder garantir as boas práticas de manipulação de quimioterápicos, é imprescindível a implantação de metodologias de trabalho, com procedimentos que garantam o manuseio seguro destes fármacos.
É recomendável o controle farmacêutico da prescrição e a participação do farmacêutico no estabelecimento de protocolos de administração.
Obs: o conteúdo deste curso foi extraído de outros textos e da nossa experiência profissional, não estando ainda concluído e referenciado.
José de Arimatea Rocha Filho
Farmacêutico
CRF-PE 01893
e-mail: aexal@terra.com.br

« anterior
  • 1
  •  
  • 2
  •  
  • 3
  •  
  • 4
  •  
  • 5
  •  
  • 6
  •  
  • 7
próxima »

Nenhum comentário:

Postar um comentário