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3.23.2015

Quando o álcool começa a prejudicar a sua vida?



O consumo social de álcool faz parte da vida das pessoas. Um bom vinho “harmoniza” um bom jantar; uma cerveja com os amigos, junto com o futebol na TV, é imperdível; um chope no fim de um dia de trabalho relaxa o estresse; um réveillon sem champanhe é impensável. A bebida, portanto, acompanha momentos especiais na vida de todos.
 
Os problemas começam a acontecer quando os limites do tolerável são ultrapassados. 
 
Não nos devemos esquecer que o álcool é uma droga. Como tal, pode levar à dependência, a doenças graves e fatais, que matam lentamente. Dependendo da dose ingerida, pode também matar pessoas saudáveis agudamente. Foi exatamente isso que recentemente aconteceu com um universitário de 23 anos que faleceu após ingerir, em poucas horas, 30 doses de vodca.

Além disso, o álcool pode ocasionar situações de igual gravidade em pessoas, adultos ou crianças, que não beberam uma só gota de álcool. Para isso, basta que um alcoolizado pegue a direção de um carro e saia andando por aí, facilitando um acidente que pode ser fatal para quem cruzar o seu caminho.

Cada bebida tem caracteristicamente um teor alcóolico maior ou menor. Entende-se por teor alcoólico a porcentagem de álcool medida em 100 ml de uma bebida. Assim, a vodca, por exemplo, é das que mais tem álcool: em torno de 45%; uísque e aguardente tem em torno de 43%; a caipirinha, 20%; o vinho, uma média de 9 a 14% e a cerveja e o chope são os que menos teor tem: em geral menor que 5%. Claro que estes valores são médios e podem variar de acordo com a marca do produto.

Mas álcool é álcool. Por isso, independentemente da forma e do nome com que é consumido, no corpo vira etanol.  E vai exercer seus efeitos. Em todas as pessoas. 

O etanol é metabolizado no fígado, que é o “laboratório” do organismo. Para que se tenha uma ideia, todo o produto de nossa digestão sai do intestino e vai para o fígado que direciona, armazena, ordena e libera os nutrientes quando necessário. Um laboratório em escala industrial, que funciona vinte e quatro horas por dia, ininterruptamente, desde os primórdios da vida no útero materno até o último suspiro. A metabolização do etanol ocupa “espaço” nesta complexa variedade de funções que tem o fígado. Resultado: outras funções são prejudicadas.
Enquanto o fígado trabalha, o etanol em excesso circula e o cérebro é um dos órgãos mais acometidos. O raciocínio embota. As atitudes se tornam extremas. Perde-se a razão. Faz-se coisas das quais não é possível lembrar depois. E várias delas causam constrangimento, vergonha ou, o que é pior, podem ser fatais para a própria pessoa ou para quem está perto dela. 

Por isso, o consumo exagerado não é obviamente aconselhável para ninguém. Cada um deve saber qual é quantidade segura de cada bebida que consome. Importante saber que uma pessoa é diferente da outra. Cada organismo é próprio, individual, tem seu DNA único. Cada um deve, portanto, saber de si.


Exames médicos regulares, que mostram se a função hepática está ou não comprometida, são essenciais para todos os que gostam de beber, ainda que socialmente, independentemente da quantidade e da bebida ingerida. Há os que  tomam uísque e estão com o fígado em ordem há os que  tomam cerveja e necessitam de orientações médicas. 

Não há, portanto, uma quantidade “segura”. Cada um é um.

Conheça-se, entenda-se melhor e respeite-se. Se for beber, faça-o  com inteligência

Álcool, o quanto pode atrapalhar meu rendimento?

O álcool encontrado nas bebidas alcoólicas é nocivo à saúde do atleta, pois prejudica tanto seu desempenho, como sua recuperação. Algumas das principais funções do metabolismo humano (função renal, pulmonar, muscular, neural, cardiovascular, metabolismo dos macronutrientes e na temperatura corporal) são prejudicadas com a ingestão alcoólica.
Valor calórico:
Um grama de álcool possui aproximadamente 7 kcal, porém não possui micronutrientes. Se compararmos com o valor calórico dos macronutrientes temos: carboidratos e proteínas cerca de 4kcal para 1grama, gordura 9 kcal para cada 1 grama.
Álcool e a musculatura:
Alguns estudos já mostram que o álcool pode comprometer a unidade funcional contrátil da musculatura após uma sessão de exercício, atrapalhando a recuperação muscular. O que acontece é que a contração muscular depende de íons Cálcio para ocorrer, e o álcool atrapalha a entrada de cálcio para dentro do músculo comprometendo sua contração efetiva, e assim piorando o desempenho.
Álcool e sua ação nos carboidratos e nas gorduras:
Os músculos e o fígado representam a maior fonte de glicogênio do corpo humano. O álcool prejudica a captação de glicose para esses tecidos, afetando a utilização desse substrato para a atividade física. Além disso, pode ocorrer a diminuição da formação de novas moléculas de glicose pelo fígado, podendo levar o atleta ao estado de hipoglicemia.
A queima de gordura e sua utilização como fonte de energia não é alterada com o consumo de álcool.
Álcool e a performance:
Fica evidente que o álcool diminui o desempenho do atleta durante a sua atividade (força e/ou resistência), pois altera funções de memória, tempo de reação, coordenação, equilíbrio, força sensibilidade, reflexos e marcha. Associado a essas alterações no sistema nervoso central, o álcool interfere na regulação central do corpo humano podendo levar o mesmo à hipotermia.
Ação do álcool no pós-exercício:
Ocorre efeito deletério na recuperação muscular, são elas:
  • Aumento do estresse muscular.
  • Desidratação
  • Diminuição de reserva energética.
  • Diminuição da síntese proteica e consequentemente diminuição de ganho de massa magra.
  • Aumento do catabolismo muscular
Observações importantes:
O consumo de álcool por atletas sempre existiu e sua ingestão aumentou nos últimos anos. Os atletas e praticantes de atividades físicas devem sempre ser informados quanto aos prejuízos causados pelo álcool e seu antagonismo com o exercício físico para poderem decidir se vão ou não fazer uso dessa substância.
Caso o atleta opte pelo uso da substância, pelo menos que não consuma a bebida 72h antes e até 48 h após a atividade física. Se for consumir próximo ao horário da atividade, deve preferir bebidas fermentadas (cervejas e vinhos). A ingestão de bastante água minimiza a desidratação causada pelo uso da bebida alcoólica.
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Bibliografia:
1)     American College of Sports Medicine;O uso do álcool nos esportesRev Bras Med Esport _ Vol. 3, Nº 3 – Jul/Set, 1997
2)     ACSM – American College of Sports Medicine O álcool e a performance do atleta (Alcohol and Athletic Performance) – abril 2000
3)     Marinella Burgos Pimentel dos SantosTaís Tinucci;O consumo de alcool e o esporte: uma visão geral em atletas universitários;Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Ano 3, Número 3, 2004
4)     American Heart Association Nutrition committee Ciurculation (2006) 114:82
5)     AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position Statement on the use of alcohol in sports. Med Sci Sports Exerc, 14, p. IX-XI, 1982.
6)     ANDERSON, W. A.; ALBRECHT, R. R.; McKEAG, D. B.; HOUGH, D. O.; McGREW, C. A. A national survey of alcohol and drug use by college athletes. The Physician and Sportsmedicine, v. 19, n. 2, p. 91-104, fev. 1991.
Nutricionista Marcelo Langsdorff e o Dr. em Medicina do Esporte Dr. Walter Rosamilia

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