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4.25.2015

Economistas dizem que pré-sal é o grande ativo da Petrobras


"A médio prazo, cenário deve mudar e trazer muito mais retornos para a empresa"


Jornal do BrasilLuís Guilherme Julião*


"Para a Petrobras, o pré-sal é o seu grande ativo", avaliam economistas consultados pelo Jornal do BrasilPara os especialistas, uma diminuição da atuação da empresaneste mercado iria satisfazer as necessidades de fluxo de caixa apenas a curto prazo, mas a ação vai contra os projetos de investimento com estratégias que visam maiores períodos de tempo.
Guilherme Santos Mello, professor de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), considera o Pré-sal uma questão estratégica não só para a estatal mas também para o país. "A Petrobras pesquisou, descobriu e desenvolveu a tecnologia necessária para explorar esses poços, e agora possui reservas de alto rendimento em um setor muito arriscado, que é o do Gás e Petróleo". 
Para Fernando Sarti, diretor do Instituto de Economia da Unicamp, "a empresa tem condições de buscar recursos para seus investimentos sem precisar desinvestir no pré-sal". Ele não vê problema em a empresa "buscar novas diretrizes e rever seus projetos buscando um foco dentro de suas áreas de atuação, mas não há dúvida de que ela deva manter sua participação em uma área estratégica como é a do pré-sal. No contexto atual, nenhuma mudança seria positiva". 


O contexto a que se refere o professor inclui os preços baixos que o barril de petróleo tem atingido no mercado internacional, motivo dos maiores prejuízos indicados no balanço divulgado pela Petrobras na última quarta-feira (22). Para Cláudio Gontijo, professor de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), "desfazer-se de ativos do pré-sal neste momento seria vendê-los por um valor abaixo do que realmente valem, por conta do contexto econômico. A médio prazo, o preço do barril do petróleo deve voltar a se valorizar e a empresa vai perder uma renda importante, além de recursos que poderiam ser revertidos em receitas fiscais para o Estado". 
Os professores consideram que a fase de baixa que o petróleo tem vivido não vai perdurar por muito tempo. Eles destacam que os problemas de desvalorização estão atrelados a questões políticas, e que elas não são definitivas. "Os preços baixos têm a ver com um 'jogo político' envolvendo as lideranças dos Estados Unidos e da Arábia Saudita", diz Gontijo. 
Mello completa que os árabes estão mantendo a oferta de petróleo alta para rivalizar com os produtores de xisto nos Estados Unidos. O gás de xisto tem surgido como um combustível alternativo ao petróleo, mas "a estratégia para baratear a commodity não deve continuar indefinidamente", avalia. O economista ressalta que a produção no pré-sal é capaz de se manter mesmo com os preços baixos. 


Questionado sobre os preços de petróleo, Fernando Sarti diz que "há um consenso geral de que o preço real não é o do patamar atual. Os valores que vemos hoje são irrealistas. Na minha opinião, atingiu-se um fundo e daqui para frente a tendência é de alta. Eu defendo que a participação da empresa se mantenha". 
Ainda sobre a questão dos investimentos, Mello diz que a curto prazo, não vender os ativos do pré-sal pode gerar uma pressão no caixa da empresa, indo contra as vontades do mercado financeiro, mas no médio e longo prazos, o investimento voltará a trazer retornos tanto para a Petrobras quanto para o país, no que diz respeito a fomento de tecnologia e educação. "O dinheiro gerado pela exploração vai gerar um salto muito grande para essas áreas no futuro", finaliza o economista.
Na entrevista coletiva para divulgação do balanço auditado de 2014, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, voltou a negar que ativos de produção do Pré-sal serão vendidos, mas deixou em suspenso a possibilidade de aceitar parcerias em futuros campos que possam apresentar dificuldades ou risco elevado. Em reunião com acionistas na quinta-feira (23) pela manhã, a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, afirmou que a empresa vai avaliar a possibilidade de se desfazer de projetos em início de exploração, que podem demandar investimentos crescentes: "Estamos avaliando desinvestimento sim, para buscar agregar valor", disse em teleconferência. 
*Do programa de estágio do JB.

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