Moradores vivem clima de terror no Complexo do Chapadão
Eles são obrigados até a andar com comprovante de residência para não terem carro roubado na região
Rio - O toque de recolher, barricadas e a convivência diária com bandidos armados de fuzil já não são o que mais assusta moradores do Chapadão. Atualmente, moradores seguem regras mais rígidas estabelecidas pelo tráfico de drogas. Aterrorizados pela intensificação da guerra pelo controle das bocas de fumo e roubos de cargas e veículos na região mais violenta do Rio, os mais de 220 mil moradores do Chapadão têm suas rotinas alteradas a cada dia. Uma das normas mais recentes é a obrigação de andar com comprovantes de residência para terem livre trânsito de carro. Quem não tem pode ter o veículo roubado.
O complexo abrange 24 favelas de Pavuna, Ricardo de Albuquerque, Irajá, Costa Barros, Barros Filho, Anchieta e Guadalupe. Depoimentos de quem vive em meio ao fogo cruzado demonstram como os bandidos, boa parte fugida de áreas pacificadas, prejudicam o cotidiano das famílias.
O Complexo do Chapadão é reduto das maiores quadrilhas rivais do estado. De um lado, homens da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ligados a Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, o mais procurado do estado. Eles controlam, armados com mais de 100 fuzis, os morros da Pedreira e Lagartixa. Do outro, com o mesmo poder bélico ou até maior, soldados dos principais líderes do ‘quartel-general’ do Comando Vermelho (CV): Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu, e Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, foragidos da Justiça.
O complexo abrange 24 favelas de Pavuna, Ricardo de Albuquerque, Irajá, Costa Barros, Barros Filho, Anchieta e Guadalupe. Depoimentos de quem vive em meio ao fogo cruzado demonstram como os bandidos, boa parte fugida de áreas pacificadas, prejudicam o cotidiano das famílias.
As ‘blitzes’ do tráfico (que exige comprovações de residência) são feitas em vias de grande movimento, como as estradas da Pavuna, do Camboatá, de Botafogo, na Avenida Crisóstomo Pimentel de Oliveira e Via Light, além das ruas Alcobaça, Coronel Moreira César, Fernando Lobo, Iguaba Grande e Mogiqui.
“Quem não tem uma conta de luz, de água, ou carnê de loja em mãos corre o risco de ter o carro roubado. Quem tem é aliviado. É o cúmulo”, desabafa o mecânico W., 45 anos, da Pavuna. Nas redes sociais, como nas páginas ‘Pavuna da Depressão’ e ‘Guadalupe News’, há comentários indignados. “Agora é bandido que pede documentos?”, indagou um internauta dia 25.
O medo obriga motoristas de outras regiões a tomar atitudes inusitadas. “Para visitar parentes próximos ao Morro da Pedreira, em Costa Barros, deixo o carro em estacionamentos de shoppings perto e vou de ônibus”, revela o estoquista G., 45 anos. Dentro dos ônibus, porém, a tensão impera. “Basta qualquer conflito ou morte de gente do tráfico, e as gangues mandam fechar o comércio, pichar, depredar e botar fogo nos ônibus”, se queixa o contador J., 39.
Agindo livremente, os ladrões passaram a usar condomínios, como o Village Pavuna, no Morro do Chapadão, para esconder carros roubados e vender drogas. “Agem em motos, de fuzis nas costas. Viramos reféns do crime em nossas casas. Já não podemos mais ficar no portão”, desabafa um morador. “Nas favelas Final Feliz, Torres e Gogó da Ema, em Guadalupe, há barricadas por toda parte. Nem ambulância passa”, denuncia um comerciante.O Complexo do Chapadão é reduto das maiores quadrilhas rivais do estado. De um lado, homens da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ligados a Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, o mais procurado do estado. Eles controlam, armados com mais de 100 fuzis, os morros da Pedreira e Lagartixa. Do outro, com o mesmo poder bélico ou até maior, soldados dos principais líderes do ‘quartel-general’ do Comando Vermelho (CV): Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu, e Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, foragidos da Justiça.
Os confrontos sangrentos e mortais são diários. Como no último dia 25, quando, às 13h, traficantes dos dois grupos trocaram tiros na Estrada de Botafogo, na disputa por uma carreta de refrigerantes, que teria sido roubada a mando de Playboy na Avenida Brasil. O conflito deixou três mortos e quatro feridos. A UPA da localidade chegou a fechar as portas.
“Médicos de diversas especialidades têm medo de trabalhar aqui”, lamenta a comerciária X., 45 anos. A situação é a mesma das escolas públicas. “Minha filha perdeu muitas aulas devido a tiroteios”, comenta a auxiliar de serviços K., 32.
Em nota, a Polícia Civil informou que 22 pessoas relacionadas ao tráfico na região foram presas em flagrante este ano e que há vários inquéritos em andamento na 39ª DP (Pavuna), 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) e na Delegacia de Combate às Drogas (DCOD). O 41º BPM (Irajá) garantiu que o policiamento está reforçado no complexo, com apoio de outros batalhões, incluindo o Bope. Os governos municipal e estadual alegam que a violência causa “problemas pontuais” nas áreas de Saúde e Educação.
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