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5.13.2015

Por parto normal, médico "vira" bebê dentro do útero; técnica não é usual



Do UOL, em São Paulo

  • Um vídeo publicado na semana passada mostra o momento em que um médico australiano "vira" um bebê dentro do útero materno, colocando-o de cabeça para baixo (posição cefálica), que favorece o parto normal, desejo da gestante. A técnica, chamada de versão cefálica externa, é pouco usual no Brasil, no entanto, não é proibida.
De acordo com o jornal britânico "Daily Mail", a grávida do vídeo é Christy Rojas, que descobriu que o filho, Matisse, estava em posição pélvica (quando o bebê está sentado), o que aumenta as chances de complicações durante o parto vaginal e até a necessidade de uma cesariana.
Como queria ter um parto normal, Christy buscou maneiras para que o bebê mudasse de posição. "Tentei acupuntura, quiropraxia, moxa (técnica chinesa), além de posturas de inversão na ioga", declarou ao periódico.
Como nenhuma das ações incentivou a criança a mudar de posição, na 37ª semana de gestação, ela procurou o obstetra Andre Bisits. No vídeo, o médico coloca as mãos na barriga de Christy e pressiona a região para guiar o bebê para o lado certo.

Depois de duas tentativas, o especialista pediu para que a mãe falasse com o filho. Quando ela começa a conversar, Matisse vira dentro do útero, e ela sente a cabeça da criança na posição pélvica. A técnica tem pouco mais de 50% de chance de ser bem-sucedida.
Enquanto muitas mulheres relatam que o procedimento pode ser bastante desconfortável, Christy descreveu a sua experiência como "suave e fácil". Duas semanas depois, ela conseguiu ter um parto natural, em casa.

Indicações e riscos

De acordo com David Pares, chefe da disciplina de medicina fetal da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da Sogesp (Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo), a partir do terceiro trimestre da gestação, iniciam-se as contrações de treino de trabalho de parto, que estimulam a criança a mudar de posição e a se mexer no sentindo horário. "Nesse período da gravidez, o polo cefálico passa a ficar mais denso do que o pélvico, então, a tendência é que o bebê fique com a cabeça para baixo, pois o fundo do útero é uma região mais larga e ele ficará mais confortável", explica.
Segundo Pares, apenas em 3% das gestações, os bebês se encontram na posição pélvica depois da 32ª semana, o que acontece por três razões. "Uma delas é quando o cordão umbilical é curto, e a criança não consegue 'rodar' no sentido horário, já que o fio a 'prende'. A segunda são alterações na forma da cavidade uterina, pois, às vezes, o formato pode ser mais oval, por exemplo, tornando difícil o movimento natural da cabeça do bebê. Por fim, a terceira razão é quando a placenta está em uma localização ruim", afirma o membro da Sogesp.
O obstetra afirma que a versão cefálica externa só é indicada a partir da 36ª semana e quando são encontradas alterações na forma da cavidade uterina. "Cada caso deve ser avaliado com muito cuidado para evitar intercorrências. Primeiramente será feito um ultrassom para ver se o cordão umbilical está em torno do pescoço do bebê ou não, saber a localização da placenta e a quantidade de líquido amniótico", fala.
Nas outras situações (cordão umbilical curto e má localização placentária), Pares declara que as chances de acontecer uma intercorrência, como deslocamento prematuro da placenta e morte fetal, são maiores. "Se a placenta estiver muito baixa, por exemplo, há mais risco de ela se descolar. O ideal é que ela esteja posicionada no corpo do útero. Como esses riscos são sérios, a técnica é pouco usual no Brasil, mas não proibida", fala o chefe da disciplina de medicina fetal da Unifesp.
A recomendação é que o procedimento seja sempre feito no hospital. "A paciente deve ser internada e medicada para se manter o mais relaxada possível, para que o médico tente fazer a manobra de inversão. Ele vai colocar uma mão na cabeça do bebê e a outra na extremidade oposta para rodar no sentido horário", explica.
O ultrassom deve estar dentro da sala onde a técnica será feita para que o médico possa acompanhar o resultado da manobra, além de verificar a frequência cardíaca da criança. "Diante de qualquer alteração ou diminuição, o obstetra não deve insistir no movimento, pois, se houver um nó real no cordão umbilical, que não seja possível ver na imagem, a nutrição e a oxigenação do feto estarão comprometidas. Se essa circulação for interrompida, o primeiro sintoma é queda na frequência cardíaca. Sendo assim, a equipe médica deve estar preparada para uma eventual cesárea de urgência", diz.
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"Nada se compara com estar no ninho, é um lugar que tem uma energia diferente." Assim Kelly Mamede, ex-advogada e atualmente doula, 37 anos, define a sensação de ter um bebê em casa. Depois de um filho nascido no hospital, ela e o marido, Clesio Gomes da Silva, 38, coordenador financeiro, decidiram que os próximos nasceriam em casa. No nascimento de Iasmin, Kelly já trabalhava como doula e o parto teve assistência de uma obstetra, um pediatra, uma doula e a mãe dela. "Foi o segundo parto normal que minha médica fez. Por isso, ela optou por termos uma UTI móvel na porta de casa. Ela estava mais preocupada do que eu." O trabalho durou quatro horas e os irmãos maiores chegaram da escola a tempo de ver a menina nascer. "A dor existe, é muita. Cheguei a me questionar : 'o que estou fazendo aqui? Quero ir para o hospital, quero anestesia'. Mas é normal, a gente perde um pouco do equilíbrio, e a doula e meu marido me ajudaram nessa hora" | Por Maria Laura Albuquerque - Do UOL, em São Paulo Leia maisArquivo Pessoal

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