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5.20.2015

Vacina anti-tabagismo seria a solução


Foi-se o tempo em que fumar era bonito e elegante. O vício por cigarros não está ligado apenas a aspectos biológicos, mas também emocionais e comportamentais. A quantidade de tabagistas vem diminuindo nos últimos 20 anos, mas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda são mais de 23 milhões de fumantes no mundo.

nicotina - uma das mais de 4.700 substâncias presentes no cigarro - é responsável pelo prazer ao fumar e causa dependência, uma doença crônica que apresenta altas taxas de recaída. Quando a fumaça do cigarro é inalada, em apenas 10 segundos a nicotina passa pelos pulmões, cai na corrente sanguínea e chega ao cérebro.

O conceito de uma vacina anti-tabagismo existe há muitos anos, mas ainda está em estudo e desenvolvimento. O principal objetivo é impedir a molécula viciante - nicotina - de chegar ao cérebro, onde estimula a liberação de dopamina, que causa a sensação de bem-estar. "As duas grandes dificuldades são criar um anticorpo específico que se una à nicotina sem afetar outras moléculas e fazer com que o sistema imune reconheça e aprenda a produzir sozinho esse novo tipo de defesa. É uma técnica que requer cuidados e muita segurança, por isso, demandará um bom tempo e muito estudo até ser possível utilizá-la", esclarece o psiquiatra Thiago Marques Fidalgo, do Núcleo de Psico-Oncologia do A.C.Camargo.

Mesmo depois de desenvolvida e aprovada, a vacina pode impedir que a nicotina chegue ao cérebro, mas não tem influência no comportamento e no hábito do fumante. "Parar de fumar exige que a pessoa esteja motivada e que seja orientada a rever sua rotina", enfatiza Jefferson Luiz Gross, Diretor do Núcleo de Pulmão e Tórax do A.C.Camargo.

Pare de Fumar 
Os especialistas explicam que não existe uma quantidade de consumo de tabaco segura, que não ofereça riscos à saúde, e que um cigarro já pode ser prejudicial. O tabagismo é um dos principais fatores de risco para tumores de pulmãoboca, faringe, laringepâncreasrimestômagobexigaintestino, entre outros, além de também causar mal ao fumante passivo. "O câncer de pulmão é evitável. Se as pessoas parassem de fumar, a doença praticamente desapareceria", completa Jefferson.

Para auxiliar seus pacientes, o A.C.Camargo criou em 1997 o Grupo de Apoio ao Tabagista (GAT). Liderado pela equipe do Núcleo de Psico-Oncologia com apoio interdisciplinar do Núcleo de Pulmão e Tórax, o GAT tem como missão atuar na pesquisa, prevenção e tratamento da dependência da nicotina para os doentes com câncer.

Atualmente há três métodos conhecidos e utilizados para o tratamento da dependência de tabaco. O primeiro é o uso de medicamentos, como a Bupropiona - um antidepressivo que aumenta a concentração de dopamina no cérebro - e a Vareniclina - que bloqueia a ação da nicotina e também induz a sensação de bem-estar. O segundo, muito adotado, é o uso de adesivo, goma de mascar e pastilha, todos com nicotina. São formas de garantir que a pessoa continue a receber a substância, em pequenas proporções, mesmo sem fumar. O último é a terapia cognitivo-comportamental, no qual o tabagista reflete para mudar seus hábitos e seu comportamento em relação ao cigarro.

Dr. Jefferson Luiz Gross - CRM/SP 68099

Diretor do Núcleo de Pulmão e Tórax
Especialista em Cirurgia Torácica - RQE nº 35027

Dr. Thiago Marques Fidalgo - CRM/SP 128974
Médico titular do Núcleo de Psico-Oncologia

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