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6.17.2015

Nanopartícula feita de veneno de abelha pode matar vírus da aids


Carregada com a toxina melitina, a partícula consegue 

romper o envelope de proteção do vírus HIV

abelha
A toxina melitina é eficaz em romper o envelope duplo de alguns vírus, como o HIV(Thinkstock/VEJA)
Uma toxina presente no veneno de abelhas pode ajudar a combater o vírus
 do HIV. Em uma pesquisa publicada no periódico Antiviral Therapy
pesquisadores da Universidade de Washington conseguiram que uma 
nanopartícula carregada com a toxina melitina destruísse o vírus. 
Segundo eles, a descoberta pode ser um passo importante no 
desenvolvimento de um gel vaginal eficaz em prevenir a disseminação 
do vírus causador da aids.
CONHEÇA A PESQUISA
Onde foi divulgada: periódico Antiviral Therapy
Quem fez: Joshua L Hood, Andrew P Jallouk, Nancy Campbell,
Lee Ratner e Samuel A Wicklinen
Instituição: Universidade de Washington, EUA
Resultado: Nanopartículas carregadas com a toxina melitina 
(encontrada no veneno de abelhas) foram eficientes em destruir
 a capa protetora do vírus HIV. Ao matar o vírus causador da aids, 
essa partícula preveniu a disseminação do vírus.
A toxina melitina, presente no veneno da abelha, tem uma ação 
tão potente que consegue fazer pequenos buracos na camada 
protetora que envolve o HIV - assim como outros vírus.
 Quando essa toxina é colocada dentro das nanopartículas, 
no entanto, as células normais não são prejudicadas por sua ação.
 Isso porque a equipe de pesquisadores adicionou uma espécie
 de pára-choques de proteção em sua superfície. Assim, quando
 entra em contato com uma célula normal, que é muito maior
 em tamanho, a nanopartícula se afasta. O vírus do HIV, 
por outro lado, é menor do que a nanopartícula, cabendo
 no espaço existente entre esses pára-choques. Ao fazer
 contato com a superfície da partícula, o HIV entra em contato 
também com a toxina da abelha. "A melitina forma pequenos 
complexos de poros e rompe o envelope do vírus, arrancando
 esse envelope", diz Joshua L. Hood, um dos pesquisadores 
responsáveis pelo estudo.
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Ataque - Segundo os pesquisadores, uma das vantagens da 
nova abordagem é que a nanopartícula ataca uma parte
essencial da estrutura viral: o envelope protetor. A maioria
dos medicamentos anti-HIV disponíveis hoje no mercado
 atuam inibindo a habilidade do vírus de se replicar. 
Essa estratégia, no entanto, não consegue barrar a infecção 
inicial, e algumas cepas do vírus acabam driblando o remédio
 e se reproduzindo mesmo assim. "Teoricamente, não há 
como o vírus se adaptar a nossa técnica. O vírus precisa 
ter essa capa protetora, essa camada dupla que o reveste."
Além da prevenção na forma de gel vaginal, Hood também 
espera que essas nanopartículas possam ser usadas como 
uma terapia para infecções por HIV já existentes, 
especialmente aquelas resistentes a drogas. Nesse contexto, 
as nanopartículas poderiam ser injetadas no paciente de maneira 
intravenosa e, em tese, seriam capazes de eliminar o HIV da 
corrente sanguínea.
"A partícula básica que estamos usando no experimento 
foi desenvolvida há muitos anos como um produto sanguíneo 
artificial", diz Hood. "Ela não funcionou muito bem para a entrega
 de oxigênio, mas circula de maneira segura pela corrente sanguínea
 e nos dá uma boa plataforma adaptável para o combate a diferentes
 tipos de infecção." Como a melitina ataca indiscriminadamente 
membranas duplas, o conceito não se limita apenas ao HIV. Diversos 
vírus, incluindo hepatite B e C, contam com o mesmo tipo de envelope
 protetor e seriam vulneráveis às nanopartículas carregadas
 com melitina.
Contracepção - Embora essa pesquisa em particular não se refira
 a métodos contraceptivos, de acordo com Joshua Hood, o gel poderia
facilmente ser adaptado para ter os espermatozoides como alvos.
 "Estamos olhando também para casais em que apenas um parceiro 
tem HIV, e que querem ter um bebê", diz Hood. "Essas partículas, 
por si só, são bastante seguras para o esperma, da mesma maneira
 que são para as células vaginais."
Embora a pesquisa tenha sido feita em células laboratoriais,
 Hood afirma que as nanoparticulas podem ser facilmente 
fabricadas em grandes quantias, em volume necessário
 para testes clínicos.

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