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7.05.2015

Déficit de altura em crianças tem solução se tratado cedo


Antônio Castro (à esquerda) tinha déficit de altura: hoje, com o tratamento, ele já está quase do tamanho do irmão gêmeo, Henrique. No centro, a mãe dos meninos, Fernanda Castro
Antônio Castro (à esquerda) tinha déficit de altura: hoje, com o tratamento, ele já está quase do tamanho do irmão gêmeo, Henrique. No centro, a mãe dos meninos, Fernanda Castro Foto: Arquivo pessoal
Camilla Muniz

Os centímetros a menos de Antônio Castro, de 4 anos, em relação a seu irmão Henrique faziam com que o menino tivesse que responder com frequência a pergunta “Vocês são gêmeos mesmo?”. Incomodado, ele foi orientado pela mãe a se defender: “Sou menor, mas sou o mais velho, porque nasci primeiro”. Como ele, 6% das crianças de até 5 anos têm déficit de altura, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2010. Fazer o acompanhamento regular com o pediatra é essencial para identificar e tratar precocemente o problema, que pode diminuir a autoestima na infância.
As principais causas de distúrbio do crescimento são problemas de ordem genética, nutricional, óssea, hormonal ou psicossocial — crianças privadas de amor costumam ser mais baixas —; doenças sistêmicas, como diabetes e cardiopatias; e até uso de certos medicamentos. O tratamento pode ou não incluir o hormônio do crescimento, o GH — há casos em que só intervir na doença de base já é suficiente.
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A substância tem aprovação para ser utilizada em seis situações: deficiência na produção de GH; Síndrome de Turner (alteração cromossômica que só afeta meninas); nascidos pequenos para a idade gestacional (PIG), baixa estatura idiopática (sem causa definida), insuficiência renal crônica e Síndrome de Prader-Willi (uma doença genética).
Antônio (à esquerda) e Henrique: gêmeos
Antônio (à esquerda) e Henrique: gêmeos Foto: Arquivo pessoal
Diagnosticado com um problema na glândula hipófise que reduz a produção do GH, Antônio usa o hormônio desde março e, só nos três primeiros meses, ganhou 3 cm: pulou dos 94 cm para 97 cm e está a apenas 1 cm do irmão.
— O Antônio e o Henrique cresceram normalmente até os 3 anos, até que um estagnou. O Antônio não chegou a sofrer bullying, mas isso era uma preocupação. No início, tive receio do tratamento, porque são injeções doloridas. É sacrificante, mas é maravilhoso porque está dando resultados. Ele ganhou peso (passou de 14 para 16 quilos) e até o tônus da pele melhorou. Os dois já ficam competindo para ver quem está maior. Todo mundo comenta “como ele cresceu!” — conta a arquiteta Fernanda Castro, de 43 anos, mãe dos meninos.
Hormônio não causa câncer, garante médico
Segundo a endocrinologista pediátrica Latife Tyszler, pequenos a partir de 2 anos já são candidatos a receber o GH:
— Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor para a criança.
O tratamento não é fácil — são injeções diárias do hormônio, geralmente antes de dormir —, mas produz bons resultados se bem indicado. De acordo com o endocrinologista pediátrico Paulo Solberg, professor de endocrinologia pediátrica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e membro do Departamento de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, os efeitos colaterais são raros, mas incluem edema de mãos e pés, descolamento da cabeça do fêmur e exacerbação do desvio da coluna.
— Há um mito de que o tratamento causa câncer, mas até onde se sabe, isso não é verdade — afirma.
Para o endopediatra Luis Eduardo Calliari, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, os benefícios do tratamento não podem ser simplesmente medidos na régua.
— Estudos mostram que o ganho de autoestima é de quase 100% — ressalta.
Embora mais rara, a aceleração do crescimento pode ocorrer devido a excesso de hormônios da suprarrenal e hipertireoidismo.
Onde tratar
A rede pública só fornece o GH para casos de déficit na produção do hormônio e de Síndrome de Turner. São centros de referência: Hospital dos Servidores, Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hospital Federal de Bonsucesso, Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede) e Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj.

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