Na verdade, a gente fica velho desde que nasce e a grande questão é como trabalhar este envelhecimento
O DIA
Rio - Decididamente, estou ficando velha. Ou com pequenos sintomas da velhice. Reclamo mais das coisas banais, das coisas que, quando se é jovem, a gente passa batido. A reclamação mais recente foi do enorme número de e-mails e spans que me atormentam todas as manhãs. Quanta gente chata, meu Deus, parece gincana. E a amiga com quem me lamento, num ato de “sincericídio”, declara em alto e bom som: seu e-mail é velho, tudo que é velho é complicado. Fato. Meu e-mail é meu faz tempo, mas por que eu deveria criar outro e passar a gerenciar dois ou três se eles cairão na boca do povo e ficarão chatos como o primeiro? Aproveito para reclamar que o mesmo vem acontecendo com meu telefone fixo, igualmente velho,que se virou o preferido do telemarketing e dos pedidos de doação. Segundo a tese dela, devo trocar o número? Vou sair trocando tudo que é velho em mim? E como faço, por exemplo, com o meu cabelo, que também ficou fino e escasso? Ou com meus lábios, agora mais finos? Ou meu par de joelhos, que já não correspondem, como eu gostaria, às atividades que ainda quero fazer? Esse negócio de envelhecer é complicado mesmo, mas como a outra hipótese não me agrada (se é que vocês me entendem) daí a necessidade de conviver com estas questões, que aumentam a cada dia, incluindo aí a impaciência. Mas nem o envelhecimento é igual pra todos. E tudo isto fica claro agora que volto depois de um longo tempo à hidroterapia da Patrícia Marques, lá no Studio da Stella Torreão. Cada um envelhece de um jeito, numa velocidade, ou, como nas pesquisas eleitorais, numa direção, para mais ou para menos. Há mulheres muito mais velhas que eu que me deixam feliz com seus exemplos, e há outras mais novas, mais sofridas e taciturnas. “Todas sentem dor, a vida dói”, sentencia a lépida e talentosa Débora Colker. Verdade absoluta. A diferença é que quase todas têm planos, projetos e humor. E é aí, neste tal do quase, que mora a grande diferença entre o envelhecer de umas e de outras. Na verdade, a gente fica velho desde que nasce e a grande questão é como trabalhar este envelhecimento. Pesquisas recentes mostram que a idade biológica varia com uma força tão grande ou maior que a idade cronológica. Uma questão importante é a hora em que a gente percebe isto e como podemos atuar ou alterar esta situação. “Não desista nunca”, me diz um fisiatra que quase se transformou no meu médico. Ele tem razão. E tem razão também a aluna de Patrícia que, do alto dos seus 82 anos, ao ouvir de uma colega de piscina que ela vai chegar aos 100, responde com um sorriso animado: “Não querida, vou chegar aos 135”. Decididamente, ela não está ficando velha, e reforça a tese de que a velhice pode ser uma questão de escolha. Como na hora de escolher a sobremesa: doce de ovos ou uma fatia de abacaxi? Leda Nagle E-mail: comcerteza@odia.com.br
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