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8.30.2015

Corregedoria e Tribunal de Contas do Estado criam time contra fraudes na PM

Formar o seleto time até novembro é a meta do corregedor coronel Victor Yunes em parceria com o TCE

Adriana Cruz
Rio - Um grupo de 20 homens da Corregedoria da Polícia Militar especialista em investigar fraudes. Formar o seleto time até novembro é a meta do corregedor coronel Victor Yunes em parceria com o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Só para se ter uma ideia, a máquina administrativa da PM é pesada e bilionária. No ano passado, as despesas foram de R$ 3,7 bilhões. Este ano, o orçamento previsto é de R$ 4, 5 bilhões e já foram gastos R$ 2,2 bilhões. A maior parte dos valores é para o pagamento  de pessoal. Mas os contratos giram em torno R$ 250 milhões para despesas do dia a dia, como compra de combustível, gestão de frota e ração.

Coronel Vitor Yunes, corregedor: "Quero oficiais e praças com olhos clínicos para identificar as fraudes"
Foto:  Fabio Gonçalves / Agência O Dia

O alerta vermelho para combater o desvio de dinheiro dentro da corporação acendeu com as investigações sobre a atuação das máfias da saúde e do combustível — comandadas por oficiais — que juntas deixam um rastro de desvios de mais R$ 30 milhões, identificados com análise de documentos pelo período de pouco mais de um ano, de 2012 a 2013. “Quero oficiais e praças com olhos clínicos para identificar as fraudes. A postura do Comando é de transparência”, afirmou Yunes, que conta com efetivo de 150 homens e mais 600 nas oito delegacias de polícia judiciária militar (DPJMs).

Para garantir o treinamento dos policiais, a Corregedor pretende recorrer aos auditores do TCE. A porta do órgão está aberta, que já tem convênio de combate à corrupção com o Ministério Público, segundo o presidente Jonas Lopes. “Damos total apoio ao projeto”, anunciou. Segundo Lopes, a diretora da Escola de Gestão de Contas, Paula Nazareth, pode identificar e montar o perfil necessário para as demandas da PM. “Vou conversa com a diretora. O nosso objetivo é colaborar”, garantiu.
Até outubro, 386 PMs serão treinados para fiscalizar contratos de licitação, por exemplo, por auditores do TCE. Em maio uma auditoria da Corte na área de saúde da PM identificou fraudes em contratos de R$ 7, 9 milhões. Onze oficiais foram responsabilizados em Inquérito Policial Militar (IPM). Submetidos a Conselho de Justificação, eles podem ser expulsos da corporação. A última palavra é do Tribunal de Justiça. As investigações estão com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público.
Oficiais da PM também são investigados
O envolvimento de oficiais em corrupção e outros desvios de conduta também chamam a atenção. Segundo a Corregedoria da PM, só no ano passado foram instaurados 17 conselhos de justificação. Este ano, o número já chega a 20. “Para chegar a oficial, ele entra na academia como aluno e desde esta época tem que evitar manchar a imagem da instituição”, avaliou o coronel Victor Yunes.
De acordo com o corregedor da PM, para fechar o cerco aos maus policiais está sendo feito um trabalho em conjunto com o Serviço Reservado da corporação, a chamada P-2, e o Ministério Público que atua Junto à Auditoria de Justiça Militar. Um exemplo disse é a investigação da máfia do combustível. Os principais alvos estão em três inquéritos dos 16º BPM (Olaria), 15º BPM (Duque de Caxias) e RPMont. “As informações serão enviadas ao Ministério Público. Mas vamos até onde pudermos ir”, disse Yunes.
Perda de R$ 20 milhões com máfia
As investigações sobre a máfia do combustível na PM já geraram mais de 15 mil páginas de documentos. Notas fiscais, levantamentos feitos pela Petrobras Distribuidora, depoimentos e perícias fazem parte de um arsenal que pode atingir em cheio o oficialato. Um pelotão de 150 policiais militares é investigado por suspeita de participação. Há suspeita de ‘entrega’ fajuta. Como a coluna ‘Justiça e Cidadania’ publicou há duas semanas, os investigadores estão no rastro de R$ 20 milhões que podem ser o resultado dos desvios de combustíveis.
Este é o segundo escândalo de desvio de verba na PM. O primeiro denunciado pelo DIA  no ano passado foi o da atuação da máfia da saúde. A ponta do iceberg foi a identificação de fraude na compra, por R$ 4,4 milhões, de 75 mil litros de ácido peracético para o Hospital Central da PM. O líquido seria usado para esterilizar material cirúrgico que não ia para o equipamento chamado autoclave. A coluna ‘Justiça e Cidadania’ publicou com exclusividade em outubro que o produto não foi entregue. A partir daí foi feita uma devassa em contratos e fiscalização em unidades hospitalares.
Foram identificadas irregularidades na compra de itens para o Hospital da Polícia Militar de Niterói - de 13.720 lençóis adquiridos, 9.620 desapareceram. O prejuízo foi de R$ 1,6 milhão.

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