Pelo menos 717 pessoas morreram após serem pisoteadas.
Peregrinos retomaram nesta sexta ritual de apedrejamento do diabo.
O número de mortos, porém, ainda pode aumentar. Pelo menos 863 pessoas ficaram feridas. Não há registro de vítimas brasileiras, afirmou o Itamaraty em nota.
Depois de passar a noite em Mina, uma das cidades dormitórios situadas a 5 km de Meca, os peregrinos se sucediam em uma longa fila pela manhã para cumprir com o ritual, que consiste em jogar pedras contra três colunas que, segundo os muçulmanos, representam o demônio.
A multidão era menos compacta que na véspera, quando ocorreu a confusão, na Rua 204 da cidade de Mina, localidade onde os peregrinos permanecem hospedados por vários dias durante o clímax do Hajj e que está situada a poucos quilômetros de Meca. A tragédia teria sido causada pelo grande número de pessoas aglomeradas no local.
Vista
aérea mostra a Grande Mesquita de Meca nesta sexta-feira (25), segundo
dia do ritual do Eid al-Adha, um dia após um tumulto que deixou mais de
700 mortos na cidade sagrada (Foto: Ahmad Masood/Reuters)
O rei Salman recebeu os responsáveis pela organização do Hajj (peregrinação). O monarca declarou que espera os resultados da investigação e disse que ordenou "uma revisão do projeto" de organização da peregrinação para que os fiéis "celebrem seus ritos em segurança".
Em uma primeira reação oficial, o ministro da Saúde, Khaled al Falih, prometeu uma investigação "rápida e transparente" do acidente, atribuído à falta de disciplina dos peregrinos.
Já o porta-voz do ministério do Interior, general Mansur Turki, disse que "o forte calor e o cansaço dos peregrinos também influenciaram no número elevado de vítimas".
O Irã exigiu nesta sexta participar na investigação sobre as causas do tumulto.
"Países como o Irã, que muito sofreram, devem ter representantes nas investigações para determinar as causas da catástrofe e obter a certeza de que nunca se repetirá", declarou o primeiro vice-presidente iraniano Es-hagh Jahanguiri à televisão estatal.
Apedrejamento do diabo
A Rua 204 é uma das duas principais artérias que conduzem do acampamento em Mina para Jamarat, onde os peregrinos realizam o ritual de "apedrejamento do diabo", atirando pedras em três grandes pilares.
A segurança durante o Hajj é uma questão politicamente sensível para a dinastia Al Saud, que controla a Arábia Saudita e se apresenta internacionalmente como guardiã do Islã ortodoxo e responsável por seus locais mais sagrados em Meca e Medina.
O governo gastou bilhões de dólares na modernização e expansão da infraestrutura para o Hajj e em tecnologia de controle de multidão nos últimos anos. O último grande incidente com mortes havia ocorrido em 2006, quando pelo menos 346 peregrinos morreram em um tumulto.
Confusão
A tragédia desta quinta ocorreu perto de uma das pilastras de apedrejamento, quando várias pessoas que deixavam o local se encontraram com um grande número de peregrinos que desejavam ter acesso.
Ambulâncias
sauditas chegam com peregrinos feridos a hospital em Mina, perto de
Meca, após tumulto que deixou centenas de mortos nesta quinta-feira (24)
(Foto: Mohammed Al-Shaikh/AFP)
Os fiéis têm acesso à área das pilastras por túneis e vias elevadas e,
nos últimos anos, as autoridades realizaram obras importantes para
facilitar o deslocamento das pessoas e evitar acidentes como o desta
quinta.
saiba mais
Os esforços para melhorar a segurança em Jamarat incluíram a ampliação
dos três pilares e a construção de uma ponte de três níveis em torno
deles para aumentar a área e o número de pontos de entrada e saída para
os peregrinos que cumprem o ritual.- Começa o momento mais importante da peregrinação à Meca
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Vítimas
Segundo as autoridades, há vítimas de várias nacionalidades.
Até o momento, não foram divulgados os motivos que teriam provocado uma correria em Mina, cidade que realizou nos últimos anos obras de infraestruturas para facilitar o deslocamento dos peregrinos.
O Irã anunciou que pelo menos 90 cidadãos do país faleceram na tragédia e culpou as autoridades sauditas pelo tumulto.
"Por motivos desconhecidos, fecharam um acesso ao local, no qual os fiéis cumprem o ritual de apedrejamento de Satã", acusou o diretor da organização iraniana do Hajj, Said Ohadi.
"Foi isso que provocou esse trágico incidente", disse à televisão estatal iraniana.
O aiatolá iraniano Ali Khamenei afirmou que o governo saudita deve aceitar sua "pesada responsabilidade" no acidente e também tomar as medidas necessárias, baseadas na Justiça e no direito. Ele considerou que "medidas inadequadas e uma má gestão" de Riad causaram a tragédia.
Centenas de pessoas morreram em confusão durante a peregrinação a Meca nesta quinta-feira (24) (Foto: Reuters)
Milhares
de peregrinos seguem durante o último ritual do hajj, em Mina, do lado
de fora de Meca, nesta quinta-feira (24), antes de uma confusão que
matou centenas de pessoas no local (Foto: Ahmad Masood/Reuters)
Outras tragédiasO último grande acidente durante o hajj aconteceu em 2006, quando pelo menos 346 peregrinos foram mortos enquanto participavam da cerimônia de apedrejamento do diabo.
Nesta quinta, primeiro dia da festa do Adha, os peregrinos iniciaram um ritual de apedrejamento de satanás, no vale de Mina, região oeste da Arábia Saudita.
O ritual consiste no ato de lançar sete pedras no primeiro dia do Eid al-Adha contra uma grande pilastra que representa satanás, e 21 pedras no dia seguinte contra três grandes pilastras (grande, média e pequena).
No dia 11 de setembro, quase duas semanas antes do início da peregrinação à Meca, uma grua desabou na Grande Mesquita e matou 109 pessoas.
Milhares
de peregrinos seguem para jogar pedras em um pilar que simboliza Satã
durante o último ritual do hajj, em Mina, do lado de fora de Meca, nesta
quinta-feira (24), antes de uma confusão que matou centenas de pessoas
no local (Foto: Mosa'ab Elshamy/AP)
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