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9.08.2015

Grana lá fora pode voltar

Governo editará MP sobre repatriação de recursos não declarados, diz líder

Informação foi dada nesta terça pelo líder do governo, Delcídio do Amaral.
Texto substituirá projeto de lei que tramita atualmente no Senado.

Laís Alegretti Do G1, em Brasília
Senador Delcídio Amaral (PT-MS) concede entrevista coletiva (Foto: Laís Agretti/G1) 
Senador Delcídio Amaral (PT-MS) concede entrevista coletiva (Foto: Laís Agretti/G1)
O líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), informou nesta terça-feira (8) que o governo federal editará uma Medida Provisória para permitir a repatriação de dinheiro de brasileiros no exterior não declarados à Receita Federal. Na prática, a proposta irá substituir um texto que já tramita no Senado e prevê essa possibilidade.

“Optamos, por razões de Estado, por apresentar Medida Provisória para tramitar mais rapidamente na Câmara e no Senado", afirmou o líder nesta terça.

Delcídio, que é relator do projeto de lei que trata sobre o mesmo assunto, acredita que a proposta pode trazer de R$ 30 bilhões até R$ 100 bilhões de arrecadação extra para os cofres públicos, sem criar um novo imposto.

O projeto sobre a repatriação que tramita no Senado chegou a ser debatido no primeiro semestre deste ano, mas teve sua votação adiada para o segundo semestre. Ainda em julho, os senadores chegaram a aprovar a urgência do texto, o que dá preferência ao projeto sobre outras matérias da pauta do plenário.
Nas últimas semanas, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou a anunciar que o projeto seria apreciado pelos senadores, mas, apesar de estar na ordem do dia, não foi colocado em votação.
O projeto que existe hoje no Senado, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), prevê que quem desejar repatriar seus recursos terá de pagar um percentual de 35% sobre o valor, sendo 17,5% de multa e 17,5% de imposto de renda. O governo defende essa proposta porque, se aprovada, pode ajudar a aumentar a arrecadação e a reequilibrar as contas públicas.
Pressão
Randolfe criticou nesta terça a decisão do governo de enviar um novo texto sobre o assunto e disse que essa é uma forma de ceder às pressões do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já criticou a proposta de repatriação.

"Não considero aceitável ceder às pressões do presidente da Câmara. Qualquer caminho que for adotado agora já desviou o curso primeiro", declarou.
Delcídio rebateu a fala de Randolfe e disse que o governo não cedeu. "Essa é a dinâmica", afirmou. Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual o governo decidiu só agora enviar uma Medida Provisória, considerando que o projeto já vem sendo discutido há alguns meses, o líder do governo falou da importância do projeto.
"O governo entende que esse é o projeto de maior relevância em termos de arrecadação, principalmente porque temos aí uma situação fiscal que exige entrada de dinheiro novo. Não é imposto novo, portanto é injeção na veia. É uma das formas mais rápidas de colocar dinheiro no Tesouro", defendeu.
Delcídio disse que o Ministério do Planejamento e a Casa Civil estão discutindo o texto e que ainda não há data para publicação da MP.
O líder do governo esclareceu que as questões "de caráter criminal" não podem ser incluídas em texto de medida provisória e que, por isso, essa parte do projeto pode ser enviada pelo Executivo por meio de um projeto de lei. Há uma preocupação de que recursos obtidos de forma ilegal não sejam contemplados no texto que prevê a possibilidade de regularização de dinheiro no exterior.

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