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10.16.2015

Ministro do STF autoriza abertura de novo inquérito contra Cunha


MÁRCIO FALCÃO
Relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Teori Zavascki autorizou na noite desta quinta-feira (15) a abertura de inquérito para investigar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e familiares por suspeita de que recursos desviados da Petrobras abasteceram contas deles no exterior.
Teori atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Além do deputado, serão alvos de investigação a mulher do deputado, a jornalista Claudia Cruz, e sua filha, Danielle Cunha, que seria dependente de uma das contas em um banco suíço. Eles serão investigados por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A nova investigação é motivada por um dossiê entregue pelo Ministério Público da Suíça à Procuradoria-Geral da República indicando que dinheiro de propina paga para viabilizar um negócio com a Petrobras na África em 2011 alimentou contas secretas atribuídas ao peemedebista e a sua mulher.
Ao revelar o caminho do dinheiro pelas contas de Cunha, os documentos mostram que da conta em nome da mulher do deputado saíram recursos para o pagamento de despesas pessoais no valor total de US$ 1,09 milhão (o equivalente a R$ 4,1 milhões) em sete anos, incluindo faturas de dois cartões de crédito e uma famosa academia de tênis na Flórida (EUA).
Segundo os investigadores, parte do dinheiro movimentado por Cunha tem como origem um contrato de US$ 34,5 milhões assinado pela Petrobras para a compra de um campo de exploração de petróleo em Benin, na África.
De acordo com os documentos, o empresário João Augusto Henriques, lobista que viabilizou o negócio no Benin, repassou 1,3 milhão de francos suíços (R$ 5,1 milhões) a uma das contas atribuídas a Cunha, entre 30 de maio e 23 de junho de 2011.
Os depósitos foram feitos três meses após a Petrobras fechar o negócio na África. A Suíça encontrou quatro contas associadas a Cunha e sua mulher. Os documentos indicam entradas de R$ 31,2 milhões e saídas de R$ 15,8 milhões, entre 2007 e 2015, em valores corrigidos.
Os depósitos e retiradas foram feitos em dólares, francos suíços e euros. As informações enviadas pela Suíça mostram uma intensa circulação de dinheiro entre as quatro contas, não sendo possível calcular quanto do dinheiro movimentado foi gasto.
O Ministério Público da Suíça chegou a bloquear 2,469 milhões de francos suíços (R$ 9,6 milhões) de Cunha e da mulher, sendo 2,3 milhões de francos suíços do deputado (R$ 9 milhões). 

OUTRA INVESTIGAÇÃO
Cunha já é alvo de um inquérito que investiga suas ligações com os desvios da Petrobras. Janot ofereceu denuncia contra Cunha sob a suspeita de que ele cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo sido beneficiado com US$ 5 milhões em propina.
A acusação do lobista Julio Camargo é de que o peemedebista recebeu dinheiro de recursos desviados de contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras. 

OUTRO LADO
Cunha voltou a se recusar a comentar em detalhes as acusações, afirmando que seus advogados vão se pronunciar no devido tempo. "Prefiro que tenha as coisas às claras. Não vejo como nenhum problema, vejo como solução", afirmou, se referindo à possibilidade de que os documentos venham a público.
O peemedebista vem afirmando que as investigações são políticas, com vazamentos que teriam o intuito de desmoralizá-lo.
"Quinta-feira já o dia normal que tem alguma coisa divulgada em relação a mim, então toda quinta eu espero alguma coisa."
Mais cedo, Cunha havia dito que apresentaria sua defesa apenas quando notificado pelo Conselho de Ética sobre o processo que pede a cassação do seu mandato, protocolado na terça (13) pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade.

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