Filme do cineasta Miguel Faria Jr. chega hoje(25-nov.) aos cinemas
Rio - Chico Buarque pode até ter fama de reservado
e avesso a entrevistas, mas o cineasta Miguel Faria Jr. garante que o
cantor é superaberto. A conclusão veio não só dos muitos anos de amizade
com o compositor, mas também do tempo que conviveu com ele para
concluir o documentário ‘Chico — Artista Brasileiro’, com estreia
marcada para amanhã nos cinemas. Isso porque o compositor abre as portas
do apartamento, no Leblon, e fala não só da carreira artística, mas de
assuntos mais íntimos, como a forma que encontrou para se aproximar do
pai na juventude ou do empenho a lembrar as notas de uma música no
violão para fazer um dueto com a neta.
“Ele sabia que eu não ia fazer um filme de fofocas e vida
pessoal, nem uma entrevista jornalística”, defende o diretor. Mesmo
assim, usando dez canções como fio condutor do filme, não havia como só
se falar de música. “Queria entender o processo de ser um artista
popular que atravessou tantas transformações do Brasil ao longo da
carreira”, explica Miguel.
A mesma ideia já tinha sido posta em prática
em 2005, com o documentário ‘Vinicius’. “Vinicius de Moraes foi um cara
que nasceu em 1913 e parou de trabalhar quando o Chico estava
despontando”, comenta o diretor, que emenda: “Ele fez muito sucesso, mas
levou muita porrada também. Foi muito marcado e machucado”, completa,
referindo-se à censura que enfrentou na ditadura.
Filho do historiador
Sérgio Buarque de Holanda, o compositor conta que a forma que encontrou
para se aproximar do pai foi mergulhar na biblioteca que ele cultivava
em casa. “Lia um livro e depois conversávamos sobre”, diz ele a Miguel
no longa. Foi assim que ganhou essa definição de Tom Jobim: “O cara fala
bem italiano, francês, inglês, sabe compor, cantar... Sabe tudo. Por
isso, dou umas músicas a ele de vez em quando. Mas só de vez em quando,
para não atrapalhar o menino”. Aliás, o tom bem-humorado do longa não está presente só no depoimento do maestro, retirado de uma antiga entrevista. “O Chico é do tipo que vai contar uma história e, quando acha graça dela, ri tanto que mal consegue chegar ao fim”, diz Miguel. Mas para o cineasta, a parte mais marcante das filmagens foi ter acompanhado Chico em sua busca pela identidade de um irmão desconhecido na Alemanha e o registrar em sua câmera ao dizer: “Me contaram que o meu irmão gostava da versão alemã da minha música ‘A Banda’. Olha isso! Então, quer dizer que ele me conheceu de certa forma”.
Um gênio. Documentário histórico.
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