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11.23.2015

Como controlar efeito sanfona pós-bariátrica

Cerca de 15% dos pacientes submetidos à cirurgia para redução de estômago voltam a engordar

O Dia
Rio - O Brasil já é o segundo país no mundo que mais realiza cirurgias bariátricas, com 80 mil registros por ano, e fica atrás apenas dos Estados Unidos. Também conhecida como cirurgia de redução do estômago, ela costuma dar importantes resultados na perda de peso e na qualidade de vida dos pacientes. No entanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) alerta que cerca de 10% a 15% dos pacientes ganham peso acima do aceitável e 5% recuperam novamente todos os quilos perdidos com o auxílio da cirurgia.
Fernanda perdeu 50 quilos e já ganhou 15: 'Descontei toda a minha ansiedade na má alimentação'
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação
O principal estudo científico sobre os resultados da cirurgia bariátrica em longo prazo, realizado na Suécia, o Swedish Obese Study (SOS), mostrou que cinco anos depois, metade dos pacientes operados ganham 20% do peso perdido e, após 10 anos da cirurgia, apenas um terço dos pacientes mantêm o peso perdido nos primeiros dois anos.
“A obesidade é uma doença crônica. Ela tem controle, mas não tem cura. Se a pessoa faz a cirurgia, emagrece, mas não consegue manter o controle da alimentação e dos exercícios físicos e volta a ter a vida de antes, a obesidade vai voltar”, afirma o presidente da SBCBM, Josemberg Campos.
O fator psicológico conta muito. É o que explica Vanesca Medeiros, psicóloga especialista em compulsão e tratamento de obesidade, que também passou pela cirurgia bariátrica há 12 anos. “O paciente fica muito empolgado com a perda de peso, mas depois ele começa a relaxar e aí vem a compulsão e ele acaba descontando na comida”, disse Vanesca, que sofre com a obesidade desde a infância.
Aos 28 anos e com 145 quilos decidiu fazer a bariátrica e emagreceu 50 quilos. “Tive dois momentos de ganho de peso e emagreci novamente. Minha experiência ajuda muito os meus pacientes. Sempre digo: recomece agora tudo aquilo que lhe foi ensinado no momento em que você estava sendo preparado para a cirurgia”, ressalta.
A jornalista Fernanda Galvão é operada há oito anos e há um ano voltou a ganhar peso. “Cheguei a ganhar 15 quilos porque parei com o tratamento psicoterápico. Descontei toda a minha ansiedade na má alimentação.” Para reverter o ‘efeito-sanfona’, ela reforçou a dieta e voltou a praticar exercícios físicos e a fazer tratamento psicoterápico.
Aparelho bucal ajuda a reduzir peso
Novas técnicas surgiram para atender pacientes que já passaram pela cirurgia bariátrica, mas que não conseguem perder peso. É o caso do tratamento com gás de argônio, que atua fechando a anastomose do estômago e reduzindo ainda mais o espaço de passagem dos alimentos, aumentando a sensação de saciedade.
Aparelhos bucais restritivos também ajudam na perda de peso. O Dioral, desenvolvido pela Odontologia Cambraia com sucesso em Minas Gerais, chega agora ao Rio de Janeiro. De acordo com a dentista Ilvelane Cambraia, o resultado pode ser comparado ao do balão intragástrico.
“Ele atua no mecanismo da saciedade alimentar, que é diretamente ligado ao tempo que o indivíduo leva para ingerir o alimento”, explica.
O dispositivo é fixo aos dentes, restringindo o espaço livre bucal e obrigando o paciente a prolongar o tempo de mastigação. O Dioral deve ser usado por um período mínimo de seis meses, tempo necessário para sedimentar os novos hábitos alimentares. O método é indicado para maiores de 18 anos.
Reportagem de Aline Cavalcante

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